As mudanças são sempre cheias de incertezas, mitos e dúvidas. Sempre queremos saber quais os benefícios que elas podem gerar e quais serão os beneficiados ou prejudicados.
Com a transformação da Rádio AM do Povo em filial da CBN (diga-se Organizações Globo), estamos muito preocupados a respeito da nova programação que entrará em vigor. Sabemos que o que é bom para os do Sul pode não ser bom para nós, cabeças-chatas, pois não é interessante ouvir notícias do Sul que não estão relacionadas ao nosso cotidiano. O povo cearense quer saber de suas áreas de risco, dos problemas da Fortaleza Bela, da nossa cultura, da voz cantada de nossos locutores. Enfim, queremos valorizar o que é nosso.
Não pregamos aqui o xenofobismo. Mas o que será de um povo que não valoriza o que é seu? Estaremos fadados a uma descaracterização cultural? Se a moda pega, a combalida programação local será com certeza cada vez mais atingida por interesses que certamente não são de nosso povo.
As mudanças que ora se avizinham trarão ao ouvinte uma incerteza. Perderemos a voz de nossos locutores e profissionais do rádio, que tanto fizeram pelo desenvolvimento de nosso estado? Qual o futuro dos técnicos de áudio? Que efeitos a nova programação terá nos destinos do nosso povo que quer cidadania, interatividade e respeito?
O triste é ver que tais mudanças não foram debatidas nem pelos radialistas nem pelos ouvintes: mudou e pronto. Os ouvintes perderão muito, pois não mais ouviremos alguns dos ícones do rádio que, com sua opinião abalizada e carisma, povoaram uma programação que era a cara de nosso povo.
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Presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará