Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Ambição baixa reflete indefinição global

A Rio+20 evitou definir o conteúdo do que seria uma “economia verde inclusiva”.

Era irrealista esperar mais, quando há crise nos países ricos, campanha eleitoral nos EUA e transição na ordem global -os emergentes têm maior força econômica, mas bolsões internos de subdesenvolvimento.

Sinal dos tempos: a delegação dos EUA evitou exposição pública. No bastidor, agiu para aguar o acordo.

Desenvolvimento sustentável pode ser um termo surrado, mas não é desafio corriqueiro. Como disse o chefe do Pnuma, Achim Steiner, ele exige dos ricos que descasem desenvolvimento e consumo, e dos demais que cresçam de maneira “verde”.

O barulho midiático das ONGs cumpre o papel de pressionar os poderes. Mas não pode substituir decisões de governos.

Além disso, se um fórum de ambientalistas tivesse que definir metas obrigatórias para o mundo, um acordo seria improvável. Para citar uma divergência, só parte deles aceita mecanismos de mercado para compensar emissões.

Encontros ineficazes

O governo Dilma chegou à Rio+20 desgastado com ativistas, por causa do Código Florestal e de Belo Monte. Na cacofonia de protestos, tentou reduzir danos de imagem num ambiente menos controlável do que o Planalto.

O governo enquadrou as críticas de Ban Ki-moon, o secretário-geral da ONU, e antes fez questão de um acordo prévio à chegada dos chefes de Estado. Acabou dando às ONGs mais tempo para expressar descontentamento.

Há quem diga que megaconferências são ineficazes, e que decisões devem caber a grupos de poderosos ou sábios. Mas são reuniões como esta, quando Alemanha e Haiti sobem ao mesmo pódio, que dão legitimidade a instâncias mais restritas.

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[Claudia Antunes, da Folha de S.Paulo]