Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cinegrafista sueco assassinado em Mogadício

O cinegrafista sueco Martin Adler foi assassinado com um tiro à queima-roupa nas costas, na sexta-feira (23/6), quando filmava uma manifestação em Mogadício, capital da Somália, informa Salad Duhul [Associated Press, 23/6/06]. O criminoso não foi identificado.

No local, um grupo de pessoas comemorava o acordo de paz com o governo interino apoiado pela ONU, que controla o norte do país, e a então União de Cortes Islâmicas (que, no sábado, mudou de nome para Conselho Conservador de Cortes Islâmicas), que controla Mogadício e a maior parte do sudeste da Somália. As duas partes ainda devem se encontrar em julho para discutir pontos pendentes do acordo. Os manifestantes também protestavam contra uma suposta interferência da Etiópia em assuntos internos da Somália e tentavam queimar uma bandeira etíope.

Imprensa é alvo

Há mais de uma década sem governo central, Mogadício está entre as cidades mais perigosas do mundo. Em fevereiro do ano passado, um homem não identificado matou com um tiro à queima-roupa a produtora da BBC Kate Peyton. Vários jornalistas estrangeiros passaram a ser apedrejados ao cobrir manifestações depois que surgiram boatos de que a CIA patrocinava os chamados ‘senhores de guerra’ para capturar membros da al-Qaeda. No entanto, o Conselho alega que a capital está relativamente calma desde que os ‘senhores de guerra’ foram retirados da cidade no começo do mês.

O assassinado de Adler foi condenado pelo vice-ministro da Informação da Somália, Salad Ali Jeelle, que pediu que o caso seja investigado. O presidente do Conselho, Sheikh Sharif Sheikh Ahmed, ordenou que fosse encontrado quem ‘está por trás deste ato criminoso’.

Correspondente premiado

Adler recebeu diversos prêmios internacionais, dentre eles o Amnesty International Media Award, em 2001, o prêmio de prata por jornalismo investigativo no Festival de Filme de Nova York, também em 2001, e o Rory Peck Award for Hard News, em 2004.

Ele havia trabalhado em diversas zonas de guerra, como Iraque, Afeganistão, Bósnia, Ruanda, Congo e Serra Leoa e, além de ser funcionário da emissora de TV sueca Canal 4, atuou como freelancer nos últimos dez anos para o maior jornal da Suécia, o Aftonbladet. ‘Adler tinha uma enorme experiência como correspondente de guerra. Ele queria cobrir lugares com os quais ninguém se importava’, afirmou Olof Brundin, porta-voz do Aftonbladet.