Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Woody Allen ganha US$ 5 mi por uso indevido de imagem

O cineasta Woody Allen e o magnata Dov Charney, fundador e presidente da grife americana American Apparel, colocaram um ponto final, nesta segunda-feira (18/5), a um processo sobre uso indevido de imagem, em uma corte de Nova York. Sob o acordo extrajudicial, Allen irá receber US$ 5 milhões em danos – metade da quantia pedida por ele – por uso não autorizado de sua imagem em uma campanha publicitária da American Apparel, realizada no ano passado, noticia Ed Pilkington [The Guardian, 18/5/09]. Com isso, ambos não terão que passar por julgamento no tribunal.


Allen se recusa a participar de campanhas publicitárias e fez reclamações sobre o uso de sua foto em outdoors em Los Angeles e Nova York, que o mostravam vestido como judeu hassídico, com o logo da American Apparel e as palavras ‘rebe [título dado a rabinos] sagrado’ em hebraico. Em sua defesa, Charney alegou que os outdoors ficaram expostos durante uma semana, em poucas ruas de Nova York e Los Angeles. Ele insistiu que não tinha ambições comerciais, e queria apenas fazer um comentário social sobre as semelhanças no modo como ele e Allen são tratados pela mídia.


Polêmicas sexuais


Allen e Charney já se viram em meio a polêmicas de natureza sexual. No caso do cineasta, ele envolveu-se em uma longa disputa com sua ex-mulher, Mia Farrow, depois de ter se relacionado com a filha adotiva dela, Soon-Yi Previn. Já Charney foi processado diversas vezes por ex-funcionários por acusações de assédio sexual – nenhuma delas comprovada.


Em declaração, Charney alegou ser irônico se ver na situação de explicar a Allen o significado da brincadeira por trás do anúncio. Ao fazer alusão ao filme Noivo neurótico, noiva nervosa, do qual a imagem foi retirada, ele diz que teve a intenção de falar sobre os escândalos na mídia. A cena específica do longa mostra Allen no papel de Alvy Singer, em um jantar oferecido pela família não-judia de Annie Hall, interpretada por Diane Keaton. O personagem se sente tão desconfortável à mesa que se imagina como um judeu hassídico. Charney quis usar a idéia da personificação do desconforto como metáfora para o que ele e sua empresa estavam passando no momento das ações de assédio sexual. ‘Os outdoors foram colocados para inspirar o diálogo. Eles não tinham a intenção de vender roupas’, defendeu-se.