Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Quarta-feira, 1 de outubro de 2008
ARQUIVO
Acervo digital do ‘Diário Oficial’ será aberto
‘Em 1º de maio de 1891, circulava a primeira edição do ‘Diário Oficial’ do Estado de São Paulo. A publicação, com apenas quatro páginas, era bem diferente da atual, que ultrapassa as 600 páginas. A partir de hoje, todas elas estarão disponíveis gratuitamente na internet, no www.imesp.com.br.
Anteriormente, as pesquisas nas edições de 1992 até hoje e as buscas por palavra-chave nos jornais de 2001 a 2008 eram pagas -R$ 12,00 a hora.
A leitura das sete últimas edições e a busca por edições de 1891 a 1991 era gratuita, mas exigia cadastro prévio. A partir de agora, a cobrança e o cadastramento deixam de existir.
O diretor-executivo da Imprensa Oficial de São Paulo, Hubert Alquéres, fala que, com a iniciativa, São Paulo torna-se um dos primeiros Estados do país a disponibilizar todos os seus Diários Oficiais de forma gratuita para a consulta virtual.
No Tocantins isso já acontecia, mas o arquivo do Estado tem apenas 19 anos, pouco perto dos 117 anos registrados pela imprensa oficial paulista.
Nos arquivos do ‘Diário Oficial’ é possível acessar projetos de lei, gastos e investimentos dos órgãos públicos, balanços de empresas, resultados de concursos, nomeações e demissões de servidores públicos.
Para Alquéres, a medida aumenta a transparência ao permitir ao cidadão consultar os atos do Executivo, do Legislativo e do Judiciário estaduais.
Júlio Pimentel Pinto, professor do Departamento de História da USP, teve acesso ao conteúdo antes do lançamento. Em sua avaliação, a iniciativa facilita a pesquisa e incentiva uma melhor reflexão sobre a história de São Paulo gravada nas páginas da publicação.
Alquéres conta que, para incentivar o acesso aos arquivos do ‘Diário Oficial’ do Estado, serão criados dois projetos para o próximo ano. Um voltado para as escolas públicas -para o uso do acervo pelos professores em sala de aula- e outro para estudantes universitários -para o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas.’
ACORDO ORTOGRÁFICO
Língua
‘‘Segundo Lula, o novo acordo ortográfico representa um ‘reencontro do Brasil consigo mesmo’. Num país onde quase 15 milhões de pessoas são analfabetas e nem mesmo um diploma universitário é garantia de conhecimento razoável sobre a norma culta da língua, uma mudança como essa só vem confundir e complicar o que, para muitos, já é uma grande batalha: escrever corretamente.’
VIVIAN BIALSKI (São Paulo, SP)
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‘Como ponto a favor da reforma ortográfica, a redução da desigualdade cultural: todos passarão a ser semi-analfabetos.’
LUIZ FERNANDO PEGORER (Santos, SP)’
CAMPANHA
Globo cancela debate; Alckmin culpa Kassab
‘A campanha do tucano Geraldo Alckmin reagiu com indignação ao cancelamento do debate da TV Globo, amanhã, e insinuou que aliados do prefeito Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição, estão por trás das manobras que motivaram a decisão da emissora.
‘Foi uma ação direta e indireta da candidatura Kassab, que não queria o debate. Quem bateu o pé contra foi o Ciro Moura, que todo mundo sabe a serviço de quem está’, afirmou o coordenador da campanha tucana, Edson Aparecido.
O prefeito negou que estivesse aliado a Ciro Moura (PTC): ‘Todos sabem que não é verdade’. E lamentou que o programa não seja realizado. ‘Lamento muito porque os debates são muito importantes. Eu compareci a todos e infelizmente não vai ter esse. É uma oportunidade a menos ao eleitor’, afirmou.
Marta Suplicy (PT), que também lamentou o cancelamento, disse que ‘talvez alguns candidatos tenham gostado’. ‘Da nossa parte, houve um compromisso e eu lamento muito.’
A Globo desistiu de fazer o debate devido à resistência de Ciro Moura, Ivan Valente (PSOL) e Renato Reichmann (PMN) em não abrirem mão de participar do programa.
A Lei Eleitoral obriga emissoras de rádio e TV com concessão pública a convidarem para debates todos os candidatos cujos partidos tenham deputados federais eleitos em 2006. Em São Paulo, oito políticos se enquadram nesse critério. A Globo, no entanto, estava negociando para fazer o programa só com cinco nomes, para tornar o debate ‘proveitoso’, segundo nota divulgada ontem.
Para convencer Moura, Valente e Reichmann a desistirem do debate, a emissora afirmou que ofereceu a eles ‘cobertura muito maior’ do que teriam nos telejornais se ‘apenas critérios jornalísticos fossem levados em conta’. Os três, no entanto, não abriram mão.
‘A TV Globo lamenta que essas restrições na Lei Eleitoral a impeçam de promover um evento que tem se mostrado valioso em eleições passadas’, afirmou a emissora, em nota.
Reação
Alckmin também divulgou comunicado: ‘Perde o eleitor, que poderia comparar as propostas para o governo de sua cidade, ganha a articulação de bastidor que inviabilizou o encontro. Perde a população, que poderia conhecer melhor o passado e os compromissos de cada candidato, ganha a estratégia obscura. Perde São Paulo, ganha a dissimulação’.
Ivan Valente, por meio de nota, disse que a mensagem da emissora é uma ‘peça de ficção’ e criticou a tentativa de acordo para que ele não fosse ao debate.
‘A Globo voltou aos ‘bons tempos’ da ditadura militar’, disse à Folha.
Ciro Moura acusou a emissora de não cumprir a lei. ‘Ela tem que cumprir a lei. Cancela o debate e diz que a culpa é minha? A Globo que se organize.’
