Claro que podemos melhorar nosso rádio, pois é fundamental que este meio de comunicação tenha qualidade nas emissões e no conteúdo passado aos ouvintes para que todos tenham a oportunidade de encontrar ali ética, utilidade pública, luta pela cidadania, visão de mundo baseada na solidariedade e informação verdadeira passada com seriedade e segurança. Os usuários do rádio devem ser respeitados e se respeitarem, evitando fazer do rádio espaço de maledicências, discussões sem fundamento e idéias desrespeitosas para com os outros indivíduos.
É fundamental que se invista no rádio para que a modernidade chegue fundamentada na verdade, na cidadania e na postura ética dos que fazem este meio e dos que o buscam. O rádio precisa se reciclar, importar modelos vitoriosos nas programações e evidenciar a programação que educa com discussões sobre política, meio ambiente, cultura, melhoria e inclusão social, justiça social e prestação de serviços, que foi sempre um dos seus carros-chefe. O rádio precisa buscar e assegurar a interatividade, dando oportunidade para os ouvintes dizerem o que pensam e possam questionar as programações com canais para que os mesmos tenham oportunidade de dizer o querem e o que pensam.
O ouvinte de rádio deve se organizar não só para ter oportunidade de falar, mas para ter sempre uma postura crítica diante das mensagens radiofônicas, lutando também para a democratização da comunicação e para melhoria da sociedade como um todo. O rádio deve sempre ser um veículo de promoção da cidadania e de luta por melhoria do padrão de vida dos povos indistintamente. O ouvinte de rádio deve ser engajado na melhoria deste meio buscando sua melhoria tanto na qualidade técnica quanto no nível das mensagens que são propagadas nas ondas de rádio.
Desenvolver produção jornalística
Os radialistas precisam lutar pela valorização da profissão e pela melhoria de suas condições de trabalho para que sua missão de emitir comunicação seja uma proposta de ação coerente e exitosa no sentido de atingir plenamente os objetivos buscados por seus ouvintes. Os radialistas precisam reconhecer o valor de seus ouvintes dentro e fora do rádio, conversando com eles para verificar o que pensam da programação e crescer junto com eles no processo de melhoria deste instrumento comunicativo. O radialista deve evitar fazer de seus programas um espetáculo de impropérios e agressões gratuitas, não se eximindo do papel de crítica e questionamento, porém sempre evitando que estas críticas se transformem em instrumentos agressivos ou de promoção particular. O radialista deve ser democrático na sua ação cotidiana para que seu trabalho seja instrumento catalisador de processos de valorização dos indivíduos e de luta por uma sociedade melhor e mais justa.
Os que têm concessões de rádio devem acreditar no instrumento que administram, fiscalizando sempre o trabalho que é desenvolvido e evitando que suas emissoras sejam utilizadas em nome da baixaria e das mensagens discriminatórias e oportunistas pelos que fazem política e se beneficiam do rádio. É urgente que estes que se autodenominam proprietários do rádio melhorem os canais de interatividade e sejam abertos ao processo de organização dos ouvintes, que sabem o que querem do rádio e devem ser valorizados em seu pensamento e ação. Os que dominam a comunicação radiofônica devem melhorar os canais comunicativos, desenvolvendo neste meio a produção jornalística, os canais de participação, a valorização dos profissionais de rádio e, sobretudo, dos usuários desta mídia comunicativa.
Sons de cidadania e justiça
Os cursos de Jornalismo precisam colocar o rádio como mídia importante e fundamental no processo comunicativo, promovendo cursos que coloquem seus alunos em contato com a realidade do rádio e com a sua importância, tanto em audiência como em proposta de retorno propagandístico. É preciso desenvolver nas faculdades de Jornalismo observação constante do rádio, pesquisa sobre os usuários, visita para conhecimento do funcionamento das emissoras e coleta constante de dados sobre o papel deste meio de comunicação na sociedade.
Os órgãos públicos devem desenvolver uma práxis de observação da qualidade de emissão, verificando a potência de transmissão, as mensagens mostradas, o nível de informação que é praticado e rever a política de concessão de emissoras, evitando sua utilização política, fato comum observado nos dias de hoje. É urgente que hajam políticas públicas adequadas no processo de comunicação para que o rádio transmita o verdadeiro interesse dos seus usuários e que suas emissões não desenvolvam processos de baixo nível, sublocação de concessões, política de sucateamento das emissoras, desvalorização dos trabalhadores no meio rádio e desrespeito ao ouvinte. É preciso criar canais urgentes de observação do rádio que se faz para que este diga a verdade, emita sons de cidadania e justiça para mudança, não só da sociedade, mas da vida de todos na certeza de um mundo melhor.
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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará