O governo brasileiro está testando a oferta de conexão de internet por meio da rede elétrica em cerca de 70 milhões de medidores de energia no país, instalados em residências e pontos comerciais. Segundo o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o objetivo é usar essa tecnologia para atingir as metas de universalização da internet no Brasil, que este ano vai chegar a 50% dos domicílios. “Foi um salto em relação ao total de 2011, quando chegou a 38% das residências, mas ainda é muito baixo, precisamos aumentar [esse índice] de forma acelerada”, disse Bernardo ontem [terça, 13/11], durante o “1º Fórum Novo Brasil – Desvendando a nova classe média”, organizado em São Paulo pela consultoria Data Popular. Segundo ele, até a metade de 2013 será lançado o Plano de Universalização da Internet. A meta é chegar a 2014 com 70% dos domicílios conectados.
De acordo com o ministro, o governo tem um projeto que prevê a substituição dos medidores de energia tradicionais por digitais, os smart grid, que oferecem uma série de vantagens, como a leitura da conta à distância, pela internet. “Conversamos com o Ministério de Minas e Energia e com a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] para incluir na regulamentação que os medidores de energia tenham um dispositivo Wi-Fi, capaz de conectar a residência à internet”, disse. “A internet pelo fio da eletricidade já foi testada, é possível e temos condição de fazer.”
Existe uma distância limite, em torno de 1,5 mil metros, na qual o sinal apresenta alta velocidade e bom desempenho, segundo o ministro. “Nesse caso, é preciso ter uma estação central e abastecer os cabos para que o sinal chegue com boa qualidade às casas das pessoas. Isso está evoluindo.”
A licença e a frequência
Em relação à telefonia em 4G, Paulo Bernardo afirmou que o ministério procurou “sincronizar” a oferta do serviço aos grandes eventos que serão sediados no Brasil nos próximos anos. Assim, em maio de 2013, às vésperas da Copa das Confederações, as operadoras terão que oferecer 4G nas seis regiões metropolitanas onde serão realizados os jogos. Em dezembro do ano que vem, todas as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 e suas respectivas regiões metropolitanas terão que oferecer o serviço. “Em junho de 2014, todas as cidades com mais de 500 mil habitantes deverão ter o serviço instalado”, afirmou.
Bernardo disse não acreditar que a potencial venda dos ativos da Unicel, da GVT e da Nextel possa fazer com que o mercado brasileiro volte a um cenário de menor competição. “Não tem por que [existir] um movimento de concentração, a não ser que seja de gestão”, disse. “As empresas têm uma divisão mais ou menos parecida e a concorrência entre elas é grande”. Além disso, afirmou, uma eventual compra envolveria o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “Se for algo ruim para o mercado, o Cade pode não permitir.”
A Nextel já pediu autorização à Anatel para adquirir a Unicel, que está inativa. “Se a Anatel considerar que o contrato [da Unicel] não foi cumprido, a licença caduca e a frequência volta para o governo para ser leiloada”, afirmou. “Se for permitida a venda da licença, a empresa vai comprar o direito de usar a frequência porque não tem a operação”. O processo que decide o futuro da Unicel está sendo analisado pela esfera jurídica da Anatel. Talvez o assunto seja colocado em votação ainda este ano, disse o ministro.
***
[Daniele Madureira, do Valor Econômico]