Como os jornais estão sem apetite para manter as denúncias de escândalos, talvez se interessem por algo tão estapafúrdio quanto a decisão do Senado em aumentar o número de vagas para vereador em plena crise econômica.
No domingo (21/12), em notícia de primeira página, o prestigioso diário espanhol El País informou que o caudilho Hugo Chávez vai lançar-se em nova campanha. Desta vez para provar que o herói da independência, Simon Bolívar, seu ídolo pessoal, foi assassinado em 1830 graças a um conluio de interesses norte-americanos, colombianos e espanhóis [ver ‘La reinvención de la agonía y muerte de Bolívar‘].
Não interessa a Chávez a farta documentação médica, inclusive a autópsia do Libertador, onde se comprova que Bolívar morreu de tuberculose pulmonar contraída na infância e reativada na idade adulta. Hugo Chávez nomeou uma comissão de historiadores oficiais que diz possuir dois mil documentos para provar a hipótese de assassinato, e a peça principal é uma carta apócrifa de uma ex-amante de Bolivar na França, escrita com ‘misteriosos códigos maçônicos’.
Quem não vai gostar da história é o Nobel de Literatura, o colombiano Gabriel García Márquez, que no seu primoroso O general em seu labirinto descreve em minúcias a morte do Libertador consumido pela tuberculose. A charlatanice organizada por Chávez logo será noticiada aqui e talvez até encontre simpatizantes. No recesso do Natal há lugar para tudo.