Colaboraram MICHELE OLVEIRA, da Redação, RANIER BRAGON, em São Paulo, e ANA FLOR, CATIA SEABRA e FERNANDO BARROS DE MELLO, da Reportagem Local’
Folha de S. Paulo
Justiça proíbe Rosinha de usar imagem de Lula
‘A Justiça Eleitoral proibiu a ex-governadora do Rio de Janeiro e candidata do PMDB à Prefeitura de Campos (cidade 280 km ao norte da capital fluminense), Rosinha Matheus, de voltar a exibir imagens e falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu programa eleitoral na TV.
Na sexta-feira passada, Rosinha havia apresentado gravação em que Lula manifestava apoio a candidatos a prefeito de partidos de sua base aliada, mas sem identificá-los por nome. O PMDB é aliado do governo federal.
A presença de Lula no programa de Rosinha surpreendeu o eleitorado de Campos, reduto político da ex-governadora e de seu marido, o ex-governador Anthony Garotinho, prefeito da cidade duas vezes. O casal sempre fez oposição ferrenha a Lula.
A assessoria da candidata informou que a decisão judicial será acatada, sem recursos ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral).
Além de Rosinha, seu adversário na disputa Arnaldo Vianna, candidato do PDT, exibiu a mesma mensagem do presidente em seu programa eleitoral.’
Mônica bergamo
Santo de barro
‘Marcelo Frisoni, marido de Ana Maria Braga e candidato a vereador pelo PP, distribuiu um jornalzinho de campanha em que diz ter ‘total apoio e a bênção do padre Marcelo Rossi’ para a sua candidatura.
A assessoria do padre diz que ele nunca esteve no Santuário do Terço Bizantino e estuda processar o candidato.
LINDA MISSÃO
Recentemente, o padre Marcelo pediu que Gabriel Chalita (PSDB-SP), que também concorre à Câmara, recolhesse material de campanha em que o sacerdote aparece numa lista de ‘quem apóia’ sua candidatura e dá um depoimento sobre a ‘linda missão’ do ex-secretário da Educação.’
TODA MÍDIA
O contágio
‘BBC, ‘Washington Post’ e ‘Los Angeles Times’ eram alguns dos que apontavam o ‘contágio mundial’ da crise americana, ontem, e se perguntavam se a América Latina caminha para ‘esfriamento’. A região está mais preparada para ‘absorver efeitos da crise’, dizia a BBC, sublinhando porém o temor diante da ‘redução do crédito’ e da agora provável ‘queda de demanda’. O ‘WP’, destacando que a Bovespa segue horário semelhante a Wall Street, tomou a queda de segunda como exemplar do ‘contágio’ e também apontou o temor sobre crédito e demanda. O ‘LAT’ falou da preocupação por ‘remessas’ e pela demanda, mas ressaltou a ironia latino-americana contra a ‘evangelização’ do liberalismo americano.
Já o ‘Daily Telegraph’ deu análise sugerindo que Brasil e outros podem não ser ‘imunes aos problemas nos desenvolvidos’, mas ‘continuam investimentos atrativos’ por sua ‘afluente classe média’.
AS APOSTAS
A Bovespa ‘disparou’, na manchete do Valor Online, mas o ‘Financial Times’ deu em destaque que ‘mercados brasileiros foram atingidos por temores’ de ‘mais perdas corporativas por apostas no câmbio’, detalhando os casos de Sadia e Aracruz.
VALE VS. CHINA
O ‘Diário do Povo’, do PC chinês, postou a reportagem ‘Vale se arrisca a perder o mercado da China por alta inesperada de preços’. Com ameaças sobre a substituição do ferro brasileiro pelo ‘made in China’ e a ‘determinação’ chinesa de não ceder.
‘SOCIALISTA’
O radialista conservador Rush Limbaugh, que fez campanha contra o pacote ‘socialista’, festejou com frases como ‘dane-se o mercado!’. E orientou os republicanos a parar de culpar a democrata Nancy Pelosi, ‘Vamos lá, caras, cresçam!’
EQUILÍBRIO
Lula e Hugo Chávez voltaram a se reunir em Manaus, com ampla cobertura só na Reuters, para reações à crise como ‘Brasil e Venezuela estão mais resistentes, dizem presidentes’. Em análise, a agência ironizou que ‘nunca na história da América do Sul dois presidentes devem ter se reunido com tanta freqüência’, destacando porém que ‘Encontros mantêm o equilíbrio regional’.
‘É O GOVERNO…’
Duas alas do governo Lula ainda debatiam o relatório que culpou os sem-terra pelo maior desmatamento. Mas no exterior, de ‘Guardian’ e ‘El País’ à ‘Nature’, os títulos diziam que o ‘Brasil achou o inimigo da Amazônia… E é o governo do Brasil’.
Por outro lado, o francês ‘Le Monde’ destacava ontem em longa reportagem o ‘plano nacional para as mudanças climáticas’ anunciado pelo ministro Carlos Minc, mais um ‘plano de combate ao desmatamento’.
ALTOS E BAIXOS
Richard Bourne, lançando ‘Lula of Brazil’ ontem em Londres, deu entrevista à BBC Brasil e apontou como pontos positivos de ‘um dos presidentes mais significativos’ da história do país a política externa e o combate à pobreza. Como negativos, a educação e também ‘um tipo mais ético de política’
AINDA BOOM
O programa ‘Digital Planet’, da BBC, se dedica nesta semana ao Brasil. Veio ‘descobrir o que está por trás do boom da web’ por aqui, destacando até as ‘lan houses, como eles chamam no Brasil’
FICA PARA DEPOIS
O blog Campanha no Ar noticiou e depois o ‘SPTV’ leu até editorial para justificar o fim do debate da Globo, argumentando desrespeito aos ‘critérios jornalísticos’ de cobertura. É a primeira vez, mas pouco influencia, pelos números do Datafolha que já projetam Gilberto Kassab no segundo turno.
TOQUE DE LULA
Em turnê de Pernambuco ao museu do futebol, no ‘JN’, José Serra vê não só Kassab, mas até Fernando Gabeira avançar, no Rio.
No exterior, porém, seguem os relatos sobre o ‘toque de ouro’ do petista, que levou até tucanos como João Castelo, de São Luís, a dizer que ‘Lula não tem dono’.’
