Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Editor preso por publicar artigo de oposição

A polícia do Zimbábue prendeu, na semana passada (8/5), o jornalista Davison Maruziva, editor do semanário privado The Standard. O motivo? A publicação de um artigo de opinião assinado por um político da oposição. O jornal é altamente crítico ao presidente Robert Mugabe e tem condenado especialmente os atos de violência e a indefinição política que se seguiram às eleições de 29/3.

Os resultados do pleito mostraram que o partido Zanu-PF, de situação, perdeu a maioria no parlamento pela primeira vez desde a independência, em 1980, e teriam colocado o candidato de oposição Morgan Tsvangirai à frente de Mugabe na disputa presidencial. Nenhum dos candidatos, entretanto, conseguiu votação suficiente para a vitória em primeiro turno. O Standard defende que Tsvangirai, que acusa Mugabe de fraude eleitoral, deveria boicotar o segundo turno em protesto.

Críticas

A prisão de Maruziva se deu por causa de um artigo publicado em 20/4 por Arthur Mutambara, líder de uma facção do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), partido da oposição. No texto, escrito no aniversário de 28 anos da independência do Zimbábue, o político criticava duramente o modo como Mugabe lidou com as eleições gerais e acusava o governo de intimidação, além de questionar seu direito de continuar no poder. Recentemente, as duas facções do MDC concordaram em deixar as desavenças de lado e se unir contra o partido de situação.

‘Maruziva foi acusado de publicar declarações falsas prejudiciais ao estado e de desacato à justiça. A polícia também indicou que irá prestar a mesma queixa contra Arthur Mutambara’, afirmou Raphael Khumalo, executivo-chefe do grupo Zimbabwe Independent Media, que publica o jornal pró-oposição.

Repressão

Segundo Iden Wetherell, editor do grupo, a prisão de Maruziva é um sinal de que o governo pretende reprimir as ações da mídia. ‘A detenção representa um sério ataque à imprensa e às liberdades políticas’, afirma.

Desde as eleições, diversos jornalistas foram presos e, posteriormente, libertados. A Reuters afirmou que um de seus fotógrafos foi detido supostamente por usar um telefone por satélite para transmitir fotos. O jornalista Barry Bearak, correspondente do New York Times, e o jornalista britânico Steven Bevan foram presos no início de abril por trabalhar sem permissão do governo. Pelo mesmo motivo, também foram detidos os britânicos Toby John Harnden e Julian Paul Simmonds, ambos do Sunday Telegraph. Informações de Nelson Banya [Reuters, 8/5/08].