William M. Arkin, analista militar que possui um blog para o sítio do Washington Post, publicou no mês passado um comentário no qual criticava soldados americanos que foram à rede de televisão NBC expressar seu desapontamento com os opositores à guerra. ‘É uma triste lembrança do preço que nós pagamos pela força mercenária – oops, perdão, voluntária – que pensa que está fazendo o trabalho sujo’, escreveu Arkin na ocasião. Foi o bastante para gerar uma enxurrada de críticas ao diário e a ele – mesmo a coluna tendo sido publicada apenas online.
Arkin, que se desculpou em seu blog pela ‘blasfêmia’, reconheceu em uma entrevista que ‘mercenário’ é um termo muito forte. ‘Se tudo isto foi ocasionado por uma palavra, eu não duvido que poderia ter evitado a situação se não a tivesse usado’, afirmou. Ele disse ainda que tentou ser ‘sarcástico’ e ‘iconoclasta’ e argumentou que uma força de combate profissional não pode rejeitar um sentimento público sobre como as guerras devem ser lutadas.
Perseguição
O programa do apresentador conservador Bill O´ Reilly, da Fox News, chegou a mandar um repórter seguir Arkin em um estacionamento para tentar entrevistá-lo sobre o caso. O´ Reilly afirmou que os comentários dele foram vergonhosos e que o Post e a NBC News, onde Arkin trabalha como analista, estarão ‘para sempre manchados’ pelo incidente.
Jim Brady, editor-executivo do sítio do Post, afirmou que o uso do termo ‘mercenário’ foi um erro e que foi infeliz a palavra ter passado pela edição. ‘Certamente nos desculpamos por usar a palavra no sítio’, argumentou, completando, porém, que o incidente não justificaria a demissão de Arkin. O tema também foi comentado pela ombudsman do Post, Deborah Howell, em sua última coluna. Segundo ela, as colunas publicadas no sítio deveriam passar por um processo de edição tão rigoroso quanto o que ocorre na edição impressa. Informações de Howard Kurtz [Washington Post, 12/2/07].