TELES
Novo Plano de Outorgas chega à Anatel em 20 dias
‘O texto do novo PGO (Plano Geral de Outorgas), que vai permitir que a Oi compre a Brasil Telecom, só deve chegar ao conselho da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para votação dentro de 15 a 20 dias. A informação foi dada ontem por Plínio de Aguiar Júnior, conselheiro da Anatel. Segundo ele, ‘não há chance’ de o assunto ser colocado em votação antes desse prazo.
O relator do novo PGO é o conselheiro Pedro Jaime Ziller, que retornou das férias na segunda-feira. Ele recebeu o informe da área técnica sobre as cerca de 400 contribuições recebidas na consulta pública, assim como o parecer da procuradoria da agência.
Aguiar negou sofrer pressões dentro da agência para que o assunto seja votado com urgência, diante da punição prevista no acordo entre Oi e Brasil Telecom. Pelo acordo, se a transação não for efetivada até 19 de dezembro, a Oi terá de pagar multa de R$ 490 milhões aos sócios da Brasil Telecom. ‘Não aceito pressão e não tenho recebido pressão’, ressaltou.
Depois de votado pelo conselho diretor, o novo PGO vai ser encaminhado ao Ministério das Comunicações que, em seguida, sugerirá o texto de um decreto ao presidente Lula.
Aguiar defendeu a separação funcional entre banda larga e telefonia como forma de preservar a competição, mas disse falar em seu nome e não no de todo o conselho da Anatel.
Segundo ele, atualmente as concessionárias controlam mais de 90% da telefonia local em suas regiões, ‘situação que pode acontecer também na banda larga, e esse é o risco que temos de combater’.
A separação funcional, explicou Aguiar, ‘não tira o ativo da concessionária, apenas separa em unidades empresariais diferentes, o que vai garantir isonomia de preços, prazos e qualidade’, afirmou.
Na sua avaliação, para permitir que o mercado tenha um competidor a menos (com a união entre Oi e BrT) ‘precisamos de um remédio, e a separação funcional não é um remédio tão amargo assim, para impedir que a posição dominante na telefonia local se estenda para a banda larga’.’
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Texto do PGO será votado pela Anatel em até 20 dias
‘O texto do novo PGO (Plano Geral de Outorgas), que vai permitir que a Oi compre a Brasil Telecom, só deve chegar ao conselho da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para votação em 15 a 20 dias.
A informação foi divulgada ontem pelo conselheiro da agência Plínio de Aguiar Júnior. Segundo ele, ‘não há chance’ do assunto ser colocado em votação antes disso.
O relator do novo PGO é o conselheiro Pedro Jaime Ziller, que voltou de férias na segunda-feira. Ele recebeu o informe da área técnica sobre as cerca de 400 contribuições recebidas na consulta pública, assim como o parecer da procuradoria da agência.’
LUTO
Um radialista ‘arrasa-quarteirão’
‘A trajetória da doença de Paulo Henrique Gonçalves foi da ‘dorzinha’ nas costas, no começo do ano, ao diagnóstico de um câncer ósseo, que o matou na manhã de sexta, aos 49, em Santos.
Era roxo pelo Palmeiras, tão apaixonado que, no sábado, durante seu enterro, realizaram-lhe o último desejo: teve o corpo envolto em bandeira verde. Foi sepultado vestindo a camisa do time.
Alto e grande, a irmã o chamava de ‘arrasa-quarteirão’, mas quem gostava mesmo de pôr apelido em meio mundo era ele, o Paulo Henrique de alcunha PH, radialista.
Nascido e crescido no bairro do Sumaré, na zona oeste de São Paulo, arrumou emprego em Santos. Lá, há 15 anos, apaixonou-se por Silvia, a vizinha do andar de cima, que morava com os pais.
Foram viver juntos. Atualmente, estavam em processo de adoção de uma menina de sete anos, que o casal criou desde que a garota nasceu -seu sonho era tê-la oficialmente como filha.
Formado pela Faap e com curso em radialismo pelo Senac, trabalhou nas rádios ‘Tupi’, ‘Atual’ e ‘ABC’, em São Paulo. Na Baixada Santista, passou por emissoras do Guarujá e pela ‘Tribuna’.
Fanático por futebol, sabia tudo sobre o Palmeiras, equipe que adotou por influência da avó. Margarida, a irmã, às vezes chamada por ele de ‘general alemão’ quando ficava brava, lembra que PH era o consultor dos amigos sobre o time. Ele completaria 50 anos em novembro.’
TELEVISÃO
Câmara trava renovação de concessão de TV
‘Estão parados desde 13 de agosto os processos de renovação das principais concessões de TV do país, vencidas há um ano. Naquela data, a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados aprovou a realização de uma audiência pública para discutir os critérios de renovação.
Enquanto essa audiência não ocorrer, os processos não poderão prosseguir. A audiência ainda não foi marcada. Por causa das eleições municipais, só deverá ocorrer em novembro.
Estão vencidas desde 5 de outubro de 2007 as concessões da Globo em São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte e Recife, as da Band, Record, Gazeta e Cultura em São Paulo e mais dez TVs importantes.
A audiência pública foi pedida a deputados por entidades como a CUT e a ONG Intervozes, que no ano passado lideraram movimento por transparência nas concessões.
Serão chamados para a audiência na CCTCI representantes das emissoras, do Ministério das Comunicações e das entidades que pediram o evento.
A idéia dos líderes das entidades é cobrar das TVs, na audiência, um balanço sobre o cumprimento de artigos da Constituição, como o que prevê programação com ‘preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas’, além de tentar comprometê-las com esses princípios para os próximos 15 anos.
ABACAXI
O episódio de amanhã de ‘A Grande Família’, que a Globo exibe onde não haverá debate, como São Paulo e Rio, tira sarro da onda de mulheres frutas que assola o país. Juliana Alves será a Mulher Jerimum.
