A abertura da XIII Plenária do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) deu o tom das discussões na entidade neste ano. Realizada na noite de sexta-feira (20/10), em Florianópolis, reuniu mais de 40 pessoas, entre observadores inscritos, estudantes e representantes do governo do Estado de Santa Catarina e da imprensa. A cerimônia foi transmitida ao vivo pela Rede Abraço de radiodifusão comunitária.
A primeira mesa foi composta pelo diretor da Secretaria de Estado da Comunicação, Marcelo Rego, representando o governador de Santa Catarina, Eduardo Pinho Moreira; a secretária nacional de comunicação da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Rosane Bertoti; o coordenador-geral do FNDC, Celso Schröder e a psicóloga Li Travassos, coordenadora do Comitê de SC.
O representante do governo do estado afirmou que ‘Santa Catarina busca a democratização da comunicação’ e que ‘espera que a Plenária seja profícua na discussão’. Marcelo Rego disse também que o governo ‘respeita a mídia do Estado’. Rosane Bertoti, da CUT, enfatizou o papel dos meios de comunicacão, de transmitir ‘informação e formação’. Também abordou as questões tecnologicas, realçando o contraste entre a alta tecnologia disponível no país, mas que, ao mesmo tempo, não está ao alcance de muitos grupos. A secretária de comunicação disse, ainda, que ‘não dá para pensar a comunicação apenas com profissionais da área’, e que o debate sobre a democratização tem que ser ‘respondido na prática’.
A fala do coordenador geral do Fórum foi analítica, apresentando os marcos que considera mais importantes, na conjuntura atual, que agregariam valor à Plenária deste ano. Entre os citados, estão as eleições 2006, a escolha do padrão de televisão digital japonês e também a falta de discussão acerca do rádio digital. O jornalista levantou a questão das rádios comunitárias e disse que a comunicação está sendo tratada, no caso, ‘como negócio, e não como serviço’. Schröder destacou, ainda, a fusão das empresas de TV a cabo Sky e Direct TV, que deteriam, agora, 95% das assinaturas – o acontecimento foi destaque de capa da revista MídiaComDemocracia número 3, publicada pelo FNDC em setembro deste ano.
‘Os segmentos da sociedade, isolados, não têm tanto poder. O FNDC é um espaço político que se constitui da união das forças’, destacou Schröder, citando, em seguida, os eixos de ação do Fórum. O primeiro anunciado foi o controle público, do que detalhou: ‘talvez controle não seja a palavra certa, mas é a idéia de um sistema onde se possa incidir; a informação é pública’. A capacitação da sociedade, para ‘entender o processo de significação dos sentidos’ e de também produzi-los foi o segundo eixo citado pela coordenador. A reorganização do sistema de comunicação do país também apareceu na lista. ‘Se democratiza o país e não se democratiza esse espaço’, citou, destacando a dificuldade dos sucessivos governos em tratar de politicas de comunicacão. No encerramento de seu discurso, Schröder disse que ‘talvez essa luta [pela democratização da comunicação] seja a luta política real do país’. A percepção é emprestada do jornalista Daniel Herz, um dos fundadores do Fórum, falecido em maio deste ano. Com emoção na voz, o coordenador nacional do FNDC destacou a capacidade de formulação e a disciplina do amigo, além da capacidade de afeto.
Daniel Herz foi homenageado ao fim da cerimônia, com a exibição de um curta-metragem sobre sua trajetória. A produção, do NTDI (Núcleo de TV Digital Interativa) do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), apresenta depoimentos de amigos e colegas, fotos dos tempos de universidade – Herz foi professor da UFSC – e citações de textos do jornalista. O vídeo termina com a música ‘El pueblo unido, jamás será vencido’, de Sérgio Ortega, e uma frase de Daniel: ‘A vida é simples; basta escolher um objetivo e lutar por ele’.
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Da Redação FNDC, em Florianópolis