Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Festas sem sal, sem açúcar

Deveria ser um domingo (2/12) de festa televisiva. Não deu certo: a TV digital é uma promessa vaga, indefinida, e a TV Brasil é apenas uma Medida Provisória ainda não votada.


O governo tinha pressa, o calendário político exigia uma revolução na mídia eletrônica no início de 2008, ano de eleições e definições. A pressa, além de ser inimiga da perfeição é também inimiga dos debates, prefere imposições.


As duas festas foram improvisadas e decepcionantes. Mesmo com o pool montado pelas seis redes da TV comercial, a TV digital foi uma sessão-nostalgia para lembrar a antiga TV Tupi combinada com um comício político.


Quem está faturando a TV digital por enquanto é a mídia impressa com a farta publicidade dos fabricantes de equipamentos, embora o consumidor desconheça ao certo o que vai comprar – se um receptor de alta definição ou um sistema interativo e participativo – e quanto vai custar.


Forçar a barra


A indicação da diretoria executiva da rede pública, a TV Brasil, foi bem recebida, mas prejudicada pela escolha de um Conselho Curador composto majoritariamente por curiosos que não são do ramo. Desde o anúncio da rede pública ficou evidente a má vontade dos grandes grupos privados de mídia, desinteressados em atender a fatia dos telespectadores mais exigentes. Esta má vontade ficou patente nos últimos dias com a criação de um factóide destinado a prejudicar o lançamento da TV Brasil.


O afastamento das diretoras da antiga TV Educativa, do Rio, era esperado há meses, mas os jornalões o apresentaram nos últimos dias como evidência de grandes dificuldades antes mesmo do início formal de operações da TV Brasil.


Trocas de comando são perfeitamente naturais quando empresas mudam de formato e dimensões, as páginas dos cadernos de negócio noticiam todos os dias contratações e dispensas no alto escalão.


No caso da TV Brasil, a mídia privada queria forçar um trauma pré-natal. A TV digital significa faturamento, todos gostaram. A TV Brasil significa uma alternativa à iniciativa privada. Ninguém gostou.


 


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