OUTRO MUNDO
A Record deixou de exibir no Rio Grande do Sul o programa ‘Repórter Record’, que no resto do país passa no final das noites de segunda. No lugar, apresenta ‘Heroes’. Faz parte do esforço da Record para alavancar a audiência no Estado.
FLOP
Começaram mal as comemorações dos 55 anos da Record. O ‘Repórter Record’ de anteontem, com momentos marcantes da história da rede, deu 7,2 pontos na Grande SP. Ficou abaixo da média, de 9,5.
JOGATINA 1
A Justiça Federal proibiu a Record de promover o ‘Super Leilão’, caça-níquel em que telespectadores eram estimulados a ligar para um telefone de prefixo 0900 e dar lances por produtos. Para o juiz que concedeu a liminar, a ação se caracteriza como jogo de azar.
JOGATINA 2
A decisão não afeta atividades semelhantes promovidas por Band, SBT e Rede TV!. A Record diz que já tirou do ar o ‘Super Leilão’ e que recorrerá.
MULHER INVISÍVEL
Tem gente na Globo brincando que Donatela (Cláudia Raia), de ‘A Favorita’, foi atacada por algum mutante da Record. É que sua personagem passa despercebida por todos. Adquiriu o poder da invisibilidade, dizem os zombeteiros.’
Folha de S. Paulo
‘The Hills’ volta com trama frouxa
‘Primeiro, ‘The O.C’ inspirou ‘Laguna Beach: The Real Orange County’ (2004, Laguna Beach: a verdadeira Orange County), reality show que documentava a vida abastada de um grupo de adolescentes no condado de Orange County, cenário para a série fictícia. Depois de duas temporadas, uma das protagonistas de ‘Laguna Beach’, Lauren, mudou-se para Los Angeles e deu início a mais um reality show: ‘The Hills’. Produzido pela MTV americana, o programa gira em torno da estudante de moda Lauren e de suas amigas Whitney, que ela conheceu em seu estágio na revista ‘Teen Vogue’; Heidi, com quem cortou relações depois de um período dividindo o mesmo teto; e Audrina, que substitui a ex-amiga no apartamento, entre namorados, compras e picuinhas. Mesmo com uma trama frouxa, baseada em conflitos adolescentes de personagens já em vida adulta, e uma protagonista sem carisma, as quatro (belas) garotas estamparam a capa da ‘Rolling Stone’ americana em maio último, o que dá pistas da popularidade do programa. O Multishow estréia hoje o segundo bloco de episódios do terceiro ano da série, que foi ao ar nos EUA após a greve dos roteiristas, com um providencial pot-pourri das temporadas passadas.
THE HILLS – 3ª TEMPORADA
Quando: estréia hoje, às 22h45
Onde: no Multishow
Classificação indicativa: não informada’
CINEMA
Tropa volta às telas
‘Confirmado: ‘Tropa de Elite’ ganhará segunda versão para o cinema. O ator Wagner Moura topou fazer de novo o capitão Nascimento. ‘Já está tudo certo’, diz o produtor Marcos Prado, sócio do diretor José Padilha, que dirigiu a primeira versão do longa. No novo, o policial terá 40 anos e se envolverá em política. ‘Ele vai trabalhar na Secretaria de Segurança do Rio’, diz Prado. O roteiro será de Rodrigo Pimentel, o ex-capitão do Bope autor do livro que deu origem ao longa.
ENTÃO TÁ!
Em junho, quando a coluna revelou que Rodrigo Pimentel e José Padilha já trabalhavam no roteiro de ‘Tropa 2’, a empresa de Padilha lançou nota irada desmentindo a informação.
LOTADO
E Wagner Moura foi convidado pelo cineasta Tonico Mello, sócio de Fernando Meirelles na O2, para interpretar o falso ‘filho do dono da Gol’, Marcelo Nascimento da Rocha, que enganou meio mundo se passando por herdeiro da empresa -e até deu entrevista para programas de celebridades, além de ter acesso às melhores bocas livres do Brasil. Moura gostou. O problema é sua agenda: ele pretende mais um ano em cartaz com a peça Hamlet.’
INTERNET
Conheça perfil da blogosfera traçado pelo site Technorati
‘Metade dos blogueiros tem entre 18 e 34 anos e 66% são homens; um em cada dois está na América do Norte. Na América do Sul, situam-se 7% das pessoas que escrevem em diários virtuais, ante menos de 1% da África. A Europa reúne 27% desses produtores de conteúdo.
Esses são alguns dos resultados do ‘Estado da Blogosfera’ em 2008, estudo feito pelo site Technorati (www.technorati.com), um dos maiores agregadores de blogs da internet.
O tema mais popular entre os blogueiros é ‘estilo de vida/ pessoal’; 54% dizem tratar do tópico. Em segundo lugar, vem tecnologia, com 46% dos produtores escrevendo sobre o assunto.
Eu sou a medida
Para aferir o sucesso do blog, 75% das pessoas dizem levar em conta a satisfação pessoal; 58% consideram o número de comentários como uma medida de sucesso, enquanto 53% dizem levar em conta a quantidade de visitantes únicos.
Já quanto aos motivos que os levam a blogar, 54% dizem que o fazem por diversão; 42% dos blogueiros esperam ganhar algum dinheiro com o site um dia, enquanto 15% dizem ter o diário como uma fonte complementar de renda. Apenas 2% afirmam que o site é a fonte principal de recursos.
Os blogueiros, em sua grande maioria (78%), gerenciam sozinhos seus blogs. Já 13% deles dizem usar ajuda não remunerada, enquanto 9% utilizam serviços pagos para fazer o site.
O Techonorati realiza um estudo desse tipo desde 2004. O relatório deste ano está disponível em www.technorati.com/blogging/state-of-the-blogosphere.’
