(Foto: beauty_of_nature/Pixabay)
A polarização política é um fenômeno crescente nas democracias contemporâneas, onde visões divergentes se tornam cada vez mais extremas. Nesse cenário, o papel da imprensa se torna vital, não apenas para informar, mas também para promover o diálogo e a compreensão mútua. A demanda por fontes de informação neutras e confiáveis é mais crítica do que nunca, uma vez que a desinformação e o viés relatado por algumas mídias podem intensificar a divisão entre grupos políticos e sociais.
Estudos recentes, como os do Reuters Institute (2023), mostram que a confiança dos cidadãos nas fontes de notícias está em declínio, especialmente em períodos eleitorais ou de crises políticas. 51% dos entrevistados em 2023 afirmaram que acreditam que as notícias frequentemente refletem um viés. Nesse contexto, o ambiente para a atividade jornalística e a produção de informações se torna cada vez mais desafiador. O relatório anual da ONG Repórteres Sem Fronteiras revela que 546 jornalistas foram presos em todo o mundo em 2023, um novo recorde. Essa realidade destaca a importância da liberdade de imprensa como um pré-requisito fundamental para a manutenção de sistemas democráticos e para o exercício efetivo das liberdades políticas.
O Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa de 2024, também elaborado pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF), registra uma queda significativa, especialmente no que diz respeito ao indicador político. A RSF observa que um número crescente de governos e autoridades políticas falha em garantir as condições necessárias para o exercício do jornalismo, resultando em uma deterioração do apoio e respeito à autonomia dos meios de comunicação. Essa falta de responsabilização está frequentemente relacionada ao questionamento da função dos jornalistas e à instrumentalização dos meios para campanhas de assédio e desinformação.
Fortalecer a independência dos meios de comunicação é essencial para assegurar o direito do público à informação confiável, independente e plural. A imprensa tem o potencial de atuar como uma ponte entre diferentes perspectivas, promovendo compreensão e mediação em um ambiente cada vez mais polarizado. Jornais e plataformas jornalísticas podem adotar abordagens que priorizem a imparcialidade, oferecendo aos leitores um amplo espectro de opiniões e análises sobre temas controversos. O jornalismo investigativo e análises rigorosas, que não se restringem a uma única narrativa, são fundamentais para combater a desinformação e a manipulação.
A adaptação das redações ao ambiente digital também é um caminho crucial na luta contra a polarização. O uso de tecnologias, como algoritmos de recomendação imparciais, e estratégias de engajamento que incentivem debates construtivos pode criar um ecossistema informativo mais inclusivo. A colaboração entre plataformas e organizações é fundamental para promover a diversidade de opiniões enquanto se mantém a objetividade. Incluir vozes de diferentes origens e ideologias enriquece o discurso público e permite que narrativas marginalizadas sejam ouvidas. Dessa forma, a imprensa combate preconceitos, proporcionando um espaço para o diálogo respeitoso entre perspectivas diversas.
Em suma, a importância de uma imprensa independente e neutra em tempos de polarização política é inegável. Ao reafirmar seus compromissos com a objetividade e a precisão, as organizações de notícias podem informar e ajudar a construir pontes entre cidadãos em lados opostos do espectro político. Assim, ao fomentar a empatia e o entendimento mútuo, a imprensa se estabelece como um agente fundamental para a coesão social e a saúde democrática em um mundo cada vez mais dividido.
Fontes consultadas:
REUTERS INSTITUTE. Digital News Report 2023. [online] Disponível em: https://www.reutersinstitute.org. Acesso em: Acesso em: 10 abr. 2025
REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS. Relatório Anual 2023. [online] Disponível em: https://rsf.org. Acesso em: 10 abr. 2025
REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS. Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa 2024. [online] Disponível em: https://rsf.org. Acesso em: 10 abr. 2025
INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO. Diversidade na Mídia e Seus Impactos Sociais. [S.l.]: Instituto de Comunicação, 2022. Disponível em: https://institutodecomunicacao.org/artigos/diversidade-na-midia. Acesso em: 12 abr. 2025.
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Thiago Zschornack é pós-doutorando em Engenharia do Conhecimento/Open Innovation (UFSC), PhD em Engenharia e Gestão do Conhecimento (UFSC), mestre em Saúde e Meio Ambiente (UNIVILLE/PPGSMA), MBA em Gestão e Transformação Digital (USP), MBA Executivo em Gerenciamento de Projetos (UGF), especializações em Gestão Financeira (FGV), Gestão da Qualidade (PUCPR), Engenharia de Suprimentos (IST). É bacharel em Engenharia de Produção (Un. C. Maringá), Administração (CNEC), Sistemas de Informação (UDESC), Ciências Contábeis (UNISUL). É conselheiro do Núcleo Catarinense de CCQ, conselheiro do SENAC-Jlle, conselheiro do COL – Clube de Oratória e Liderança de Joinville, presidente do Instituto Viva Cidade – IVC e gerente de Riscos, Conformidade e Inovação da CAJ. É consultor ad hoc (FAPESC), Lucra Mais (SEBRAE), Integrar (ABRH)… É avaliador do CIki/ICKM (International Conference on Knowledge Management), KM Brasil, PCE, PCIM, PNQS e outros. É mentor dos programas Inovativa (SEBRAE), Catalisa (Certi), Febrace (USP), Semear, Joule, Conexthon, entre outros. Atua no ensino superior há 15 anos.