Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cai fatia da Globo na publicidade federal

O governo da presidente Dilma Rousseff divulgou dados inéditos sobre a participação das principais TVs abertas no bolo publicitário estatal federal. A Globo continua a liderar com folga, mas perdeu espaço depois da chegada do PT ao poder. Em 2003, primeiro ano de Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, a Globo recebeu 61% de tudo o que o governo gastou com propaganda em emissoras de TV. No ano passado, 2012, o percentual recuou para 44%.

Esta é a primeira vez que o governo revela valores que cada TV recebe pela divulgação das propagandas estatais. Mas não se sabe ainda oficialmente quanto recebem os mais de 5.000 veículos cadastrados para veicular publicidade federal oficial. A decisão do governo se tornou pública na semana passada, quando o secretário-executivo da Secom (Comunicação Social da Presidência), Roberto Bocorny Messias, publicou artigo no site especializado em mídia Observatório da Imprensa (ver “Transparência e a desconcentração na publicidade do governo federal”). A Secom argumenta que o governo faz “mídia técnica” ao escolher os veículos. Por essa razão citou de maneira explícita o caso das TVs.

Em 2003, a Globo teve 61% das verbas televisivas da administração federal e registrava uma audiência de 55,2%. Em 2012, o percentual caiu para 44% e a audiência também recuou para 43,7%. A Globo não se manifestou.

Dados são mais precisos a partir de 2000

“A programação de recursos deve ser proporcional ao tamanho e ao perfil da audiência de cada veículo”, escreveu Messias. Nas tabelas divulgadas, porém, esse procedimento não fica comprovado de maneira inequívoca.

Além da Globo, a Record e o SBT recebem um percentual compatível com as suas audiências. Em seguida, a lógica se torna menos objetiva. A Band aparece com 5,4% de audiência, mas quase 9% dos investimentos publicitários. A Rede TV! tem 1,7% no Ibope e 3,53% das verbas.

Os dados sobre gastos publicitários federais começaram a ser compilados com mais precisão a partir do ano 2000. De lá para cá, a TV Globo já recebeu R$ 5,86 bilhões. SBT e Record vêm muito atrás, com R$ 1,63 bilhão e R$ 1,57 bilhão, respectivamente. Hoje, a Record recebe anualmente mais do que o SBT.

De 2000 a 2012, o governo federal gastou R$ 10,72 bilhões para veicular propaganda nas TVs, em valores atualizados, incluindo despesas da administração direta e das empresas estatais.

Outros meios

No ano passado, o governo gastou R$ 1,80 bilhão em propaganda em todos os tipos de veículos. O recorde é de Lula, em 2009 (R$ 2,04 bilhões).

Esse bolo é dividido em sua grande parte entre as TVs, com 62,6% do total em 2012. Os jornais impressos, que estavam num confortável segundo lugar em 2000 (21,1%), caíram em 2012 para 8,2%.

Revista e rádio ficaram estáveis, na faixa de 7% a 8%.

Internet, que representava quase nada em 2000, hoje tem 5,3% do bolo total.

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Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo