Quase mil pessoas que se inscreveram para tentar o ingresso no curso de jornalismo da Universidade Federal do Pará no próximo ano tiveram a desagradável e constrangera surpresa de saber que não haverá mais processo seletivo para esse curso. A punição foi imposta pelo Ministério de Educação neste mês.
O curso, que já era ruim em 2009, quando foi avaliado (ficou com nota abaixo de 2 num valor máximo possível de 5), piorou ainda mais nos três anos seguintes. Ficou com a pior nota dentre os sete cursos do ensino superior que tiveram seu vestibular (na expressão antiga) suspenso pelo MEC no Pará.
Alguns cursos ainda poderão pedir revisão para realizarem seu processo seletivo já em 2014. Mesmo com nota menor do que 2, melhoraram na avaliação de 2012. Mas o curso de jornalismo da UFPA não terá essa oportunidade. Na melhor das hipóteses, poderá realizar novo vestibular só em 2015. Mas é a sua própria existência que está em causa.
Deterioração acelerada
Depois de um ano fechado, o curso ainda atrairá interessados, ao menos em número que justifique o seu funcionamento? Os alunos que o cursam não serão profundamente desestimulados? Será possível recuperar a imagem do curso, que ficou muito abaixo do que é mantido em Santarém por uma faculdade privada, a FIT?
Certamente comunicação social não é prioridade para a direção da UFPA. Os problemas são antigos: desídia na instalação dos equipamentos necessários, desinteresse de professores que dão poucas aulas (durante anos alguns foram apenas um nome na lista do corpo docente), orientação equivocada sobre a formação dos alunos e outras questões mais.
A deterioração contínua e acelerada no intervalo entre as duas avaliações do MEC, no mandato da atual direção da universidade, é prova de que ninguém se preocupou seriamente com as consequências do que aconteceu para o lado mais fraco de sempre, o dos alunos. E para o vexame que isso significa.
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Lúcio Flávio Pinto é jornalista, editor do Jornal Pessoal (Belém, PA)