Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

No Brasil, fibra óptica ainda é limitada

As redes de fibra óptica, que permitem o tráfego de informações em alta velocidade, estão instaladas em cerca de 40% dos municípios brasileiros. A maior parte da estrutura está concentrada na região Sudeste, informou o presidente da Furukawa, Foad Shaikhzadeh, ontem, em São Paulo, durante seminário da Telcomp, associação que reúne operadoras de todos os portes que atuam no país.

Segundo Shaikhzadeh, as limitações de investimento provocadas pela alta carga tributária e inseguranças no marco regulatório de telecomunicações fazem com que as empresas não invistam em fibra e aproveitem ao máximo as estruturas de fios de cobre já instaladas. “Apenas 20% das antenas de telefonia móvel no país [as ERBs] estão conectadas por fibra, o que limita a oferta de velocidade das operadoras aos seus clientes”, afirmou o executivo.

De acordo com Shaikhzadeh, o Brasil registrou 246 mil assinantes de serviço de internet em banda larga por fibra óptica, o FTTH, que oferece velocidades de até 200 megabits por segundo (Mbps) no primeiro semestre. O número é mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, mas ainda representa uma base muito pequena em comparação com outros países da América Latina.

A maior rede de serviços em fibra óptica do país é a da Telefônica, que cobre 1,2 milhão de domicílios, disse o executivo. O número de assinantes, no entanto, é de apenas 10% desse total, bem abaixo do necessário para sustentar o investimento. Segundo Shaikhzadeh, seria necessário alcançar uma faixa de 15% a 17%.

Melhor, mas com problemas

Apesar dessa situação, o executivo disse que o cenário é promissor, principalmente por conta dos investimentos de pequenas operadoras regionais. Segundo ele, o país tem cerca de 6 mil companhias com esse perfil, sendo que a maioria presta serviços de transmissão de dados sem fio por tecnologia de rádio. “A migração delas para a fibra gera oportunidades’, disse.

Na receita que a Furukawa prevê para este ano, de R$ 500 milhões, 10% virá de pequenos provedores. A expectativa é que o número cresça nos próximos anos. A companhia, que fabrica fibras e cabos, lançou recentemente um sistema de comércio eletrônico para facilitar a compra de produtos por empresas de menor porte.

Segundo João Moura, presidente da Telcomp, entre as 38 empresas associadas, a fibra é a tecnologia mais usada. Uma delas, a Avvio, construiu mais de quatro mil quilômetros de redes nos últimos quatro anos. Segundo Maximiliano Martinhão, secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, está em negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a inclusão da venda de fibra óptica na linha de financiamento com juros subsidiados do Finame, para aquisição de máquinas e equipamentos produzidos no Brasil. De acordo com Martinhão, é possível que a medida entre em vigor até o fim do ano.

As condições de competição no mercado de telecomunicações foi um dos temas centrais do seminário da Telcomp. Segundo Divino Sebastião de Souza, diretor-presidente da Algar, de Minas Gerais, o mercado melhorou muito nos últimos com as medidas adotadas recentemente pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas ainda existem muitos problemas. “Pagamos muito caro pelo roaming e temos problemas com o Plano Geral de Metas de Competição (PGMC)”, afirmou o executivo.

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Gustavo Brigatto, do Valor Econômico