Quem faz rádio sabe dos seus problemas, tem acompanhado toda a situação em que o mesmo se encontra e certamente gostaria que a mudança ocorresse para o bem de todos aqueles que estão envolvidos no processo de comunicação radiofônica. O rádio precisa mudar e precisa corrigir erros que vêm sendo praticados, mas isto só será possível se houver respeito e ética na ação dos que fazem o rádio e através de uma boa relação dos comunicadores com seus ouvintes, entendendo claramente o que estes querem do rádio e qual a comunicação que satisfaz os interesses dos que ouvem rádio – que certamente são usuários e consumidores com direitos em relação à comunicação e seu processo. No meio rádio é preciso que a interatividade seja incentivada e a troca de idéias seja um processo permanente com união dos ouvintes com os que emitem sua comunicação. Sabemos que é preciso incentivar a visão crítica sobre o rádio e iniciar seu processo de redenção aqui e agora.
Não entendemos o porquê de tanta passividade dos profissionais de rádio diante das mudanças que prejudicam grande parte dos que fazem o rádio com geração de desemprego, com redução da programação local, com migração de profissionais do rádio para outras mídias e com a geração de um processo comunicativo que geralmente se traduz num processo de audiência que não reflete a realidade e o papel verdadeiro do rádio. Não achamos que os radialistas precisem utilizar de termos chulos, nem brincadeiras de mau gosto para ganhar audiência, pois a comunicação radiofônica precisa ser ética, verdadeira e pautada numa lógica de respeito mútuo entre os que fazem a comunicação e os que a recebem.
Dignidade, respeito e cidadania
Os radialistas precisam entender a nobreza de sua profissão e acreditar no que fazem cobrando dos supostos proprietários de rádio o reconhecimento e valorização dos profissionais de rádio, questionando as mudanças que prejudiquem sua categoria. O processo organizativo dos radialistas deve ser incentivado com maior representação da categoria e mais trabalho de conscientização dos trabalhadores da comunicação cobrando salários dignos e condições verdadeiras na relação trabalhista que muitas vezes é descaracterizada no processo de arrendamento que acaba dando incertezas aos que fazem rádio e muitas vezes colocam na comunicação radiofônica aqueles que podem pagar o horário e dizer o que querem.
É urgente que os radialistas acreditem na possibilidade de fazer o bom rádio com informação, ética, cidadania e, principalmente, respeito aos usuários da comunicação (os ouvintes) acatando sugestões, aceitando críticas e respeitando opiniões dos mesmos em termos da qualidade dos programas e buscando firmemente o processo de educação aos ouvintes em termos de conhecer a importância do rádio, valorizando seu papel e entendendo claramente as finalidades do rádio que não são apenas ao entretenimento, mas, sobretudo, a informação e a geração de idéias para o bem da população como um todo. O rádio precisa ser acreditado pelos radialistas que devem refazer seus programas produzindo – os de forma eficiente e entendendo o verdadeiro papel da informação radiofônica para a melhoria da sociedade.
O grande apelo que hoje se faz aos radialistas é que procurem urgentemente defender o rádio e garantir aos colegas emprego, cidadania e dignidade na profissão para o bem de todos indistintamente. É importante também que cada radialista procure escutar a opinião pública sobre o rádio, sobre os programas e sobre a comunicação de maneira geral, o que facilitará o processo de cidadania na comunicação e geração de uma vida melhor para todos a partir dos conteúdos de seus programas que tem de ser afinados com os interesses da população e ser elemento ativo na construção de um mundo melhor e recheado de dignidade, respeito e cidadania ativa.
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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE