PRECONCEITO CONTRA LULA
Propostas de botequim, 19/06/06
‘Ninguém merece assistir ao velho jogo de palavras da política. Quando se pensa que as coisas nesse campo estão melhorando, pronto, chega uma enxurrada de velharias, uma leva de más condutas. Não chega a ser tão grave quanto a corrupção, mas o enfrentamento nas urnas há muito passou da fase de xingamentos. Se Lula não conseguiu conduzir aos dez milhões de empregos, a uma economia crescendo acima dos 5% ao ano, deve ser criticado por isso. Se seus opositores querem conquistar o eleitor, devem trazer propostas concretas de como conseguir isso, algo novo, diferente. Se for para ficar na tentativa de avacalhação moral de parte a parte, melhor procurar outros nomes para a presidência, tão velhos e ultrapassados quanto esse tipo de comportamento.
Não acho que com isso se deva abandonar a crítica, nem, como disse o próprio presidente, evitar o jogo rasteiro de usar as imagens das CPIs. Quem fez coisa errada deve pagar por isso, a oposição terá de reforçar sim a situação que aconteceu no Brasil. Mas partir para o papo de botequim é a estratégia menos convincente. Os Delúbios e Silvinhos, os Dirceus e Genoínos, devem ser apresentados de novo sim à curta memória do eleitor brasileiro. Mas além disso devem existir outras coisas. O Brasil corrupto deve ficar para exemplo, mas o Brasil de propostas deve aparecer. Se a campanha ficar apenas no primeiro caso, melhor não gastar o nosso tempo na TV.
Os hábitos do presidente Lula podem até ser reprováveis para uma faixa da população, mas desde o início de mandato, ou mesmo antes, nas campanhas, estavam explícitos. Lula sempre gostou de um churrasquinho, de festa, futebol e de bebida. Às vezes exagerou. Mas a exploração desses fatos por si só, reforçando um comportamento como se fosse um perfil, faz cair na vala comum qualquer pretendente. Tanto porque, no fundo, no fundo, todos têm um ponto fraco a ser explorado.
Falando assim, parece até que isso é uma defesa do presidente, mas não é. É uma defesa do eleitor, que sobre esses aspectos já conhece Lula de outros carnavais, já o viu em cenas diversas ao longo de anos. O eleitor quer, já que terá de ser governado por alguém, saber se terá emprego, se a comida chegará à mesa mais barata, se as exportações vão continuar, se a agricultura terá mais atenção, se a industrialização e as novas tecnologias serão privilegiadas, se poderá sair de casa sem medo, se nas ruas haverá mais segurança, se o modelo de ensino vai ou não passar por uma reforma definitiva e não ficar apenas nos remendos. O brasileiro está cansado de discurso, quer ação e quer algo mais duradouro. As políticas nos últimos anos têm melhorado todos esses cenários, mas ainda é tudo muito pouco diante de tantas carências. O eleitor não quer palavras, quer projetos e projetos realmente novos, grandes e revolucionários que indiquem de fato o caminho da mudança.
Até agora, nenhum dos lados mostrou isso. Até agora, a oposição ficou no velho estilo de fazer política e a situação na velha maneira de fazer inaugurações, na maioria sem expressão, e no populismo. Espera-se muito, muito mais.
(*) Também assina uma coluna no site MegaBrasil, é diretor de Comunicação da DPZ e âncora da Bandnews. Ele passou pelo Estado de S. Paulo, onde ocupou cargos como o de chefe de Reportagem e editor da Economia, secretário de Redação, editor-executivo e editor-chefe, Folha de S. Paulo, O Globo e Jornal do Brasil.’
COPA 2006
Sobre a Copa e as faculdades de jornalismo, 21/06/06
‘A imprensa está jogando bem na Copa?
Parreira acha que não, tem repetidamente criticado a megacobertura e mesmo a qualidade dos comentários. ‘Cada país tem dez, quinze jornalistas cobrindo a Copa, o Brasil tem uns 500. Acho isso um exagero’, disse o técnico da seleção canarinho. E também repetidamente tem acusado nossa imprensa de apresentar um quadro equivocado da situação do time. ‘O time está ganhando, cumprindo tudo o que planejamos, mas a imprensa está mostrando outra coisa’ – esse parece ser o resumo do pensamento não só de Parreira mas de toda a Comissão Técnica.
Mas a verdade é que toda a imprensa esportiva mundial vem exibindo o mesmo tom de decepção realmente predominante em nossos jornais, televisões e rádios. Parreira teve amplo apoio e autoridade durante toda a fase preparatória, tempo mais do que suficiente para escolher a melhor seleção possível, dispõe do conjunto de jogadores reconhecido como o mais brilhante já reunido no mundo, é o maior ganhador de dinheiro (salário + publicidade e Promoções) entre todos os técnicos presentes à decisão da Copa na Alemanha – não é justo que a imprensa seja implacável na cobrança de resultados?
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As faculdades estão ensinando bem?
Aluna de uma faculdade de jornalismo do Nordeste enviou-me e-mail (adiante os trechos mais significativos) pedindo conselhos sobre o quê fazer diante da desesperança quase ao final do curso. É um depoimento dramático que certamente poderia ser repetido por milhares de outros estudantes de todo o país. E acho que todos – muito especialmente os profissionais de comunicação – devem refletir sobre o assunto.
‘Este período particularmente me desanimou muito. Em conversa com outros colegas percebi que não é uma postura isolada minha, estive a ponto de desistir. Tentei fazer o possível para ajudar a melhorar a faculdade, mas, na maioria das vezes, tudo depende de muita burocracia e nada de efetivo é feito.
São problemas relacionados a maus professores, alunos que são passados de um período a outro sem a capacitação devida, um nível de exigência muito baixo em se tratando de um curso de nível superior, problemas com infra-estrutura, poucas palestras, pouco incentivo às produções acadêmicas dos alunos, a não-existência de um jornal realmente feito pelos alunos com o apoio da instituição, a inexistência de produções telejornalísticas e radiojornalísticas, a falta de apoio da instituíção às pesquisas e, em consequência disso tudo, o nosso currículo completamente desvalorizado no mercado de trabalho.
Não quero parecer individualista, mas quero seguir carreira, tenho sonhos, quero um dia ser reconhecida pelo meu trabalho, mas infelizmente não vejo que futuro vou ter numa faculdade que praticamente doa diplomas. A quantidade de alunos só interessados no canudinho ao final dos quatro anos é enorme. Mas esse não é o meu caso!
Já fui a melhor aluna de Comunicação Social da faculdade, meu coeficiente de rendimento foi ótimo, mas não acho que deva isso a minha inteligência. Devo isso a uma faculdade que não suga tudo o que pode do aluno. Devo isso a uma faculdade que, para mim, está sendo indiferente. Estou me sentindo estagnada desde que entrei nesta faculdade.’
(*) Milton Coelho da Graça, 75, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistasRealidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’
Antonio Brasil
Mais besteiras, exageros e nostalgia, 19/06/06
‘O Febeaco, Festival de Besteiras que Assola a Copa na TV, cresceu ainda mais esta semana. Virou um verdadeiro ‘tsunami’ de tantas bobagens televisivas. A destacar, a advertência do apresentador de Big Brother, o Pedro Bial à seleção brasileira no Fantástico deste último domingo: ‘Nós bem que podíamos perder a soberba!’
Quanta sabedoria! Acho que ele se referia à seleção. Mas a mesmíssima advertência também deveria se aplicar a cobertura da emissora ‘excrusiva’.
Nesta segunda, no jogo da Suíça contra Togo, tivemos que ouvir mais essas pérolas da soberba jornalística ou antropológica:
‘Só a Copa do Mundo coloca um povo tão civilizado como o povo suíço ao lado de um povo tão pouco civilizado como o povo de Togo’.
Mas não ficou por aí. O festival de besteiras não conhece limites ou fronteiras e prossegue:
– ‘Noronha, digamos que a torcida de Togo ganhe no quesito alegoria’.
– ‘O povo de Togo é um povo que se enfeita muito.’
Deve ser mesmo muito difícil ser obrigado a falar o tempo todo e não dizer tantas bobagens, principalmente em jogo entre a Suíça e Togo numa segunda-feira de manhã com exclusividade para todo o país.
Exageros jornalísticos
Mas nem tudo são besteiras na TV. Apesar dos erros e da tradicional teimosia, pelo menos tenho alguma coisa para concordar com o treinador da seleção, Carlos Alberto Parreira.
Logo após o jogo com a Croácia, perguntado no Jornal da Band se ele tinha alguma reclamação da imprensa, ele foi categórico: ‘É um exagero. São mais de 500 jornalistas cobrindo a seleção todos os dias e perguntando sempre as mesmas coisas. Acho um exagero’.
O Parreira deve estar sentindo na pele essa estratégia de cobertura de saturação com muita torcida, bobagens e pouquíssimas notícias relevantes sobre a Copa do Mundo na Alemanha.
Mas aqui entre nós, ele está errado em relação ao número de jornalistas que cobrem a nossa seleção. O exagero é muito maior. Segundo informações da Fifa, mais de 1000 jornalistas cobriram somente o primeiro treino da seleção em Koenigstein.
O aumento do número de jornalistas cobrindo a primeira fase do Brasil na Copa da Alemanha é significativo. Já é o mesmo número registrado na cobertura da semifinal entre Brasil e Turquia, na Copa de 2002.
Mas os exageros da cobertura do Brasil na Copa não se limitam aos treinos. Seguem pelas ruas e pelos estádios. Na partida do Brasil com a Croácia, apesar da capacidade máxima da tribuna de imprensa do estádio Olímpico de Berlim ser de 650 profissionais, cerca de 765 jornalistas, entre repórteres e fotógrafos tiveram que ficar lista de espera. É recorde para jogos desta primeira fase. Para se ter uma avaliação do exagero dessa fila, o jogo do time da casa, a Alemanha contra a Polônia teve apenas 224 jornalistas na lista de espera.
Deve ser uma combinação de paixão exagerada pelo futebol, falta do que fazer ou crise de desemprego – muitos dos jornalistas na Alemanha são ‘autônomos’, meio turistas ou oportunistas. Esta semana, segundo noticiário das agências internacionais, um grupo de italianos munidos de câmera e se passando por jornalistas aproveitavam as comemorações da Copa para agarrar diversas torcedoras desacompanhadas. Os pseudo jornalistas foram surpreendidos e presos pela polícia alemã. Talvez essa notícia também explique o número exagerado de jornalistas acompanhando a Copa na Alemanha.
Arqueologia da TV
Agora se você, assim como eu, sente uma certa nostalgia do passado, não está satisfeito com a atual seleção brasileira e ainda mais com a cobertura da Copa na TV, queria recomendar a leitura de dois ótimos livros.
O primeiro tem um título saudosista, porém muito apropriado: ‘O mundo acabou’ do jornalista Alberto Villas pela Editora Globo. Trata-se de uma coletânea de memórias, uma arqueologia de curiosidades meio inúteis ou fúteis, porém muito importantes para tantos brasileiros criados em frente à televisão, a geração dos anos 50.
Sem nenhuma ‘soberba’, com um texto simples e com muitas ilustrações, bem no estilo da época, Alberto Villas resgata e explica importantes ícones de uma época como o indiozinho da TV, o elefantinho da Shell, as gotinhas da Esso, o Topo Gigio e até mesmo a Zebrinha do Fantástico. O autor também aproveita para recordar o sumiço de problemas técnicos – graças a Deus – como o constante ajuste do vertical da TV. Só quem viveu esse horror é que sabe e reconhece.
‘O mundo acabou’ também destaca programas clássicos da TV como o Repórter Esso, Vigilante Rodoviário, Papai sabe-tudo, Roy Rogers ou meras curiosidades como Agarre o que puder, Histórias Maravilhosas Bendix com Shirley Temple ou publicações de referência como a revista Intervalo. Foi um ótima leitura. Pena que acabou.
João Saldanha e as copas
Outra recomendação é para os saudosistas de futebol e da primeira cobertura de Copa do Mundo na TV. Trata-se do relançamento das crônicas do mestre dos mestres, o grande técnico da seleção brasileira, o jornalista João Saldanha. Com o título ‘Vida que segue, João Saldanha e as copas de 66 e 70’, o livro deveria ser leitura obrigatória, principalmente para quem reconhece o mesmo clima de favoritismo desproporcional ao futebol apresentado e os mesmos erros cometidos na Copa de 66 na Inglaterra. Naquela ocasião, também tínhamos um punhado de grandes jogadores, chegamos como campeões do mundo e saímos rapidamente pela porta dos fundos. As críticas e comentários do velho João Saldanha são mais do que relevantes. São fundamentais.
O livro também nos serve como alerta sobre a soberba e as ‘armações’ das equipes européias para garantir sempre a Copa para os donos da casa. Em 1966, a Inglaterra ganhou de qualquer maneira, no apito, em casa, sua única Copa do Mundo. França e Alemanha também venceram suas respectivas copas. Ou seja, o único verdadeiro favorito em Copa do Mundo é o time da casa. Ainda mais se for europeu.
Mas querem um exemplo do estilo do João Saldanha, apresentador de programa de TV inesquecível, Na Zona do Agrião? Aqui ele defende o futebol brasileiro e responde a uma crítica de jornalistas alemães – logo quem – sobre a violência no Brasil: ‘O futebol não é o ópio do povo. No Brasil, é paixão, é arte popular… E em 469 anos de História nós matamos menos gente do que vocês em dez minutos de campos de concentração’.
O livro é excelente. Leitura recomendada e imprescindível para as novas gerações que não tiveram o privilégio de conhecer o João sem medo. Principalmente nesta época de tantas bobagens e besteiras da copa na TV.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Saudade de Noriega, 22/06/06
‘São longos estes caminhos,/esta rota
de emigrantes/sentindo o cortar do
vento/pela noite e todo o dia
(Celso Japiassu in O Itinerário dos Emigrantes)
Saudade de Noriega
Quanto mais escuta os narradores da Copa, mais Janistraquis sente saudade de Luiz Noriega, aquele dos melhores tempos da TV Cultura de São Paulo, quando esta iluminava sua grade de programação com excelente cobertura esportiva:
‘Considerado, não é que o Galvão Bueno disse que a Inglaterra ‘assustou’ diante da Suécia, naquele jogão de terça-feira passada? Tenho a impressão de que se ele fizer alguma compra e não receber a mercadoria, mandará ‘assustar’ o cheque…’.
Verdade. Volta, Noriega, volta!
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Desperdício premiado
Ocorreu congestionamento brabo no endereço eletrônico da coluna, pois todos os leitores queriam apontar ao mesmo tempo a sensacional pisada na bola deste site, o qual estampou, em título sob a rubrica Carreira:
Eletrobrás premia jornalistas por apoio ao desperdício de energia
Janistraquis não acusou o golpe:
‘É isso aí, considerado, é isso aí, embora eu não tenha notado qualquer problema com o título; afinal, num país como o nosso é perfeitamente natural uma empresa distribuir prêmios a quem apoiar o desperdício dalguma coisa…’
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Marcenaria inteira
O considerado Camilo Viana, diretor da sucursal desta coluna em Minas Gerais, que não é vesgo mas consegue manter um olho no pré-jogo da Copa e o outro na TV Senado, despacha de Belo Horizonte:
Acaba de discursar hoje (19 de junho, às 15h30) o chatíssimo Gilvan Borges, senador pelo Amapá, tecendo loas a projeto de sua autoria que proíbe a OAB de realizar os ‘provões ‘ para verificar se os bacharéis que saem às fornadas por aí têm mesmo condições de portar a carteirada, perdão, a carteirinha da entidade.
Acha o excelência – devido ao cabelo e barba espessos não consegui ver o tamanho das orelhas – que tais provas prejudicam o país e, se as facurdades de Direito são licenciadas pelo MEC, isso as torna legais e competentes para formar um advogado.
O interessante é ver o conspícuo Gilvan Borges defender as ‘maiorias’ – recorde-se que no último provão realizado em São Paulo foram reprovados 96% dos candidatos à carteira na OAB…
É deveras espantoso, porém Janistraquis acha que Gilvan, tido e havido como o ‘cérebro’ do clã dos Borges, ainda situa-se muito abaixo dos demais caras-de-pau deste país de m…
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Mundo pequeno
O considerado Roldão Simas Filho, diretor da sucursal desta coluna no Planalto, de cujas janelas abertas para a safadeza foi possível escutar o vozeirão de ACM a chamar Lula de ladrão, pois nosso Mestre anda intrigadíssimo com o Correio Braziliense:
Para o jornal, o MUNDO está encolhendo. Hoje, mais uma vez, só deu uma mísera página.
Para Janistraquis, ó Roldão, o mundo está mesmo encolhido e confinado nos estádios alemães onde rola a Copa do Mundo…
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Lugar perigoso
A considerada Mônica Farias, de São Paulo, exumou o seguinte texto que jazia no site do Jornal de Notícias, de Portugal:
Na nota ‘Protestos pelo centro de saúde’, o texto descreve que ‘Mais de duas centenas de pessoas manifestaram-se ontem à noite, à porta do Centro de Saúde de Penacova, contra o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (…)’.
Por prudência, em caso de gripe ou unha encravada quando em visita por terras portuguesas, é melhor não passar nem na frente do centro de saúde dessa cidade agourenta. Entra paciente, sai defunto.
A notícia está na home page do jornal:
http://jn.sapo.pt/2006/06/19/centro/protestos_pelo_centro_saude.html
Janistraquis, que planejava visitar Felipão justamente em Penacova, já desistiu do temerário intento.
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Inteligência
Deu na coluna do Claudio Humberto:
A Associação judaica Scholem Aleichem, do Rio, protesta contra a ‘coleção grotesca de caricaturas’ da novela ‘Belíssima’, da Globo. Para a Asa, não só os judeus ‘são estereotipados e pejorativos’: o grego e o turco também.
Janistraquis deu o maiooooorrr apoio:
‘Considerado, os próprios judeus adoram fazer piada deles mesmos mas somente os muito inteligentes protestam quando são caricaturados numa novela da TV.’
Certíssimo.
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Que notícia!!!
Janistraquis lia o excelente Boletim do Consumidor (aqui) quando deparou com esta que, em sua abalizada opinião, é a mais espetacular notícia de todos os tempos e só ficou longe da abertura da coluna para evitarmos a perseguição dos politicamente corretos:
Cerveja pode combater o câncer de próstata
Um estudo realizado nos EUA pode soar bem para muitos homens. Há indícios de que um ingrediente encontrado na cerveja ajude a prevenir o câncer de próstata. O problema é que, para aproveitar os benefícios da descoberta, é necessário beber 17 cervejas por dia.
Pesquisadores da Universidade do Oregon disseram que o composto xanthohumolm, encontrado no lúpulo, inibe uma proteína que age nas células da superfície da próstata. Essa proteína pode causar vários tipos de câncer, incluindo o de próstata.
O chefe da Coalizão Nacional contra o Câncer de Próstata, Dr. Richard N. Atkins, disse que os experimentos são encorajadores e ‘talvez os homens possam tomar pílulas com o composto em breve’. Atkins alertou que 17 cervejas por dia podem levar ao alcoolismo e à cirrose.
Janistraquis empreendeu desabalada carreira até o bar de Geraldo Bernardo e nos trouxe as primeiras 34 cervejas de todo santo dia, como diz outro e mais famoso amante da lourinha suada…
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Fratura exposta
O considerado José Truda Júnior, aquele que deixou o doutor Pitanguy a falar sozinho em Angra dos Reis, pois Truda navegava numa dessas manhãs por um de seus portais preferidos, o Globo Online, à procura do futebol que a Seleção Brasileira apresentou na Copa das Confederações, quando encontrou um jovem de origem etíope gravemente ferido por supostos radicais alemães:
A notícia da agência Reuters dava conta de que o rapaz fora ‘levado ao hospital com uma suspeita de fratura exposta, após uma briga entre dois grupos de jovens em Schoenenfeld, subúrbio da capital alemã’. É certo que os manuais de redação e estilo sejam unânimes em recomendar o uso de suposições e suspeições quando não se tem certeza da realidade dos fatos. Mas não dá para entender como se pode ter suspeita de uma fratura exposta, não é mesmo?
Do alto de sua experiência como auxiliar de médico-legista no necrotério municipal, Janistraquis garante que já viu de tudo nesta vida severina, ó Truda; até encontrou um defunteado que chegara a esta triste condição por ‘suspeita de envenenamento’.
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Bom de bola
Carta do leitor Marcelo Bönecker à Folha de S. Paulo:
Avisem o Ronaldo, ‘o nenê da dona Sônia’, que a grande maioria dos trabalhadores brasileiros vive sob pressão diária em seus locais de trabalho e recebe um salário infinitamente menor que o do craque.
Janistraquis concorda com Bönecker:
‘É verdade, considerado; embora ganhem pouco, todos os trabalhadores brasileiros batem um bolão, como o craque Ronaldo, e também suportam a pressão da torcida que lhes cobra mais eficiência na linha de produção…’
É. E nem por isso os operários do Brasil morrem de inveja do ‘nenê de dona Sônia’, né mesmo?
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Eleições
Depois de exaustivo exame da conjuntura política, Janistraquis chegou à seguinte conclusão:
‘Considerado, petista que tem boa cabeça (existem!!!) não votará no Analfabeto, mas em Cristóvão Buarque e Heloísa Helena, pois estes, ao contrário daquele, merecem confiança.’
É bem pensado.
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Nota dez
O Mestre Sérgio Augusto, botafoguense ilustre, escreveu este artigo no caderno Aliás, do Estadão, antes do nosso jogo contra a Austrália, porém o texto também é perfeito para esta véspera das oitavas-de-final. Ronaldo, que Janistraquis passou a chamar de Fenônimo, ganha corpo nestas linhas que honram as letras e louvam o talento nacional. Leia a íntegra no Blogstraquis.
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Errei, sim!
‘TEXTO PINEL – Do Correio Londrinense (Londrina, Paraná), de 29 de abril de 1992, com o óbvio e condenável intuito de enlouquecer o leitor: ‘Na sexta-feira, a contagem foi feita das 12 às 18 horas; hoje (dia 27), das 6 às 12 e amanhã (23), será das 18 às 24 horas’. A matéria termina informando que a conclusão deverá ficar pronta na sexta-feira mas, infelizmente, omite o dia. Janistraquis comentou: ‘É uma pena não darem a informação; seria, então, o caos!’ (agosto de 1992)’
WEBJORNALISMO
Mil centavos sobre a largura de 1024 pixels, 20/06/06
‘O jornalista e professor de Tecnologia em Webdesign, Frederick van Amstel, já conversou conosco em agosto de 2003 sobre a parte gráfica dos jornais online. Um dos principais nomes da usabilidade no país, van Amstel, que edita o site Usabilidoido – grande referência em português sobre o assunto -, fala agora sobre o que parece ser uma tendência entre layouts de portais de informação: desenhos de páginas baseados na resolução de 1024×768 pixels.
Em um bate-papo textual via Google Talk, o curitibano de 23 anos tirou minhas dúvidas sobre a questão e me deu não só dois centavos, mas mil, apontando que 1024 pixels não é necessariamente sinônimo de vanguarda.
Jornalismo Online – São quase três anos desde a nossa primeira conversa para o Comunique-se, não é isso? Acho que foi em agosto de 2003. Como estão seus projetos atualmente? O que está aprontando? 🙂
Fred – Naquela época, eu nem tinha me formado ainda em Jornalismo. Agora já estou fazendo mestrado.
Jornalismo Online – Que bacana! É mestrado em quê?
Fred – Mestrado em Tecnologia, na UTFPR. Estou pesquisando Design de Interação, um assunto que tem tudo a ver com Comunicação. Descobri um nicho que estava fazendo falta no ramo de tecnologia. O papel de mediação.
Jornalismo Online – Seria algo entre conteúdo e tecnologia?
Fred – Exatamente. Hoje vivemos rodeados de uma miríade de artefatos tecnológicos, cada um com uma função, mas, mais do que isso, cada um com um significado, uma mensagem particular que diz respeito a nossa própria vida. Os artefatos conversam conosco e nós conversamos através deles. Interação entre pessoas como um beijo e abraço, que só aconteciam face-a-face, agora acontecem a quilômetros de distância, através de aplicações sociais. O problema é que o pessoal que cria essa tecnologia não está consciente disso e das implicações que isso tem para seu trabalho.
Jornalismo Online – Uma cultura que está sendo cada vez mais abraçada pelas pessoas e cada vez mais explorada pelos anúncios das operadoras de telefonia.
Fred – É aí que entra o papel do comunicador, ou melhor, comunicólogo. De mostrar como a tecnologia está mudando a forma como as pessoas interagem entre si e como é possível permitir que novas interações aconteçam.
Jornalismo Online – Papel bem interessante, diga-se de passagem. Antes, não faz muito tempo, o comunicólogo fazia uma mera ponte, apresentando os usuários às tecnologias. Agora, parece que a coisa se aprofundou mais.
Fred – O comunicólogo precisa pousar a visão crítica sobre a nova mídia, da mesma forma que faz com a mídia tradicional há décadas.
Jornalismo Online – E o Usabilidoido, como vai? Planos para o site? Fora isso, tem planos pra lançar alguma obra e ficar mais famoso? 😉
Fred – O Usabilidoido vai de vento em popa, além de ter me ajudado a entrar no Mestrado, a captar clientes e fazer bons contatos profissionais, agora a renda vinda dos anúncios do Google já representa uma parte considerável da minha renda pessoal. O Usabilidoido é uma espécie de rascunho público de um livro que estou escrevendo sobre Design de Interação, sem previsão de data de lançamento.
Jornalismo Online – Opa! Boa notícia (risos). Quando tiver quase lá me dá um toque. Mas é o seguinte… Decidi te chamar para conversar sobre algo que está se tornando tendência, a tal da largura de sites baseada em resoluções de 1024×768 pixels. Preciso conhecer os possíveis prós e contras do ponto de vista de alguém especializado em interfaces e layouts. O diário espanhol El Mundo lançou há cerca de duas semanas seu novo layout e frisou a nova largura como um dos pontos principais. O New York Times fez o mesmo esse ano. Aqui no Brasil, temos a Folha como um jornal que apostou também nesse layout. O que você acha disso?
Fred – Se grandes players estão mudando a resolução é porque possuem um bom motivo para fazê-lo, como por exemplo, estatísticas que sustentem que a grande maioria dos seus leitores já está usando a resolução escolhida. Entretanto, o que me chama atenção não é o tamanho da tela que estão usando, mas o que estão colocando dentro dessa tela. Se os portais passam a exigir maior resolução do usuário, e obrigam-no a comprar um monitor maior ou trabalhar com letras menores, eles tem que oferecer um bom benefício por isso. Infelizmente, ao invés de aproveitar o aumento de espaço para diminuir a densidade informacional, ou seja, espalhar e agrupar melhor as informações, a maioria dos portais que adotaram a nova resolução estão aumentando ainda mais a densidade informacional de suas páginas iniciais.
Jornalismo Online – Você disse outro dia por email que realmente é uma tendência, mas que estão aproveitando para entupir mais ainda de informação a home, em vez de dar um respiro para o leitor. Como você acha que um espaço maior pode ser mais bem aproveitado?
Fred – O espaço pode ser mais bem aproveitado se ele não for usado desnecessariamente. Dessa forma, o leitor terá apenas as informações mais relevantes disponíveis. Já trabalhei no design de um portal de notícias que insistia em colocar tudo o que produzia na home, com grandes chamadas e fotos. O que acontecia é que as pessoas não passavam da home, ficavam contentes só vendo aquele ‘geralzão’. Interessante é que o público eram jornalistas. E eles faziam isso provavelmente porque tem de acompanhar vários portais diariamente. Então quanto menos clicar, menos ler, quanto mais resumido estiver, melhor.
Hoje, as pessoas normais estão ficando assim também, sentem cada vez mais pressão para acompanhar diferentes fontes. Quando os portais perceberem que o que cativa o leitor não é quantidade, mas sim qualidade, então teremos novamente um bom aproveitamento das páginas iniciais.
Jornalismo Online – A CNN.com, que é um veículo que abraça várias formas de transmissão de informação (weblogs, RSS, podcasts, vídeos, além do noticiário convencional) costuma destacar todos eles na home. É esse tipo de ação que você acha que pode sufocar o leitor ou é possível dar um bom destaque a cada um desses formatos sem que tudo se torne uma coisa desagradável?
Fred – Eles partem do princípio de que a home deve dar uma visão geral dos serviços que o portal oferece, mas nem todos os usuários esperam isso da home de um portal de notícias. As pessoas normais, que demoram a aderir a novas tecnologias como RSS, podcasts etc., esperam da home um porto seguro, um lugar familiar onde elas possam voltar sempre e ler uma notícia. As novas tecnologias devem ser apresentadas a essas pessoas também, mas com cautela. No caso da CNN, creio que eles estejam empurrando demais e isso pode incomodar os mais conservadores.
Jornalismo Online – Realmente, é impressionante a naturalidade com que inúmeros blogs e sites já tratam assuntos como podcasting e RSS. Mas, por exemplo, eu e você sabemos que RSS veio para adicionar, para melhorar nossas vidas. Essa espécie de pressão exercida por sites como a CNN.com não poderia ser benéfica de alguma forma?
Fred – É benéfica para a CNN, que diversifica sua mídia e cria relacionamento mais duradouro com o leitor (RSS é uma espécie de assinatura). Para o leitor, esses recursos são úteis, mas tem um custo. É preciso primeiro aprender como lidar com um programa leitor de RSS ou um MP3 player. O problema é que, se ele não estiver interessado nisso, ele não tem como se livrar deles. Isso é um paradoxo, já que tais tecnologias estão entrando no mercado com o argumento de que vieram para dar mais liberdade de escolha.
Jornalismo Online – Voltando às larguras, aqui no Brasil, existem muitos veículos que continuam com a resolução de 800×600 pixels. Muitos jornais online oriundos de impressos (como O Globo, O Dia, o Estadão, o Zero Hora) e demais sites de informação como Blue Bus, Comunique-se e Webinsider ainda apostam na resolução menor. Acha que o cenário mudará? Qual seu parecer sobre a quantidade de grandes sites nacionais que não redesenhou para 1024?
Fred – Não se pode dizer que sites que usam 1024 estão na vanguarda e os que ainda usam 640 estão obsoletos. Essa é uma decisão que depende do público-alvo do website (se eles possuem o aparato necessário para suportar a resolução maior) e também da própria linha editorial do jornal. O Blue Bus, por exemplo, perderia a graça se perdesse a simplicidade de sua página inicial. Entretanto, os portais que preferem socar um monte de informação numa lingüiça de 800 pixels de largura estão perdendo a oportunidade de deixar suas páginas iniciais mais leves. Como a maioria dos portais prefere esta última estratégia, então a tendência é vermos cada vez mais sites exigindo resolução de 1024px.
Jornalismo Online – A Folha é um exemplo de diário virtual brasileiro que apostou na largura baseada na resolução de 1024. O que lhe parece a homepage desse jornal?
Fred – A Folha sempre esteve entre meus jornais favoritos, tanto do ponto de vista do conteúdo, quanto do projeto gráfico. A mudança para 1024 permitiu que ela desse mais áreas de respiro em branco em torno das notícias e reduzisse a altura da página inicial, diminuindo a necessidade de rolagem. Entretanto, a presença de seções miscelânicas no pé da página indica que o trabalho não está finalizado, como sempre. A fonte escolhida é suave e permite a leitura rápida. Não há elementos tentando distrair minha atenção do texto a não ser que eu queira ver outra coisa diferente.
Jornalismo Online – Para rever e costurar, em poucas linhas (ou em muitas, se preferir), quais os prós e contras hoje da largura de 1024?
Fred – Acho que não dá para listar prós e contras sobre a resolução 1024 para todos os sites, pois cada caso é um caso. Entretanto, os designers devem fazer as seguintes perguntas antes de mudar:
– Nossos leitores querem maior densidade de informação na home?
– Nossos leitores possuem o equipamento mínimo necessário para a resolução de 1024, ou seja, um monitor de 17 polegadas?
– Quais elementos e seções de nossa página inicial atual que os leitores já estão acostumados (e apegados) e devem estar presentes na nova página?
– Com o aumento de espaço, poderemos separar melhor conteúdo editorial de conteúdo publicitário?
– Temos tanto conteúdo assim para estar constantemente atualizando os novos espaços da página inicial maior?
Jornalismo Online – Excelente. Obrigado mesmo por tirar minhas dúvidas, que certamente são as de muitos ligados ao meio online. Desejo boa sorte com o Usabilidoido e com o mestrado.
(*) Trabalha com conteúdo online desde 1996 e já passou por empresas de renome na Internet. Foi editor do AQUI!, extinta revista virtual do Cadê?, editor do canal Digital do portal StarMedia e coordenador de operações do Prêmio iBest. Realizou seminários e ministrou diversas palestras sobre jornalismo digital. Em fevereiro de 2000, criou o site Jornalistas da Web(JW), primeira publicação virtual brasileira sobre jornalismo online e cibercultura. Em 2005, criou e implantou a Biblioteca de Comunicação Digital e Cibercultura (BCCD) no campus 3 das Faculdades Integradas Hélio Alonso – FACHA, no Rio de Janeiro. Atualmente, Cavalcanti é pesquisador de mídias digitais e editor de conteúdo do JW.’
ABI EM SP
Momento para guardar na memória, 21/06/06
‘Ontem à noite – terça-feira à noite, para os que vierem a ler este artigo depois – foi uma noite especial para a vida da ABI, a nossa Associação Brasileira de Imprensa. Volto ao tema, sobre o qual escrevi no último artigo, mas agora para falar da festa especial de reencontro da ABI com São Paulo. O Theatro São Pedro, em todo o seu esplendor, reuniu perto de umas 300 pessoas para ver Maurício Azêdo dar posse a Audálio Dantas e ao Conselho Consultivo, presidido simbolicamente pelo cardeal emérito de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, e também para assistir a um espetáculo à altura do evento, tendo como mestre de cerimônias Paulo Markun, jornalista dos sete instrumentos, como Luís Nassif, que ali compareceu na condição de músico. Acompanhado por um grupo musical de primeiríssima qualidade, deu um show, tocando clássicos do chorinho e algumas composições de sua própria lavra, que foram muito aplaudidas.
O show teve também a participação de Renato Teixeira, acompanhado por seus dois filhos músicos, tocando clássicos de seu repertório, emocionando os presentes. Ele reservou uma surpresa para o número final: tocar e cantar Romaria acompanhado de ninguém menos que o pianista Arthur Moreira Lima, um dos maiores músicos contemporâneos do Brasil com carreira reconhecida internacionalmente. Foi de arrepiar. Um momento mágico, inesquecível.
Arthur também foi um show à parte. Tocou, antes, o Hino Nacional do Brasil, na abertura da solenidade, e voltou, depois, na apresentação conjunta com Renato Teixeira, prosseguindo com um mini recital onde demonstrou toda sua perícia e sensibilidade em clássicos e populares, que foram de Chopin a Luiz Gonzaga, passando por Ernesto Nazareth, entre outros.
