A China expulsou mais de uma dezena de jornalistas de Hong Kong que estavam no Tibete, esta semana, após acusá-los de reportar ilegalmente, noticia James Pomfret [Reuters, 17/3/08]. A capital tibetana, Lhasa, vem sendo palco de protestos violentos contrários ao controle chinês sobre a região. Enquanto autoridades chinesas contabilizam pouco mais de 10 mortes nas manifestações, líderes tibetanos exilados na Índia afirmam que o número de mortos já chega a 80. Os protestos ocorrem no aniversário da rebelião tibetana contra a invasão chinesa, em 1959, que culminou com o exílio do líder espiritual Dalai Lama. O governo da China havia estabelecido um prazo final – à meia-noite de segunda-feira (17/3) – para que os manifestantes se entregassem, sob risco de sofrer ‘conseqüências severas’.
Cerca de 15 funcionários de pelo menos seis organizações de mídia de Hong Kong – TV, rádio e veículos impressos – tiveram que deixar o Tibete na segunda-feira. A Associação de Jornalistas de Hong Kong criticou a atitude do governo, alegando que não foi cumprida a promessa de maior liberdade à imprensa nas vésperas dos Jogos Olímpicos de Pequim, marcados para agosto. ‘Os jornalistas foram escoltados até o aeroporto. A presença deles foi considerada completamente ilegal no Tibete’, conta Mak Yin-ting, porta-voz da associação.
Ninguém entra
Correspondentes internacionais não podem viajar para o Tibete sem permissão oficial, mas os jornalistas conseguiram driblar a fiscalização e entrar na região como cidadãos de Hong Kong, de onde reportaram livremente por alguns dias. ‘Eles nos disseram que havíamos filmado ilegalmente imagens do Exército de Libertação Popular’, afirmou um dos repórteres expulsos. ‘Mas eu soube que alguma autoridade não gostou nada de nossa cobertura e deu a ordem para que nos tirassem de lá’.
Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras [17/3/08], no total, mais de 25 jornalistas estrangeiros já foram expulsos do Tibete. Desde a semana passada, o governo chinês não emite mais vistos de acesso para correspondentes que queiram visitar a região; turistas também foram barrados, por questões de segurança, segundo as autoridades. Sítios de internet e sinais de canais de rádio e TV internacionais têm sido bloqueados para evitar que reportagens sobre os protestos ocorridos em Lhasa sejam divulgadas. O sítio de compartilhamento de vídeos YouTube saiu do ar na China depois da divulgação de vídeos sobre as manifestações.