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Falha tentativa de eleger blogueira ‘mais quente’
‘Em julho, a revista ‘Playboy’ norte-americana resolveu fazer um concurso, hospedado em blog do portal da publicação, para apontar qual é a blogueira ‘mais quente’ da internet. A idéia surgiu de uma polêmica entre Xeni Jardin, co-editora do Boing Boing, e Violet Blue, que tem um blog em que fala de sexualidade. A primeira retirou todos os posts com referências à segunda do Boing Boing. Outra polêmica surgiu em seguida, quando algumas das concorrentes ao título pediram para que seus nomes fossem retirados da lista de ‘mulheres com cliques mais valiosos da internet’. Mas, como notou o blog brasileiro Blue Blus (www.bluebus.com.br), a fábrica de polêmicas não rendeu audiência. Discretamente o concurso parece ter acabado: o site com as concorrentes (www.playboy.com/arts-entertainment/features/bloggers/index.html) está às moscas, e até as estatísticas de votação foram retiradas do ar. No Brasil, blogueiras charmosas já fizeram um calendário com fotos sensuais, sem nu, vinculado à edição nacional da ‘Playboy’.’
COMUNICAÇÃO
Mensagens voam, e o perigo ronda
‘O senador Barack Obama usou-as para anunciar a escolha de seu vice. Milhares de americanos utilizaram-nas para votar em seus candidatos favoritos do ‘American Idol’, e muitos adolescentes optam por elas em vez de conversarem.
Mesmo que os cálculos do setor mostrem que, atualmente, os norte-americanos estão usando os celulares mais para enviar e receber mensagens de texto do que para fazer e receber ligações telefônicas, essas mensagens têm sido cada vez mais o foco de críticas por causa do perigo que são capazes de causar ao distrair os usuários.
Embora não haja estatísticas oficiais a respeito do número de vítimas, há indícios crescentes sobre o aumento do número de acidentes fatais ocorridos quando mensagens estão sendo enviadas por pessoas nos momentos em que dirigem, atravessam uma rua ou realizam alguma outra atividade.
A CPUC (Comissão dos Serviços Públicos da Califórnia) anunciou neste mês uma medida de emergência que bane temporariamente o uso de dispositivos portáteis por encarregados de dirigir trens.
A proibição entrou em vigor após o anúncio de investigadores federais sobre estarem analisando o papel que uma mensagem de texto enviada por um condutor poderia ter tido no acidente ferroviário mais fatal dos EUA em quatro décadas.
Um legislador da Califórnia quer proibir mensagens de texto enviadas por motoristas, um passo já dado por alguns Estados norte-americanos.
Adolescentes
Auxiliados pelas operadoras de telefonia celular, os pais passaram a limitar as horas nas quais os filhos podem receber e enviar mensagens de texto.
Nos EUA, em junho, 75 bilhões de mensagens de texto foram enviadas, comparado com 7,2 bilhões em junho de 2005, segundo a CTIA (Associação de Empresas de Serviços Sem Fio, na sigla em inglês), principal grupo do setor.
Adolescentes e adultos jovens adotaram as mensagens de texto como uma segunda língua. Americanos entre 13 e 17 anos de idade enviaram ou receberam uma média de 1.742 mensagens de texto por mês no segundo trimestre, de acordo com a Nielsen.
E, segundo uma pesquisa realizada pela CTIA, quatro entre dez adolescentes dizem ser capazes de enviar mensagens de olhos vendados.
Em agosto, a Verizon começou a oferecer um serviço que bloqueia o envio de mensagens durante certas horas do dia.
Na hora errada
Mandar mensagem na hora errada pode ser extremamente perigoso. No ano passado, policiais disseram que um acidente de carro que matou cinco animadoras de torcida no norte do Estado de Nova York pode estar relacionado ao envio de mensagens.
Uma pesquisa recente realizada pela empresa de seguros Nationwide Insurance envolvendo 1.503 motoristas mostrou que quase 40% das pessoas com 16 a 30 anos de idade que responderam às perguntas disseram ter enviado mensagens enquanto dirigiam.
Um grupo que representa médicos de prontos-socorros divulgou em julho uma campanha de combate às mensagens de texto enviadas durante a execução de outras tarefas, salientando a relação delas com o aumento no número de acidentes e mortes verificados em salas de emergência do país.
Enquanto legisladores avaliam as opções, o uso dessa tecnologia não mostra nenhum sinal de declínio.
Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS’
Rafael Capanema
Proibição está implícita, diz Denatran
‘No Brasil, não há legislação de trânsito específica para coibir o uso de mensagens de texto enquanto se dirige. Mas, segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), a proibição já está implícita no Código de Trânsito Brasileiro.
De acordo com o quinto parágrafo do artigo 252 do código, trata-se de infração média conduzir automóvel ‘com apenas uma das mãos, exceto quando deva fazer sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do veículo’.
O Metrô de São Paulo também não impõe restrições específicas em relação a SMS, mas as normas de trabalho já proíbem que o operador dentro da cabine do trem se dedique a qualquer outra atividade além da supervisão da operação, que é toda automatizada.
Das operadoras de telefonia celular consultadas pela reportagem -Vivo, Claro, TIM e Oi-, nenhuma delas oferece atualmente planos semelhantes aos da norte-americana Verizon, que permitem aos pais limitar o horário em que seus filhos podem enviar mensagens de texto.’
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O Estado de S. Paulo
Quarta-feira, 1 de outubro de 2008
CAMPANHA
Globo cancela debate e frustra tática de Alckmin
‘A TV Globo cancelou ontem o último debate eleitoral no primeiro turno entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, marcado para amanhã. A decisão causou reações distintas nas campanhas de Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM), que brigam por uma vaga no segundo turno.
Os tucanos lamentaram o cancelamento. Alckmin apostava muitas fichas no debate para tentar reverter a vantagem de Kassab na disputa. Já a equipe do prefeito comemorou por entender que o debate poderia representar um ‘fator surpresa’ a ser evitado nos dias finais da campanha. Oficialmente, Kassab lamentou a decisão. ‘Lamento muito, até porque os debates são muito importantes. Compareci a todos e infelizmente é um debate a menos para o eleitor paulistano poder definir seu voto’, disse.
