Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Grupo retorna com mídia sofisticada

O Talibã criou uma rede sofisticada de mídia para enfraquecer o suporte ao governo afegão, enviando mensagens de texto e espalhando a visão da milícia por meio de músicas disponíveis como toque de celular.

A análise, divulgada pelo International Crisis Group, segue-se ao violento retorno que a milícia muçulmana, expulsa do poder do Afeganistão em 2001 pelos EUA, vem fazendo, particularmente no sul e leste do país.

Segundo reportagem de Nahal Toosi [AP, 24/7/08], a propaganda do Talibã exibe mortes de civis por grupos internacionais e corrupção do governo apoiado pelos EUA. A análise do grupo belga também ressalta que o governo afegão e seus aliados estrangeiros deveriam reagir mais rapidamente a seus próprios erros e realçar as atrocidades do Talibã.

Muitas das mensagens – nem todas diretamente produzidas pelo Talibã – têm forma de músicas, cantos religiosos e poesia que enaltecem o nacionalismo afegão e o orgulho islâmico. Algumas das canções, como ‘Deixe-me ir à jihad’ (tradução livre), estão disponíveis como toques de telefone celular. Um dos poemas, intitulado ‘A morte é uma bênção’ (tradução livre), inclui o verso ‘Eu não vou beijar a mão de Laura Bush’. Alguns alegam guardar a fita com as músicas para o caso de serem parados pelo Talibã.

O movimento extremista também tem um sítio na web, al-Emarah (O Emirado), além de DVDs, panfletos e revistas em várias línguas, inclusive inglês. Devido à alta taxa de analfabetismo e baixo acesso à internet ou televisão, o Talibã usa meios tradicionais de comunicação para espalhar suas mensagens. Muitas vezes enviam shabnamahs – panfletos distribuídos de noite em determinada área – com ameaças aos que trabalham para as organizações internacionais ou para o governo.

A análise também afirmou que a mídia do Talibã exagera o número de mortes civis causadas por forças estrangeiras mas negam qualquer envolvimento na maioria dos bombardeios que matam um número ainda maior de afegãos.