A TV paga brasileira tem mais canais eróticos do que educativos. São seis dedicados ao sexo contra três exclusivamente voltados à educação segundo revelou matéria publicada na Folha Online.
O número consta do ‘Anuário Pay TV 2008’, o mais respeitado levantamento do mercado de TV por assinatura no país, editado há 11 anos. Entre os seis canais, apenas um deles – o For Man – exibe filmes adultos de conteúdo gay. Os outros cinco são Playboy TV, Private, Sexy Hot, Vênus e Canal Adulto. Já os educativos são Canal Autodesenvolvimento (AD), Futura e SescTV. Mas não foram incluídas na lista emissoras que exibem conteúdo educativo, mas são vendidos com outras categorias, como infantil (TV Rá Tim Bum, por exemplo) ou de documentários (Animal Planet, Discovery Channel etc.).
Canais eróticos também superam os de musicais. Cinco entre eles – a MTV, o VH1 e suas variações.
E tem quem critique a TV aberta dizendo: ‘Ainda bem que eu tenho TV a cabo e não fico à mercê disso!’ Me perguntará você neste instante: ‘Existe diferença entre ter vários canais de baixo calão, ou ter vários calões de baixo valor?’ Traduzindo, isso era o que eu gostaria que as pessoas perguntassem. Está bem, digam que eu vivo de ilusão.
Elogios desmerecidos
A pergunta correta, se é que a resposta já não chega naturalmente antes da pergunta, é: o que é uma TV de qualidade? Seja em instância privada, fechada ou pública, aberta.
Falam mal do Big Brother Brasil porque a Globo não tem vergonha, escrúpulos etc. Mas os mesmos que falam isso, assinam TV a cabo e aplaudem a esplêndida programação do Multi Show e porque isso e aquilo… Só por status de ser da TV restrita, desculpem, a cabo. Que passa os melhores programas e blá-blá-blá, além do BBB.
Acho lindo criticar Luciana Gimenez e elogiar a Oprah. Descascar o Silvio Santos e vangloriar o David Lettermann. Pisar no Raul Gil e babar ovo para o Eddie Murphy.
Não sei se a piada é falar mal da TV aberta, ou elogiar a TV a cabo. A mudança tem que ser na essência. Enquanto para tudo na vida as pessoas tiverem dois pesos e duas medidas, nada mudará, a não ser o alvo. Alvo às vezes merecido, às vezes não! Bem como temos casos de elogios desmerecidos, como a TV a cabo.
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Ator, diretor teatral, cantor, escritor e jornalista, Florianópolis, SC