A TV Globo informou, em nota, que cancelou o debate porque não conseguiu entrar em entendimento com três candidatos – Ciro Moura (PTC), Ivan Valente (PSOL) e Renato Reichmann (PMN). Mesmo sem atingir mais do que 1% de intenções de voto nas pesquisas, eles insistiram em participar do encontro e recusaram todas as ofertas da emissora.
A TV Globo pretendia fazer o debate apenas com os cinco candidatos mais bem posicionados na pesquisa, por entender que debates com mais participantes ‘não são proveitosos’. Por razões semelhantes, a emissora não fará debates no primeiro turno também em Curitiba, Rio de Janeiro e Fortaleza. A lei eleitoral obriga a imprensa a convidar para debates todos os candidatos de partidos com representação na Câmara. Caso a emissora queira reduzir o número de participantes, precisa fazer acordos.
Desde a semana passada, aliados de Alckmin acusam, nos bastidores, Kassab de ter feito acordo com partidos menores para inviabilizar o debate. Kassab nega.
Sem debate, o PSDB passou a concentrar todo o esforço no último programa no horário eleitoral hoje. A ordem é fazer um desfecho alto astral, emotivo e sem críticas aos adversários. ‘É só o PSDB não atrapalhar a gente que chegamos no segundo turno’, disse o coordenador-geral da campanha alckmista, Edson Aparecido.
Sob a ameaça de ficar de fora do segundo turno, Alckmin disse ontem que a eleição ainda está ‘em aberto’ e evocou a virada do PSDB na eleição de 1998 em São Paulo. ‘É a semana da mudança silenciosa. O (ex-governador) Mário Covas, em 1998, só passou à frente do Maluf na quinta-feira antes do domingo da eleição’, lembrou. ‘A eleição está em aberto. Vamos trabalhar de manga arregaçada até domingo.’’
TV DIGITAL
Japão quer expandir uso do padrão de TV digital
‘O governo do Japão quer expandir para outros países da América Latina o padrão japonês de TV digital adotado no Brasil. Chegou a Brasília comitiva formada por representantes do governo e de empresas daquele país para acompanhar a implantação do sistema no Brasil, que já funciona em algumas capitais. O vice-ministro das Comunicações e Assuntos Internos do Japão, Akira Terasaki, que lidera a comitiva, se reúne hoje com o ministro das Comunicações, Hélio Costa.’
JORNALISMO EM CRISE
Crise fecha as portas do jornal ‘New York Sun’
‘O jornal conservador The New York Sun, lançado há pouco mais de seis anos com a pretensão de se tornar o grande rival do The New York Times, circulou ontem pela última vez. O jornal não resistiu aos prejuízos que vinha acumulando nos últimos tempos, e que se agravaram com a crise financeira que afeta Wall Street.
Segundo os diretores do Sun, estava cada vez mais difícil encontrar apoio financeiro nesta época de crise. ‘Este mês, para não falar esta semana, foi um dos piores do século para tentar encontrar uma injeção de capital e, no final, não tínhamos nem dinheiro nem tempo’, explicou o diretor Seth Lipsky aos funcionários do periódico, em seu discurso de despedida.
O último número do jornal foi publicado exatamente um dia depois de a Bolsa de Nova York ter sofrido a maior queda em pontos de sua história (777,68 pontos) e sua maior baixa porcentual desde os atentados de 11 de setembro (6,98%).
Além disso, na segunda-feira a Câmara de Representantes dos Estados Unidos rejeitou o plano de resgate financeiro elaborado por Washington.
BRILHO
O prefeito da cidade de Nova York, Michael Bloomberg, lamentou o fechamento do jornal, de cujas reportagens disse que eram ‘inteligentes, reflexivas, provocativas e, em algumas ocasiões, inclusive corajosas.Em uma cidade saturada pela cobertura de notícias e opiniões, o Sun brilhou intensamente, embora por pouco tempo’, disse Bloomberg.
O primeiro número do jornal saiu nas bancas em 16 de abril de 2002 custando US$ 0,50. Desde seu lançamento e apesar da baixa circulação, o jornal conseguiu se transformar em um influente veículo de comunicação na cidade de Nova York pela cobertura que oferecia da política local e das seções cultural e esportiva.’
INTERNET
Justiça derruba anonimato e pune cada vez mais por crimes na internet
‘Era uma vez uma rede anárquica chamada internet, conhecida como ‘terra sem lei’. Ela continua anárquica, mas está cada vez mais protegida pela legislação. Levantamento do advogado Renato Opice Blum, especialista em Direito da Internet, revela que, em outubro de 2002, havia cerca de 400 decisões judiciais definitivas envolvendo problemas virtuais. Neste mês, elas já somam mais de 17 mil, contadas desde 2002. O aumento exponencial de ações acompanha o crescente número de usuários e já começa a provocar mudanças de comportamento em sites, empresas, escolas e até famílias.
Atualmente, a autoria de grande parte das ofensas anônimas feitas via web é facilmente identificada com auxílio da Justiça. As indenizações, quando comprovadas as agressões, raramente são negadas. A responsabilidade de todos está cada vez mais clara: o site de relacionamento que não tirar conteúdo ofensivo do ar, a pedido da vítima, torna-se réu na ação, o blogueiro que permitir um comentário agressivo a terceiro em seu blog responde na Justiça junto ao agressor, os pais são responsáveis na esfera civil por ofensas feitas via web pelos filhos e por aí vai.
A mudança de comportamento das pessoas, embora exista, é muito incipiente, na opinião do advogado Alexandre Atheniense, presidente da Comissão de Tecnologia de Informação do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). ‘O brasileiro aderiu rapidamente à internet e aos sites de relacionamento, em especial, mas continua muito ingênuo em relação a aspectos de privacidade. Ele se expõe demais e tem uma falsa noção de que a tecnologia propicia anonimato’, explicou.
De acordo com os advogados, há um movimento crescente nas escolas de conscientização de pais, alunos e professores sobre o risco de se expor na internet e as conseqüências dos atos virtuais. ‘Eu tenho feito três palestras por semana. O principal é desmistificar a internet como uma terra sem lei’, afirmou Opice Blum.
