O governo Lula aprovou 110 emissoras educativas (29 TVs e 81 rádios). Uma em cada três rádios foi parar nas mãos de políticos, informou Elvira Lobato ontem na Folha. Em seus oito anos no Planalto, FHC autorizou 239 rádios e 118 TVs educativas – muitas entregues para deputados federais. Os números podem ser piores.
Os congressistas escondem essas empresas em nomes de familiares ou de assessores.
A promiscuidade entre políticos e comunicação é uma das formas mais explícitas do atraso institucional brasileiro. Também é uma das evidências da similitude entre os governos FHC e Lula.
Como a população em sua maioria toma conhecimento das notícias por meio da TV e do rádio, dificilmente esse assunto ganha corpo. O problema existe há décadas, mas trata-se de tema quase secreto para grande parte dos eleitores.
Quem já viajou pelo interior do Brasil conhece o flagelo dos meios de comunicação locais. Jornais são do prefeito ou do deputado, assim como as TVs e as rádios. Em geral, vivem de verbas publicitárias públicas, tanto das prefeituras como dos governos estaduais.
Antes de tomar posse, Lula e o PT criticavam o uso de dinheiro público com publicidade. Uma vez no Planalto, o petista passou a gastar em comerciais o mesmo tanto que seu antecessor tucano.
O recorde de Lula foi em 2004, com R$ 940 milhões torrados em propaganda. FHC teve seu pico em 2001, com R$ 936 milhões. Iguais no gasto publicitário, sabe-se agora que Lula e FHC também se assemelham na sanha distributiva de rádios e TVs. Em outubro, se o eleitor ficar mesmo na escolha entre PT e PSDB terá uma certeza: não importa quem vença, a política promíscua na área de comunicação continuará inalterada.