Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Governo em campanha contra CNN e BBC

Correspondentes estrangeiros no Zimbábue devem temer o governo local. O recado foi dado pelo Ministério da Informação, segundo nota de Celean Jacobson [AP, 23/3/07]. De acordo com artigo publicado no jornal Herald, espécie de porta-voz do governo, equipes de mídia estrangeira devem tomar cuidado, manter distância das forças de segurança e evitar o contato com políticos de oposição.


O alerta mira especialmente na CNN, acusada pelas autoridades de parcialidade. A própria imprensa zimbabuana critica a emissora americana pela cobertura do mais recente conflito entre o governo e seus opositores. Líderes da oposição teriam sido presos e torturados pela polícia quando se preparavam para uma manifestação contra a situação na capital, Harare. O principal líder da oposição, Morgan Tsvangirai, do Movimento pela Mudança Democrática, foi internado com traumatismo craniano.


O governo dos EUA condena, com freqüência, as ações repressivas do presidente Robert Mugabe sobre a oposição, e o governo dele chama a CNN de ‘ferramenta da política estrangeira de Washington’. Em declaração, o Ministério da Informação afirmou que o canal adotou uma postura imperialista e que por isso não pode mais ser reconhecido como uma fonte confiável de jornalismo equilibrado e correto.


Expulsão


O correspondente da CNN na África, Jeff Koinage, é constantemente criticado na TV e rádio estatais, e hoje faz grande parte de suas apurações sobre o Zimbábue de fora do país. Pelo menos quatro jornalistas estrangeiros já foram expulsos. Segundo o embaixador zimbabuano nos EUA, Machivenyika Mapuranga, a proibição aos repórteres da emissora continuaria em vigor porque ela e a rede britânica BBC ‘advogam em favor dos interesses imperialistas dos americanos e ingleses’. Segundo Michael Holmes, âncora da CNN, a situação é absurda. ‘Noticiar as críticas de outros governos não é agir a favor deles, é simplesmente reportar’.


Pelo menos 3,5 milhões de zimbabuanos deixaram o país nos últimos sete anos, quando cerca de quatro mil fazendeiros brancos tiveram suas terras de produção comercial confiscadas pelo plano de reforma agrária de Mugabe. A ação desestabilizou a economia do país, baseada na agricultura, e deu início a uma longa crise econômica e política.