Enquanto o Brasil atola-se na corrupção, a Venezuela atola-se no autoritarismo. Aqui, imaginava-se que a lei só servia para punir os inimigos, Lá, o caudilho Hugo Chávez pensava que poderia fazer com a lei o que bem entendesse.
Desde o escândalo Waldomiro Diniz, percebe-se uma atitude errática e insegura do Estado brasileiro no combate ao desvio de recursos públicos. Quando as denúncias eram feitas por arapongas disfarçados em jornalistas ou vice-versa, o governo jogava a culpa na imprensa sensacionalista. Mas os escândalos Vedoin, das máfias dos caça-níqueis e das licitações para obras foram revelados pela Polícia Federal através de procedimentos legais, tecnicamente corretos.
Agora, alguns figurões políticos andam assustados com o excesso de grampos, algemas, desconforto dos camburões. Deveriam ter se preocupado antes com a decência de seus atos.
A verdade é que o Brasil cansou de ser saqueado. Hugo Chávez, por sua vez, imaginou que o mundo democrático continuaria submisso aos seus petrodólares: calou o Congresso, subjugou o Judiciário e agora pretendia dar o golpe final no que restava de liberdade de expressão. Não contava com a reação do povo venezuelano, não contava com a repercussão externa.
Nem tudo está perdido.