EXPOSIÇÃO
A exposição excessiva é o primeiro ponto que os especialistas acham importante combater. Por conta de uma comunidade no Orkut que o elogiava por ajudar os alunos a colar, o inspetor J.A.Q.M. foi demitido por justa causa de um colégio gaúcho. Foram as fotos expostas pela psicóloga A.C.C., no mesmo site, que permitiram a criação de perfis falsos em nome dela, com informações de que era lésbica e prostituta. (mais informações nesta página.)
É preciso ter em mente, segundo Atheniense, que, apesar de conseguir indenização ou a responsabilização criminal do ofensor, a vítima pode ter de suportar o fato de a agressão não sair do ar. ‘Quando o ilícito cai na rede, é impossível retirar completamente. Costumo dizer que, na era da mídia digital, todos poderemos ter nossos 15 minutos de execração pública. Então, é bom se precaver.’
‘Antes da web, havia apenas mídias com controle editorial. A Internet permite a qualquer cidadão publicar o que bem entender’, ponderou o advogado Marcel Leonardi, também especialista no assunto. Segundo ele, embora a reação das pessoas às punições ainda seja pequena, a resposta de sites não pára de crescer. O Google, dono do Orkut, que antes não abria seus arquivos, começa a revelar dados a usuários ofendidos e ao Ministério Público Federal (MPF) em investigações sobre pedofilia.
SEGURO
Leonardi conta que o WordPress, um dos mais populares sites de blogs, mudou os termos de uso para tentar coibir que um internauta crie um blog cujo endereço esteja em nome de outra pessoa. ‘A intenção é tentar evitar que se use o nome de um terceiro no blog para difamá-lo.’ Nos Estados Unidos, diz, uma associação de blogueiros lançou um seguro contra difamação e outros delitos. O advogado afirmou, também, que é cada vez mais comum as empresas avisarem os funcionários de que os e-mails corporativos podem ser acessados pelas companhias.
Atheniense diz ser muito procurado para monitorar conteúdo na internet em referência a empresas, marcas e até pessoas famosas. Se algo desagrada ao cliente, o advogado entra em ação.
JURISPRUDÊNCIA
ENTENDIMENTOS CONSOLIDADOS
Colaboração: se o site em que foi publicada a ofensa não colaborar com o agredido, tirando a mensagem do ar e mantendo os dados do agressor, pode virar co-réu na ação
Preservação: se o site em que foi publicada a agressão não guardar os registros que possam levar à identificação do autor da ofensa, torna-se réu
Blog: se o autor de um blog só permite a publicação de comentários dos leitores mediante aprovação, responde pelas ofensas nos comentários; se a publicação é automática, sem moderação, ele apenas responde se for notificado e não retirar o conteúdo do ar
Vigilância: as empresas podem monitorar e-mails corporativos
Responsabilidade: pais respondem por ofensas praticadas por seus filhos
ENTENDIMENTOS NOVOS
Consumo: o uso do Orkut pode configurar relação de consumo, em função da existência de páginas com anúncio na rede Google. Os usuários são amparados pelo Código de Defesa do Consumidor
Conta encerrada: o usuário que fechar a conta em site de relacionamento, após ter praticado ofensa contra outro internauta, não deixa de ser responsabilizado pela agressão’
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Google: ‘Com ordem judicial, damos os dados’
‘Carlos Félix Ximenes, diretor da Comunicação da Google, proprietária do Orkut, garante: ‘Com ordem judicial, damos todos os dados que estão conosco: o endereço de IP e o log de acesso (o que o internauta fez no site, com data e hora).’ Segundo o diretor, vale destacar que não existe mais garantia de anonimato na internet. ‘As pessoas podem ser responsabilizadas tanto pelo que fazem online, como pelo que fazem offline. A lei é a mesma.’
O diretor explicou que a possibilidade de ‘fechar’ o Orkut apenas para acesso de amigos foi uma reação da empresa a pedidos de usuários que queriam maior privacidade e maior proteção contra agressões. ‘Assim, o usuário tem controle sobre os dados que quer exibir e receber. Minha filha de 15 anos só recebe recado de amigos’, diz ele.’
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Psicóloga foi vítima de 3 perfis falsos em site
‘A psicóloga A.C.C., de 32 anos, esperou cerca de dois anos para que a empresa Google, proprietária do site de relacionamentos Orkut, liberasse à Justiça, na semana passada, as informações sobre o criador de três perfis falsos com fotos dela. Ao mesmo tempo em que está inconformada com a demora e ansiosa para ver um desfecho para o caso, teme a revelação da autoria das ofensas. ‘Em um dos perfis, havia informações minhas muito particulares, como a revista semanal que assino. É alguém próximo’, disse a psicóloga. ‘Acho que vai ser uma bomba, que vou surtar.’
A.C.C. criou um perfil no site em abril de 2006. Um mês depois, soube da criação de outra página, com suas fotos e nome ligeiramente modificado. Ela era apresentada como lésbica e garota de programa. Com a ajuda do advogado Alexandre Atheniense, ela conseguiu que a Justiça mandasse a empresa tirar o perfil falso do ar e fornecer os dados do criador. Só a primeira ordem foi obedecida.
Dois meses depois, foi criado outro perfil falso. ‘A pessoa só aceitava mulheres como amigas e recebia uns 200 recados por dia. Depois, ela começou a buscar meu amigos’, lembra a psicóloga. Pela segunda vez, por ordem judicial, o perfil foi retirado, mas os dados de quem o criou não foram enviados. A terceira página passou pelo mesmo procedimento e, depois, não houve mais nenhum.
?FOI UMA BOMBA?
‘Eu sou de uma cidade pequena. Foi uma bomba. Tinha gente que me parava na rua para comentar: ?Tô sabendo que você está fazendo programa…? Sofri demais’, disse A.C.C.. Aos poucos , ela também foi vendo os amigos comentarem o assunto na internet e a mãe ser alvo de piadinhas, feitas por alunos da faculdade onde leciona.
