Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Fenaj se afasta da coordenação do FNDC

A plenária do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) realizada no último final de semana marcou não apenas os 20 anos do fórum, mas uma mudança extremamente significativa em sua estrutura. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que sempre esteve à frente do FNDC, deixou a executiva e a coordenação da entidade.

Mais do que uma simples mudança na composição do FNDC, esta mudança deverá significar uma nova tônica na atuação do fórum, que por outro lado teve sua executiva ampliada para agregar novas entidades (agora serão nove membros, em lugar de seis). A partir de janeiro, a coordenação do FNDC passará a ser exercida por Rosane Bertotti, secretária nacional de comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT). A ascensão da CUT foi, de certa forma, uma das razões para o afastamento da Fenaj, que é uma entidade ligada à CUT, mas que discordava da ideia de ter uma central sindical coordenando um movimento específico da área de comunicação.

Segundo Celso Schröder, presidente da Fenaj, a federação dos jornalistas continuará participando do FNDC, pois acredita que o fórum é a melhor instância para discussão e atuação política sobre temas relacionados à democratização das comunicações. “A nossa saída da executiva foi uma forma de sinalizar nossa discordância sobre uma mudança de foco que está sendo dada ao fórum, em que pautas individuais de cada um dos movimentos tendem a se impor em relação a uma formulação própria do FNDC, o que sempre foi a característica do movimento”.

Mais crítico

Segundo apurou este noticiário, a ideia da nova executiva é fortalecer os laços com as diferentes entidades envolvidas no Fórum de Democratização de Comunicação, e abrir espaço para movimentos que ainda não tinham muita representatividade, sobretudo aqueles ligados à cultura digital e Internet livre. “Nosso afastamento da executiva sem dúvida é muito doloroso, mas não significa que estejamos rompendo com o FNDC. Já procurávamos passar a coordenação para uma das entidades que participam do fórum, mas não achamos que a CUT esteja na melhor posição para coordenar o movimento”, diz Schröder.

Por outro lado, havia uma crítica permanente de que o FNDC era extremamente centralizador e ouvia pouco outras entidades, além da própria Fenaj, ao formular as teses que seriam trabalhadas politicamente e as bandeiras defendidas publicamente. A ideia da nova executiva é mudar essa postura abrindo mais espaço para as entidades participantes se manifestarem.

A tendência é que o FNDC, inclusive, torne-se mais presente nos debates sobre vários temas da pauta das comunicações, já que está aglutinando uma série de novos movimentos, como Intervozes, Centro de Estudos Barão de Itararé, Fittel e Associação Brasileira de Radiodifusão Pública, entidades que se somam à própria CUT, Conselho Federal de Psicologia, Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária, Associação Nacional das Entidades de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões e Fitert, todas elas participantes da executiva.

As pautas do FNDC ainda estão sendo formalizadas, mas a tendência é que o fórum tenha uma atuação mais destacada em questões relacionadas à banda larga, e pretende ser mais crítico e incisivo na cobrança do marco legal das comunicações.