No dia 20 de fevereiro, durante as orações de sexta-feira, foi feita uma violenta campanha contra a imprensa independente em diversas mesquitas na Argélia. Em várias cidades, líderes religiosos islâmicos utilizaram seus sermões para incitar a violência contra a imprensa. Na capital Argel, um desses sermões foi transmitido ao vivo pela ENTV, única emissora de televisão estatal do país.
Os jornalistas foram acusados de apresentar um comportamento hostil contra o Islã e de ser uma fonte de conflito para o país. Segundo o jornal El Watan, num dos sermões o líder religioso disse que ‘a imprensa quer destruir aquele que veio para construir’, em referência ao presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, que tem sofrido sérios ataques por parte dos maiores jornais do país. Este discurso levou o CALP (Centro Argelino de Defesa da Liberdade de Imprensa) a crer que a campanha foi uma iniciativa do próprio governo, já que é ele quem controla as mesquitas.
Os sermões trouxeram de volta à memória o difícil período no começo da década de 90, quando jornalistas eram o principal alvo de ameaças de morte feitas em mesquitas controladas por grupos extremistas islâmicos. Estes ataques levaram ao assassinato de aproximadamente 100 jornalistas. Com informações da International Freedom of Expression Exchange [24/2/04].