A Rio+20 evitou definir o conteúdo do que seria uma “economia verde inclusiva”.
Era irrealista esperar mais, quando há crise nos países ricos, campanha eleitoral nos EUA e transição na ordem global -os emergentes têm maior força econômica, mas bolsões internos de subdesenvolvimento.
Sinal dos tempos: a delegação dos EUA evitou exposição pública. No bastidor, agiu para aguar o acordo.
Desenvolvimento sustentável pode ser um termo surrado, mas não é desafio corriqueiro. Como disse o chefe do Pnuma, Achim Steiner, ele exige dos ricos que descasem desenvolvimento e consumo, e dos demais que cresçam de maneira “verde”.
O barulho midiático das ONGs cumpre o papel de pressionar os poderes. Mas não pode substituir decisões de governos.
Além disso, se um fórum de ambientalistas tivesse que definir metas obrigatórias para o mundo, um acordo seria improvável. Para citar uma divergência, só parte deles aceita mecanismos de mercado para compensar emissões.
Encontros ineficazes
O governo Dilma chegou à Rio+20 desgastado com ativistas, por causa do Código Florestal e de Belo Monte. Na cacofonia de protestos, tentou reduzir danos de imagem num ambiente menos controlável do que o Planalto.
O governo enquadrou as críticas de Ban Ki-moon, o secretário-geral da ONU, e antes fez questão de um acordo prévio à chegada dos chefes de Estado. Acabou dando às ONGs mais tempo para expressar descontentamento.
Há quem diga que megaconferências são ineficazes, e que decisões devem caber a grupos de poderosos ou sábios. Mas são reuniões como esta, quando Alemanha e Haiti sobem ao mesmo pódio, que dão legitimidade a instâncias mais restritas.
***
[Claudia Antunes, da Folha de S.Paulo]