‘Agradeço a Deus pelo assunto não ter chegado ao meu trabalho.’ Segundo ela, apesar de muitos conhecidos saberem do processo judicial, como ela não foi indenizada ainda, a maioria das pessoas não vê com credibilidade sua versão dos fatos.
Atualmente, ela mantém o perfil no Orkut, por orientação do advogado, mas sem nenhuma foto. ‘Tomei trauma. Assim que o processo acabar, a primeira coisa que vou fazer é fechar essa conta. As marcas disso tudo, no entanto, vão ficar para sempre.’’
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Pais devem impor limites para deter o ‘cyberbullying’
‘O cenário é novo, mas a lição, antiga. ‘Os pais têm de colocar limites’, avalia a psicopedagoga e terapeuta familiar Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPP). ‘Os pais desta geração perderam o caminho dos limites. Eles têm a visão de que o limite é algo repressor. Esse é o grande mal.’
Os representantes da ABPP, assim como os advogados especializados em Direito da Internet, são figuras tarimbadas para conscientizar alunos, pais e professores. Segundo Quézia, o mecanismo do ‘cyberbullying’ (intimidação pela internet) é o mesmo da ‘zoeira’ em sala de aula. ‘Antes, tudo começava com um bilhetinho e, aos poucos, ia daquela panelinha de alunos para outras pessoas da escola. Hoje, um comentário na internet, uma foto, um vídeo, isso tudo ganha o mundo. O que muda é a repercussão.’
‘Eu costumo citar um sociólogo que diz que os pais são imigrantes no meio virtual e os filhos são nativos. Daí a dificuldade de se ensinar aos adolescentes como se comportar na internet’, diz a advogada Camilla do Vale Jimene, do escritório de Renato Opice Blum. ‘A idéia é mostrar que 95% das situações que ocorrem na internet já têm amparo legal e o anonimato não é mais absoluto.’
Revelar que a autoria das agressões pode ser identificada é importante, na medida em que, segundo a psicopedagoga, o que seduz o adolescente na internet é a idéia de não precisar assumir as conseqüências de seus atos, se usar um pseudônimo, o que ajuda a aumentar o número de agressões e a gravidade das ofensas. ‘Em grupo, o adolescente faz coisas que sozinho não faria. A internet funciona como esse elemento que não faz dele autor.’
Especificamente para os pais, o recado é que eles têm de conversar com os filhos; além disso, podem controlar o que fazem na rede. ‘Há softwares que registram tudo o que é feito na internet e bloqueiam alguns sites. Mas isso você faz na sua casa. E na casa do outro?’, questiona a advogada.
Segundo os especialistas, o ideal era que o assunto entrasse na pauta de discussão familiar, como o uso de camisinha e os cuidados ao volante. Além do diálogo aberto, de limitar o número de horas que o adolescente fica na internet e de colocar o computador em um local de uso comum na casa, diz Quézia, os pais têm de dar o exemplo. ‘De que adianta falar com o filho para não abusar da internet, se os pais chegam em casa e ficam horas no computador? Os filhos vão fazendo testes e ampliam os limites se não há controle.’
No ano passado, o colégio Magno, de São Paulo, propôs aos alunos que fizessem um blog sobre o cyberbullying. ‘A iniciativa revelou que, muitas vezes, o aluno não tem a noção do mal que está fazendo’, diz o coordenador de Tecnologia da escola, Sérgio Maciel. Alunos vitimados sentiram-se à vontade para dizer que esse tratamento os incomodava, tanto na escola quanto na internet. Seis meses depois, segundo ele, os alunos perceberam que esse comportamento pode machucar o outro e ‘mudaram, substancialmente, a maneira como se tratavam’.’
Livia Deodato
De olho no Orkut das filhas
‘O supervisor de informática Fábio Rocha, de 32 anos, segue à risca a cartilha de educação digital dos filhos. Para começar, o computador da família, usado pelas filhas de 7 e 14 anos, fica no quarto do casal. Alguns conteúdos impróprios e sites que possam levar a conteúdo pornográfico são bloqueados, e as meninas não podem ficar horas penduradas na internet. ‘Mas o principal é conversar. Eu falo sempre para a mais velha que ela não pode citar nosso endereço, nosso telefone ou os lugares aonde vai em sites de relacionamento’, disse Rocha. O Orkut é liberado, mas o pai checa diariamente os perfis das meninas para saber o que elas andam fazendo.
‘Eu e minha mulher sempre conversamos com elas sobre privacidade e outros cuidados que se deve ter. Não dá para ignorar esse mundo, onde elas passam tanto tempo’, explicou. Segundo ele, o colégio onde as meninas estudam também costuma abordar o tema e aconselhar.’
TELEVISÃO
Consumo consciente
‘A Cultura promete levantar a bandeira do consumo consciente entre o público infantil a partir de janeiro. A campanha, em fase de produção, vai contracenar com a iniciativa, inédita na TV brasileira, de banir todo tipo de publicidade de apelo infantil da programação. E durante as 11 horas diárias dedicadas a crianças, nem comercial para adultos dará o ar da graça.
Diretor de Captação e Marketing da emissora, Cícero Feltrin põe na conta da proposta o fato de 52% de sua audiência infantil se localizar na classe C – 21% da platéia mirim está nas classes D e E, sem acesso à maioria dos produtos anunciados na tela.
Para Feltrin, não será difícil cobrir as cifras que o canal perderá a partir de janeiro. Atualmente, diz ele, os comerciais cobrem apenas 3,4% dos custos demandados pela Cultura. Mas uma das receitas previstas para cobrir esse buraco virá, indiretamente, de fontes publicitárias: da Cultura Canais, criada para arrecadar a parte que cabe à emissora na publicidade veiculada por suas retransmissoras Brasil afora. A emissora promete incentivar o filtro à publicidade infantil nessas retransmissoras, mas não terá como exigir o mesmo delas.’
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