Em entrevista publicada segunda-feira (15/2) no site do jornal espanhol El Mundo, Arianna Huffington pontificou: ‘O réquiem para os jornais foi prematuro. Muitos jornais souberam se adaptar com mais ou menos êxito ao novo contexto informativo. Creio firmemente que o futuro do jornalismo será híbrido’. Não é por outra razão que alguns dos melhores jornais do mundo – New York Times, El País e Le Monde, por exemplo – desde há muito vivenciam sinergias positivas a partir da integração de suas redações de web com as de papel.
E de onde saiu uma declaração tão peremptória? Veio da dona do Huffington Post, um sítio que começou como blog em 2005, transformou-se em portal e hoje é um sucesso de crítica e de público no jornalismo online americano. Com quase 10 milhões de visitantes únicos por mês, tem na web uma audiência mais parruda que os tradicionais Washington Post e Los Angeles Times, mas perde para o New York Times. De todo modo, assim como o jornalão nova-iorquino, fechou 2009 com lucro – o que é bom sinal para as operações jornalísticas em geral e na web, em particular.
Muito chão
Disse Arianna em sua entrevista ao diário espanhol: ‘Em que pesem as más notícias sobre o jornalismo impresso, o certo é que vivemos em uma idade de ouro da informação’.
Ela entendeu o que muitos executivos de empresas de mídia – sobretudo nos jornais impressos – teimam em não admitir: o bom jornalismo também dá dinheiro. E o jornalismo, que necessariamente é um trabalho de equipe, para incrementar a qualidade e fazer a diferença nesse ambiente de Babel informativa, precisa e exige um fluxo sustentável de investimentos. E, óbvio, isso só é possível em operações lucrativas.
No ambiente multimídia da internet, os jornais brasileiros parecem ainda tatear e seus movimentos tímidos pouco avançaram para superar a pura transposição das edições em papel para a web. De outra parte, uma iniciativa inovadora como a do jornal eletrônico Último Segundo, que recém-completou dez anos, simplesmente nega a interatividade com o leitor e fecha sua área de comentários. Isso mostra que ainda há muito chão a percorrer. E que há muito o que aprender com Arianna Huffington.