Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Americano é viciado em petróleo; brasileiro, em álcool

Veja demorou a descobrir a excelência brasileira na produção de energia alternativa (álcool) e no desenvolvimento de carros bicombustíveis. Antes dela, Época, IstoÉ, CartaCapital, entre outras, já haviam dedicado reportagens de capa ao tema.

Mas Veja deu sorte: sua matéria especial (com chamada de capa ‘Enfim livres’ e título interno ‘A dupla conquista’, edição 1941, de 1/2/2006) saiu horas antes de George W. Bush tachar os americanos de ‘Marias Gasolina’’. Mais ainda: o alerta de Bush sobre o ‘vício do petróleo’’ rendeu elogios ao programa do álcool brasileiro em editorial do New York Times e reportagem do Wall Street Journal.

Também o jornal britânico The Times, em matéria publicada na quinta-feira (2/2), destacou o uso de álcool combustível e a tecnologia flex-fuel do Brasil. Com o título ‘Quem precisa de petróleo se carros andam com cana-de-açúcar’, o jornal diz que o Brasil é exemplo a ser seguido pelas potências mundiais pela utilização em larga escala de etanol, que reduziu a dependência de petróleo. ‘Se o presidente Bush precisa de um exemplo de como o etanol pode ajudar a reduzir a dependência das exportações de petróleo, ele não precisa procurar além do Brasil’’, afirma.

Ou seja, os brasileiros estão se viciando em álcool. Não em caipirinha, mas em etanol à base de cana-de-açúcar, como mostra o sucesso dos carros flex. Desde 1975, início do Proálcool, o etanol permitiu ao Brasil substituir a importação de 1,15 bilhão de barris de petróleo.

O maior poluidor

George Bush só repetiu o que o Alan Greenspan vem dizendo há vários anos. O ex-presidente do Federal Reserve, que pendurou as chuteiras semana passada, há muito tempo propõe aos EUA o desenvolvimento de novas fontes energéticas.

Com 200 milhões de automóveis, a frota norte-americana queima 11% da produção mundial de petróleo. Adotar motores mais econômicos seria uma atitude recomendável não apenas para o bolso dos americanos, mas principalmente à saúde.

O planeta já sente os danos provocados pelo aumento da atividade industrial e principalmente pelo uso intensivo de combustíveis fósseis. O aquecimento da terra é uma das conseqüências mais graves.

Na semana retrasada, aliás, foi divulgado um estudo realizado pela Universidade de Oxford. Ele mostra que as emissões de gases do efeito-estufa podem fazer as temperaturas globais sofrerem um aumento de até 11 graus Celsius.

David Stainforth, coordenador do estudo, diz que os níveis crescentes de gases do efeito-estufa na atmosfera podem ter um impacto muito maior do que se imaginava no clima. As novas estimativas são baseadas na premissa de que o nível de dióxido de carbono na atmosfera irá dobrar até meados deste século (em relação ao existente antes da Revolução Industrial) se não houver uma redução significativa das emissões.

Na tentativa de reduzir as emissões de gases poluentes responsáveis pelo efeito-estufa, 141 países assinaram o Protocolo de Kyoto. Entre 2008 e 2012, os signatários do acordo têm como meta reduzir a emissão de gases como dióxido de carbono em 5,2 % em relação aos níveis de 1990. Maior poluidor do planeta, viciados em petróleo, os EUA não assinaram o acordo.

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Editor do AgroPauta