A al-Arabiya, uma das principais emissoras de TV por satélite árabes, foi ordenada a interromper suas transmissões de Bagdá por um mês. A emissora afirmou que não foi diretamente avisada sobre a proibição, mas tomou conhecimento dela em um comunicado exibido no canal estatal al-Iraqiya.
A al-Arabiya teria entrado em contato com o gabinete do primeiro-ministro, Nouri Maliki, que confirmou a ordem mas não ofereceu razões para o fechamento do canal. Um editor da emissora afirmou que não sabe o real motivo, mas imagina que a única razão possível seja um incidente recente em que o vice-primeiro-ministro, Barham Saleh, foi entrevistado ao vivo. Antes de entrar no ar, o político se recusou a aparecer ao lado de um líder da oposição. Durante a entrevista, o apresentador perguntou a Saleh como ele poderia falar em reconciliação se não aceitava nem dividir o estúdio com a oposição. O comentário teria deixado o vice-premiê furioso.
Missão impossível
Jornalistas árabes no Iraque afirmam que a pressão do governo e de outros grupos políticos e religiosos – além de constantes ameaças de seqüestro e assassinato por grupos militantes – tornaram imensamente difícil reportar do país. Onze jornalistas da al-Arabiya foram mortos no Iraque, incluindo o correspondente-chefe Atwar Bahjat.
Principal concorrente da al-Arabiya, a al-Jazira foi banida do país em 2004. Na ocasião, a emissora foi acusada pelas autoridades de provocar violência ao exibir imagens filmadas por militantes. Em julho, Maliki havia novamente alertado às emissoras de TV que não transmitissem nada que pudesse prejudicar a estabilidade do Iraque. Informações de Sebastian Usher [BBC News, 7/9/06].