Dois jornalistas foram atacados esta semana no Cáucaso Norte, ampliando o receio pela segurança de profissionais de imprensa que atuam na Rússia. Segundo a polícia, é bastante provável que os ataques tenham ligação com o trabalho dos jornalistas.
Na cidade de Makhachkala, o repórter de TV islâmico Telman Alishaev morreu no hospital, na manhã desta quarta-feira (3/9), um dia após ser baleado por dois homens quando entrava em seu carro. Alishaev, que apresentava um programa religioso, havia produzido documentários e escrito extensivamente sobre o movimento islâmico Wahhabismo, muito adotado na Arábia Saudita.
Já Miloslav Bitokov, editor do jornal de oposição Gazeta Yuga, foi agredido por três pessoas, uma delas mascarada, na frente de sua casa, na cidade de Nalchik. Ele foi hospitalizado com ferimentos no crânio. Colegas de Bitokov afirmaram que o jornalista havia sido ameaçado por publicar artigos críticos às autoridades locais.
As repúblicas do Daguestão e de Kabardino-Balkaria, onde ocorreram os ataques, são próximas à conturbada Chechênia. Organizações em defesa dos direitos humanos afirmam que, nos últimos anos, as autoridades de ambas as regiões aumentaram a pressão sobre grupos de oposição e veículos de mídia independentes. Muçulmanos que praticam a religião fora das mesquitas oficiais também se tornaram alvos.
Execução
Neste último fim de semana (31/8), Magomed Yevloyev, que dirigia um sítio de oposição em Ingushetia, outra região do Cáucaso, foi detido pela polícia quando saía de um avião, morto e jogado em uma rodovia. Na segunda-feira (1/9), centenas de pessoas se reuniram em uma passeata para protestar a morte de Yevloyev, no que acabou se tornando uma manifestação contrária ao governo. Autoridades afirmam que o jornalista foi atingido acidentalmente por um tiro, ainda no carro da polícia, depois de tentar roubar a arma de um policial.
A Rússia é considerada um dos países mais perigosos para a atividade jornalística. Pelo menos 12 repórteres foram assassinados na última década, incluindo Anna Politkovskaya, cujo caso virou símbolo da falta de liberdade na região. Anna, uma das mais conhecidas jornalistas investigativas da Rússia, foi executada a tiros dentro de seu prédio, em Moscou, em 2006, após reportar casos de abusos e tortura na Chechênia. Com informações da Associated Press [3/9/08].