Três funcionários do diário El Imparcial del Istmo foram assassinados a tiros na tarde desta segunda-feira, 08/10, quando viajavam em um veículo com o logotipo do jornal no estado de Oaxaca, no sul do país. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condenou hoje o ataque e instou as autoridades mexicanas a conduzirem uma investigação rápida e completa.
Às 13h15, uma caminhonete Equinox com vidros escurecidos perseguiu e obstruiu a passagem do veículo do El Imparcial del Istmo na estrada que liga as cidades de Salina Cruz e Tehuantepec, informou a imprensa mexicana. Segundo El Imparcial del Istmo, indivíduos não identificados desceram do carro e dispararam à queima-roupa contra o motorista Mateo Cortés Martínez e os entregadores Agustín López Nolasco e Flor Vásquez López.
Segundo a imprensa mexicana, o diretor regional de El Imparcial del Istmo, Gonzalo Domínguez, recebeu mais tarde uma ligação anônima dizendo que ele era o próximo. Luis David Quintana, subdiretor do jornal, declarou à imprensa local que o diário havia recebido várias mensagens eletrônicas e cartas durante o último mês nas quais eram advertidos de que deveriam abaixar o tom de sua cobertura sobre grupos de narcotraficantes.
Drogas e crime organizado
‘Oferecemos nossas mais sinceras condolências aos familiares, amigos e colegas de Mateo Cortés Martínez, Augustín López Nolasco e Flor Vásquez López’, disse Joel Simon, diretor-executivo do CPJ. ‘Condenamos este ataque brutal e instamos as autoridades locais e federais a conduzirem uma investigação rápida e exaustiva e a levarem todos os responsáveis à justiça.’
As pesquisas do CPJ demonstram que durante o último ano repórteres e meios de comunicação no estado de Oaxaca foram atacados em represália por suas reportagens. Em 5 de agosto, um indivíduo não identificado feriu a tiros o jornalista Alberto Fernández Portilla em frente à sua casa, em Salina Cruz, advertindo: ‘Não se meta com nosso líder.’ Fernando havia informado extensivamente sobre um caso de corrupção envolvendo o monopólio público de gás e petróleo Petróleos Mexicanos (Pemex) e seu sindicato local em Oaxaca.
Em 27 de outubro de 2006, Bradley Roland Will, cinegrafista independente de Illinois e repórter do site de notícias Indymedia, sediado em Nova York, foi assassinado durante um conflito entre manifestantes anti-governamentais e homens em trajes civis identificados por testemunhas como supostos funcionários do governo local. O assassinato de Will ainda não foi solucionado.
O tráfico de drogas e o crime organizado converteram o México em um dos locais mais perigosos para jornalistas na América Latina, segundo as investigações do CPJ. Desde que a guerra entre poderosos cartéis de drogas se intensificou, há mais de dois anos, os repórteres que cobrem estes temas têm sido vítimas de ameaças e assassinatos. [Nova York, 9 de outubro de 2007]
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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo