Em muitos países, usar uma câmera ou tomar notas pode te causar problemas. Não se espera que isso aconteça em Nova York. Ainda assim, enquanto a polícia removia os manifestantes do movimento Ocupe Wall Street do Parque Zuccotti, no sul de Manhattan, em 15 de novembro, jornalistas foram ameaçados e presos. Muitos foram impedidos pela polícia de documentar o que aconteceu naquela noite.
O comissário de polícia Raymond Kelly deveria examinar como os policiais ignoraram as diretrizes do departamento de como lidar com a imprensa, que proibem interferência na atividade jornalística. Em uma carta na segunda-feira (21/11) para Paul Browne, sub-comissário de polícia, o New York Times e outras 12 organizações de mídia afirmaram que a polícia foi “mais hostil com a imprensa” que cobria os protestos do que “em qualquer outro evento na memória recente”.
Antes de remover as barracas e outras estruturas do Parque Zuccotti, por exemplo, um representante da polícia pediu aos jornalistas presentes por suas credenciais de imprensa. Repórteres e fotógrafos não precisam de credenciais em áreas públicas. Os passes têm o intuito de dar a eles maior acesso, mas aqueles que admitiram tê-los foram levados a uma área cercada a quarteirões de distância da ação policial.
Em outro local mais perto do parque, a polícia carregava um manifestante coberto de sangue quando um fotógrafo apontou sua câmera. Quando dois policiais viram a câmera, proibiram a passagem do fotógrafo, gritando que ele não podia tirar fotos, ainda que estivesse na calçada.
A carta da imprensa diz que treinamento extra “poderia ter ajudado a evitar as diversas ações inapropriadas, senão inconstitucionais”, tomadas pelos policiais. Um bom jeito de começar seria uma revisão das reformas e estratégias instituídas pelo comissário de polícia Howard Safir em 1999.
Aquele programa determinava claramente que, a não ser sob “circunstâncias excepcionais”, aqueles com credenciais de imprensa não serão restritos a áreas de imprensa, e que “sob nenhuma circunstância a imprensa deveria receber menos acesso do que o público em geral”. Chegou a hora do comissário Kelly fazer um esforço maior para fazer valer o próprio código do departamento.