‘‘Sex and the City’, o seriado que se popularizou ao dar voz às perguntas mais angustiantes da alma feminina, chegou ao fim sem procurar dar uma resposta definitiva. Mas não desapontou as fãs que torciam para que Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) tivesse um final feliz.
Com 45 minutos, em vez dos habituais 30, o último episódio, que foi ao ar nos EUA no domingo passado (no Brasil deverá ir ao ar ainda neste ano, no canal Multishow), começa com Carrie, em Paris. Depois de engatar um relacionamento com o artista plástico russo Aleksandr Petrovsky (Mikhail Baryshnikov), Carrie abandona o emprego como colunista, deixa o trio de amigas para trás e comete a maior das heresias: troca Nova York pela capital francesa.
No entanto, o que parecia ser um conto de fadas vira um pesadelo. Absorvido pelo seu trabalho, Petrovsky se mostra egoísta, Carrie é hostilizada pelos franceses, luta para se comunicar com um francês balbuciante e passa todo o tempo vagando sozinha pelas ruas de Paris. E o pior: perde o colar que tem seu nome gravado. O acessório, marca registrada da personagem, virou uma febre entre as nova-iorquinas.
Enquanto isso, em Nova York, suas amigas também tentam se adaptar às novas vidas. Charlotte (Kristin Davis) continua casada com o advogado Harry. Com dificuldades para engravidar, o casal decide adotar um bebê. Após problemas com propostas de adoção, aguardam uma filha chinesa.
Samantha (Kim Cattrall) luta contra um câncer de mama e contra os efeitos colaterais da quimioterapia, que a obriga a usar perucas, ao lado de Smith, o jovem namorado. Já Miranda (Cynthia Nixon) vira uma mãe modelo. A ‘workaholic’ muda com o marido e o filho de Manhattan para uma casa no Brooklyn.
Agora, Carrie. Ela fica com o russo em Paris? Volta para algum dos seus ex-namorados? Casa com Mr. Big, o problemático ex-namorado? Ou fica sozinha?
Como nos grandes finais românticos, Mr. Big percebe que Carrie é o amor de sua vida e decide resgatá-la em Paris. Sim, há um grande beijo na capital parisiense, como Carrie sempre sonhou, e o casal volta para Nova York.
Felizes para sempre? Talvez. Os produtores da série, incluindo Sarah Jessica Parker, quiseram evitar dar um destino ‘cinderela’ para a personagem que se tornou ícone das mulheres do século 21.
Alguns sinais mostram, porém, que o final feliz está a caminho. Pela primeira vez em seis anos, o nome de Mr. Big é revelado.
Na memorável cena final, Carrie termina com seus verdadeiros amores: uma sacola com novos pares de sapato Manolo Blahnik e as ruas de Manhattan. O sorriso no rosto e a voz de John (Mr. Big) no celular indicam que o último episódio é apenas o começo.’
TV PÚBLICA
Esther Hamburger
‘BBC aponta saídas para o modelo estatal’, copyright Folha de S. Paulo, 25/02/04
‘Guardadas as devidas proporções, duas crises televisivas estimulam o debate sobre o papel e a estrutura da TV pública nos dias que correm. O caso da BBC pode ajudar a pensar o caso da TV Cultura.
A independência da emissora pública britânica na cobertura da participação do país na Guerra do Iraque gerou confronto com o governo de Tony Blair. Embora a justificativa oficial para a guerra nunca tenha sido provada, na ofensiva, o governo pretende enfraquecer a emissora.
A independência da BBC está inscrita na forma de financiamento e no modelo administrativo adotados. Mantida pela receita proveniente de uma taxa paga por todos os proprietários locais de aparelhos televisivos, a rede pública inglesa conta com a simpatia do público.
A emissora, inicialmente acostumada ao monopólio que o regime estatal garantia, soube se adaptar à concorrência da iniciativa privada. Sem perder a ênfase em um diferencial anti-sensacionalista, a rede leva em conta índices de audiência.
A combinação de qualidade com sensibilidade para a interlocução com o telespectador resultou em um poderoso organismo híbrido. A rede britânica expandiu suas atividades, entrou na era digital, se preocupou com novas mídias, desenvolveu a penetração de seu noticiário internacional em diversas partes do mundo, inclusive o Brasil.
O apoio da sociedade garantiu, há cerca de 20 anos, a resistência da BBC às investidas conservadoras do governo Margaret Thatcher (1979-1990). Esse mesmo apoio estará em jogo em 2006, quando o atual governo trabalhista aproveitará a revisão periódica da carta da emissora para tentar pulveriza-la.
A força da BBC atraiu a oposição oficial. A fragilidade da TV Cultura atraiu a intervenção branca do governo do Estado.
O caso inglês pode ser acompanhado através de mecanismos abertos de consulta e informação. Recomendo aos interessados uma visita ao site da BBC (www.bbc.co.uk), para um panorama impressionantemente aberto da companhia, seus organismos, dirigentes, planos e avaliações.
Já no caso da TV Cultura, se não houver uma estrutura que garanta autonomia financeira e controle da sociedade, ela nunca deixará de ser governamental. Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP’
MTV
Keila Jimenez
‘MTV produz sua novela ‘mexicana’’, copyright O Estado de S. Paulo, 25/02/04
‘A MTV quer entrar na seara das novelas. Não, a emissora musical não está assediando Gilberto Braga, muito menos quer contratar Tony Ramos. A intenção do canal jovem é produzir um folhetim em ‘homenagem’ ao estilo mexicano de contar dramalhões na TV.
Segundo o diretor de Programação da MTV, Zico Góes, o canal pretende produzir uma pequena trama – de 12 capítulos apenas – reunindo toda a espécie de clichê do gênero.
‘Iremos reunir em uma história aquelas coisas como irmãs gêmeas separadas pelo nascimento, cegos que voltam a enxergar, o rico que perde tudo e depois dá a volta por cima..’, conta Góes, rindo. ‘Não faltam clichês nem idéias para rechearmos a trama’, continua. ‘Será tudo em tom de brincadeira e acho que tem grandes chances de dar certo. Não dava para MTV querer fazer uma novela séria, se nem a gente se leva a sério.’
Para protagonizar o primeiro – e provavelmente o único – folhetim do canal musical, a MTV pensa em chamar músicos e cantores que já são a cara do canal.
‘Os atores dessa brincadeira serão os músicos que estão sempre na emissora.
Gente como o Marcelo D2, a turma do Charlie Brown. Podemos até ter a participação de um ou outro VJ’, conta Góes.
Single – Se der tudo certo, a novela da MTV deve estrear no segundo semestre deste ano, assim como um novo projeto de série do canal.
Inspirados pelo sucesso de produções como o reality show 20 e Poucos Anos – que estreou no canal em 2000 – a MTV pretende lançar uma série que mostrará o dia-a-dia de jovens solteiros.
Câmeras acompanharão por alguns dias a rotina de alguns jovens, 5 ou 6, que há muito tempo levam uma vida de solteiro. Suas bagunças, seus amigos, seus trabalhos serão filmados como em um reality show.
‘O espírito é o do 20 e Poucos Anos, mas não é o mesmo formato’, fala Góes.
‘Os jovens não precisam necessariamente se conhecerem, como acontecia no 20 e Poucos, queremos mostrar é esse universo de jovens solteiros, que vivem sozinhos, se viram sozinhos, gente interessante que tenha vida interessante.’
Os dois projetos – a novela e a série – estão em fase embrionária na emissora, mas têm grande chance de emplacar, pois já foram aprovados pela direção.’