No meio da apresentação, Moreira Lima, visivelmente emocionado, lembrou aos presentes que o primeiro recital que fez na vida, muitos anos atrás, foi, coincidentemente, no auditório da ABI, no Rio de Janeiro, palco, segundo ele, naqueles tempos, de muita efervescência cultural. O músico conclamou a ABI a retomar o lugar de destaque que sempre teve na História do Brasil, elogiando a iniciativa de fortalecer a presença da instituição em São Paulo.
No pronunciamento que fez, Audálio Dantas relembrou a trajetória de lutas da ABI e o apoio decisivo que a entidade emprestou à causa da democracia e da liberdade de expressão, quando do assassinato de Vladimir Herzog nos porões do Doi/Codi, em São Paulo, associando-se ao Sindicato dos Jornalistas, então presidido pelo próprio Audálio. Ele defende uma ABI cada vez mais comprometida com essas causas e também com posições corajosas na defesa dos direitos humanos, sobretudo da parcela mais pobre da população brasileira, principal vítima, segundo lembra, das violências e atrocidades praticadas pelo próprio Estado e pelo poder econômico.
O professor José Marques de Melo, que falou em nome dos conselheiros ali presentes, rememorou os anos em que, com a representação em São Paulo da ABI em frangalhos, viu-se alçado à condição de representante pessoal do então presidente Barbosa Lima Sobrinho. E pediu que a instituição amplie ainda mais a atenção à causa do ensino de jornalismo no País, que vive um momento de grande vulnerabilidade, pela péssima qualidade das centenas de cursos existentes Brasil afora.
O presidente da ABI, Maurício Azêdo, afirmou que a reinauguração da representação São Paulo, sob a Presidência de Audálio, é um dos caminhos mais seguros para que a entidade amplie sua atuação e seu prestígio junto ao mais poderoso Estado da nação.
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Florestan Fernandes Jr na TV Assembléia
Florestan Fernandes Jr. aceitou convite do presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Rodrigo Garcia, e está assumindo o comando da TV Assembléia, sem prejuízo de suas demais atribuições profissionais. Desse modo, continuará à frente do Diálogo Brasil, que é exibido às 4ªs.feiras, 22h30, pela TV Nacional de Brasília, TVE Rede Brasil e demais educativas do País, e do Saberes, programa de debates da TV Sesc, realizado ao vivo na última semana de cada mês no auditório do Sesc Vila Maria.
Aproveitando o período eleitoral, quando os deputados estarão em campanha, Florestan terá tempo para preparar uma nova grade para a emissora, que em breve terá um canal aberto, UHF (a TV Educativa em Jundiaí). ‘A idéia é ampliar o jornalismo com notícias ao vivo do parlamento paulista e do País numa parceria mais forte com a TV Cultura’, assegura. Não é a primeira passagem dele pela emissora. De 2001 a 2002, na gestão Walter Feldman, ele foi diretor de Comunicação da TV Assembléia, período em que ela se consolidou, com a chegada de modernos equipamentos, a construção do Estúdio Claudio Abramo e a formalização da parceria com a Fundação Padre Anchieta.
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Mudanças na Trip Editora
Em plena temporada de Copa do Mundo, a Trip Editora promoveu uma série de modificações na estrutura editorial de suas publicações, abrangendo a TPM e a Natura, esta produzida em parceria com a própria Natura, e a Audi Magazine, que está sendo relançada com novo projeto gráfico e editorial e agora sob os auspícios da C.I.M. – Conteúdo, Identidade e Marca, nova empresa do grupo Trip. Na TPM a novidade é a chegada de Noelly Russo para assumir a Direção de Redação no lugar de Milly Laconbe, que continuará ligada ao projeto, porém agora como colunista e colaboradora. Noelly veio da Futuro Comunicação, onde era diretora de núcleo de femininas. Trabalhava também como redatora chefe da revista Key, dirigida por Erika Palomino. Tem em seu currículo passagens pela Editora Abril e Folha de S. Paulo, onde trabalhou por 12 anos. Cadão Volpato e Ana Paula Franzoia trocaram de posição: ele deixou a direção de Redação da revista Natura para assumir a Audi Magazine, nessa nova fase, e ela, no sentido inverso, deixou a Audi Magazine para dirigir a Natura (publicação lançada em março de 2006, com tiragem inicial de 2,3 milhões de exemplares e periodicidade de 21 dias, acompanhando os ciclos de vendas da empresa). Ali, Ana Paula terá na equipe a redatora-chefe Flávia Fontes e os repórteres Gabriela Borges e Mariana Gomes. Na Audi, Cadão terá ao lado a redatora-chefe Micheline Alves (ex-TPM e Quem), além de colaboradores como Alex Atala, Marcello Serpa, Gilberto Elkis, J. R. Duran e Leão Serva.’
DIRETÓRIO ACADÊMICO
Jornalismo, questão de atitude, 23/06/06
‘O XIS DA QUESTÃO – A morte de um cidadão em filas de espera do SUS não pode deixar de ser noticiada. E noticiada com alarido. Mas nesse, como em tantos outros casos, não bastam as ferramentas da notícia, porque a emoção e os elementos do fato são insuficientes para o entendimento e a explicação dessa morte. Há que se investigar os ‘porquês’ escondidos ou mascarados pela dramaticidade das aparências. E essa é uma questão de atitude jornalística.
1. – Afinal, terá o dr. Jatene razão?
Fiz essa pergunta, coloquei-a até como título na coluna da semana passada. Mas não ofereci respostas – propositalmente, para que a questão fosse debatida sem pressupostos do colunista. Agora, escreverei o que penso sobre a queixa do dr. Jatene, ao falar de um jornalismo que, ao falar do SUS, valoriza primordialmente as notícias ruins, deixando de divulgar fatos e números do lado bom do sistema.
