Um novo olhar sobre a televisão brasileira se inicia, timidamente, nesse domingo (2/12). A data marca a estréia da nova televisão pública, a TV Brasil, e também da TV digital. Uma e outra poderão se tornar grandes conquistas no caminho para a democratização da comunicação, se as recorrentes decisões governamentais precipitadas que apressaram em ambas – do ponto de vista da sociedade civil e dos movimentos sociais – a construção de formatos equivocados (especialmente da tecnologia, na TV digital e de gestão, na TV pública) não vierem comprometer o trânsito indispensável ao conhecimento e à cultura universais.
Quando iniciarem as transmissões a TV digital e a TV Brasil, pouca gente poderá comprovar a qualidade de imagem de uma e de programação de outra. As televisões inauguram, mas as promessas de ‘ganho’ estão sendo adiadas. Até que o sinal da TV digital seja liberado para outras cidades e Estados (veja o cronograma) e o preço dos aparelhos conversores e das próprias televisões sejam viáveis (leia matéria sobre custos), somente os telespectadores da Grande São Paulo que tiverem bom poder aquisitivo conseguirão conferir. Também a TV Pública inicia com transmissão restrita: para São Paulo, Maranhão e Distrito Federal. Outras localidades, somente receberão sinal após a adesão das TVEs à rede, conforme acordos regionais.
Contribuições críticas
Para o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), a TV Brasil poderá consolidar uma identidade brasileira marcada por valores populares e democráticos. Porém, o FNDC tem críticas quanto aos encaminhamentos finais que instituíram a nova TV pública nacional (leia matéria). O Fórum, assim como outras entidades organizadas em torno da democratização da comunicação, defende a criação de veículos submetidos a uma gestão compartilhada por entidades da sociedade, ou por estas em conjunto com o Estado. Nesse sentido, o FNDC avalia que a estrutura adotada para a TV Brasil desconsiderou a participação da sociedade civil e dos movimentos sociais, dos movimentos que lutam pela democratização da comunicação, dos pesquisadores e trabalhadores da comunicação (veja quem são os membros do Conselho Curador).
Quanto à TV Digital, o modelo tecnológico adotado estréia com a menor convergência possível, a menor possibilidade de intercâmbio entre as várias plataformas de telecomunicação e comunicação e custo excludente (leia matéria).
Para o coordenador-geral do FNDC, Celso Schröder, tanto a TV pública quanto a TV digital podem se tornar marco de transformações revolucionárias na comunicação nacional, desde que o governo considere as contribuições e críticas oriundas de vários setores sociais. Schröder ressalta a importância da Conferência Nacional de Comunicação (em fase de construção, e que deverá ser realizada em 2008) como o momento de agregar formulações aos projetos do governo, de forma a torná-los realmente plurais e inclusivos.
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Da Redação FNDC