Em primeiro lugar, é preciso dizer, sem titubeios, que, para o jornalismo honesto não há notícia boa ou ruim, mas simplesmente notícia. Os fatos podem ser olhados por perspectivas que os classifiquem de bons ou ruins, melhores ou piores, trágicos ou benéficos, dramáticos ou poéticos. Notícia, não! Porque notícia não é o fato, embora possa conceitualmente fazer parte dele – mas essa já seria outra conversa.
Notícia é o relato veraz, conciso, preciso, de fatos reais, atuais, quaisquer que sejam, desde que possuam algum potencial de desorganizar ou reorganizar a vida das pessoas e as suas relações com o mundo circundante. Por isso os cidadãos têm direito à informação. Direito que, nas democracias, a narração jornalística atende e protege.
Como não há narração sem ingredientes de interesse, é indispensável que os fatos tenham, em sua materialidade e/ou em seu conteúdo, alguns dos seguintes atributos de relevância – ou todos eles: proximidade, conflito, conseqüências, dramaticidade, utilidade, conhecimento, surpresa, suspense e notoriedades (de pessoas, temas, instituições, siglas, lugares, saberes…).
A morte de um cidadão em filas de espera do SUS agrega todos esses atributos. Logo, não pode deixar de ser noticiada. E noticiada com o alarido, pois há direitos fundamentais de cidadania sendo vilipendiados.
Sob esse ponto de vista, até o uso da lógica maniqueísta, que divide as coisas em boas e ruins, nos permitiria dizer que notícia de fato ruim pode ser considerada uma notícia benéfica. Porque denuncia uma realidade a mudar.
Portanto, a meu ver, o dr. Jatene não tem razão quando lamenta, em tom de crítica, que o jornalismo se organize em notícias boas e notícias ruins.
2. Questão de atitude
Mas o dr. Jatene tem razão quando, em sua crítica, sugere que o jornalismo pouco se preocupa com a investigação dos ‘porquês’, freqüentemente escondidos ou mascarados pela emoção dos próprios fatos.
Trazendo a conversa para o plano da linguagem, coloco na discussão uma abordagem que, no meu entendimento, tem importância crescente nos processos da narração jornalística, em uma atualidade cada vez mais complexa. Refiro-me à necessidade de se lidar lucidamente com uma certa noção de fronteira, entre a notícia e reportagem. Trata-se de um parâmetro indispensável à escolha inteligente do tipo de texto adequado ao relato, com decorrências imediatas nos procedimentos de pauta e investigação.
Duas perguntas dão eixo à questão: 1) Até onde a notícia, como espécie de texto, dá boa conta dos fatos a narrar? 2) A partir de que nível de complexidade dos fatos a notícia deve ser substituída pela reportagem?
Convém esclarecer, entretanto, que a escolha não resulta da materialidade objetivas dos fatos, mas da subjetividade da decisão jornalística, ao impor uma perspectiva à observação e à avaliação dos fatos.
Se a escolha jornalística decide que, para o entendimento e a valoração dos fatos, são suficientes os saberes neles contidos, para quê a reportagem? Basta olhar e registrar o que aconteceu, e construir o relato com as ferramentas da notícia.
Mas se, a critério jornalístico, para o entendimento e a explicação do fato são considerados insuficientes os elementos no próprio fato contidos, então há que ir atrás de saberes outros, em ambientes e contextos onde estejam fontes que detenham os saberes da elucidação e as razões para o ajuizamento social dos problemas. Nesse caso, o fato passa a ser tratado como indício, como ponto de partida. E cairemos nos procedimentos e nas exigências estilísticas da reportagem, classe de texto na qual a entrevista pode ser incluída.
Para a escolha da espécie de texto a trabalhar, se notícia ou reportagem, o problema não está na quantidade de linhas ou caracteres, mas na atitude jornalística. E aí chegamos ao xis da questão. Porque a qualidade do jornalismo não depende do tamanho do texto, mas da atitude jornalística de quem tem o dever de olhar, compreender, valorar e tornar socialmente compreensíveis os fatos relevantes da atualidade.
NOTA DE RODAPÉ
A quem ainda não tem esse hábito, recomendo a leitura da coluna do antropólogo Roberto da Matta, às quartas-feiras, no Caderno 2 do Estadão. Esta semana, ele nos presenteia com um texto primoroso sobre por que os brasileiros tanto gostam de futebol. Um pequeno trecho: ‘Gostamos do futebol porque, ao contrário do mundo social onde vivemos, os faltosos recebem cartões vermelhos e são expulsos de campo. Nele, as infrações são visíveis e a punição chega com um apito imediato. O faltoso não tem habeas-corpus para mentir, porque no futebol não há Supremo Tribunal Federal. (…) Gostamos do futebol porque entre a lei e a sua aplicação existe apenas o espaço de um apito.’
(*) Carlos Chaparro é português naturalizado brasileiro e iniciou sua carreira de jornalista em Lisboa. Chegou ao Brasil em 1961 e trabalhou como repórter, editor e articulista em vários jornais e revistas de grande circulação, entre eles Jornal do Commercio (Recife), Diário de Pernambuco, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Diário Popular e revistas Visão e Mundo Econômico. Também trabalhou com comunicação empresarial e institucional. Em 1982, formou-se em Jornalismo pela Escola de Comunicação de Artes, da USP. Também pela universidade ele concluiu o mestrado em 1987, o doutorado em 1993 e a livre-docência em 1997. Como professor associado, aposentou-se em 1991. É autor de três livros: ‘Pragmática do Jornalismo’ (São Paulo, Summus, 1994), ‘Sotaques d’aquém e d’além-mar – Percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro’ (Santarém, Portugal, Jortejo, 1998) e ‘Linguagem dos Conflitos’ (Coimbra, Minerva Coimbra, 2001). O jornalista participou de dois outros livros sobre jornalismo, além de vários artigos (alguns deles sobre divulgação científica pelo jornalismo), difundidos em revistas científicas, brasileiras e internacionais.’
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