A matéria no New York Times, ‘Hábito de beber de Lula se torna preocupação nacional’, é a maior prova do comprometimento da Editora Abril com a reação de direita no Brasil. Toda a matéria é fundamentada em outras já publicadas em algum veículo do grupo [a Veja é citada duas vezes]. Preconceito baixo nível; comparar o Lula ao Jânio é no mínimo ignorância histórica.
Gustavo Raft, estudante, São Luís
A pior entrevista
Não vi a entrevista e não gostei, mas, aproveito para fazer uma pergunta: qual foi a pior, essa do Lula com o Ratinho ou aquela do FHC com os tubarões da mídia grande há alguns anos? Os tubarões foram salvos na bacia das almas pela jornalista Eleonora de Lucena. Portanto, alguém acusar o Ratinho de não ter sido incisivo com o presidente me parece brincadeira. O presidente não tem medo de jornalista, e sim, do povão, tanto que ele não sai mais à rua. Jornalista ele vê todo dia, seja dia útil, seja domingo e feriado.
Nedi Carlos da Rosa, autônomo, São Paulo
Lula está se escondendo da imprensa – Ricardo A. Setti
Salivando de ódio
Há muito venho escrevendo à Folha criticando a forma tendenciosa e absolutamente parcial com que noticiam e comentam o governo Lula. Tomo a liberdade de enviar uma carta que mandei ao ombudsman.
‘É impressionante a irritabilidade, o irracionalismo e a inconsistência das críticas que alguns dos colunistas desta Folha, principalmente da página editorial, dedicam diariamente ao governo, ao PT ou à pessoa de Lula, como se tudo estivesse desabando e o governo conspirasse todo o tempo contra o país. Se nós, leitores, pudéssemos reproduzir em caricatura a impressão que nos passam do momento em que escrevem, com certeza os representaríamos salivando de ódio ou prazer doentio.
‘Pior que se dispara em todas as direções, independentemente daquilo que o governo faça ou deixe de fazer. Se não há muito fato novo, é sinal de crise ou paralisia no governo; se o governo lança algum programa ou libera recursos para alguma ação social, é apenas para abafar a tal da crise e as críticas de paralisia. Se o risco país se mantém baixo e o dólar estável, como acontece desde o início, é porque o governo está rendido ao mercado e aos especuladores internacionais; se um belo dia acontece alguma variação negativa, imediatamente noticiada em manchete, é porque é falso todo o discurso de Lula sobre credibilidade. Se o PT ou o governo critica os oposicionistas, é porque ainda não sabe ser governo; se as críticas vêm do PT ou dos aliados, é que o governo está dividido. Se há excessos de invasões do MST, é porque o governo não sabe fazer a reforma agrária; se Rosseto e o próprio Lula dialogam amistosa e intimamente com os líderes, é porque estão legitimando as ocupações. Se Lula não fala nada, é porque está angustiado ou não quer saber da imprensa; se lê o discurso, é porque está sendo manipulado por Duda Mendonça; se fala de improviso, é atacado pelos termos simples e populares que usa. Isto sem falar na seleção maliciosa e no exagero dado a certos fatos noticiados, como aconteceu no episódio do Waldomiro, ou ainda nas ridículas críticas quanto ao formato de um jardim plantado no Alvorada.
‘Ora, não sou e nunca fui do PT, mas ninguém pode negar que é o partido mais democrático e ético do país, historicamente construído por ferrenhos debates internos. E ninguém pode duvidar do trabalho, caráter disposição e condições históricas de Lula para transformar o país, nas questões internas e internacionais. Tampouco se pode duvidar da sua capacidade oratória, adquirida desde os tempos do sindicato. Lula fala a linguagem do povo, e não é por demagogia, mas por formação cultural. É muito confortável dispor diariamente de uma coluna num dos maiores jornais do país para falar o que quiser contra qualquer governo. Mas quem protege os leitores dos maus jornalistas? Otavio Frias Filho se esqueceu de dizer que além de Lula (do que discordo frontalmente) outra pessoa muito importante trabalha dia e noite para FHC: o próprio Otavio Frias e o seu grande jornal Folha de S.Paulo.’
A este senhor e ao seu jornal, sim, não apenas FHC, mas também o PFL, deveria erguer uma estátua de gratidão, pela direção tendenciosa e parcial assumida desde o primeiro dia do governo Lula. (Aliás, é impressionante como o senhor Bornhausen, incapaz de qualquer raciocínio político lógico, tem espaço neste jornal.) Mas gostos políticos são discussões à parte. Agora, quando o Sr. Otavio Frias começa a comparar o ‘jeito de ser’ de Lula e de FHC se mostra totalmente segregador, chegando mesmo às raias do racismo. O ‘discernimento intelectual e elegância cosmopolita’ que Frias atribui a FHC casam bem com o tipo de Brasil em que esta elite empresarial pensa viver. Lula não é ‘desabrido e rudimentar’, senhor Frias, Lula é brasileiro. Sua história não é a história de fachada do ex-presidente, que é muito poliglota lá fora, mas nunca conheceu verdadeiramente o que é o Brasil. Quando teve a oportunidade de demonstrar algum conhecimento, deu no que deu.
Se ainda não deu para sentirmos uma mudança de rumos significativa no país é porque a escória é muito pesada, e dela fazem parte também muitos empresários da mídia.
Carlos Versiani, professor universitário, Belo Horizonte
Maluf maltratado
Gostaria que o Observatório fizesse comentários e análises sobre a forma com que as emissoras de televisão e os jornais trataram o caso envolvendo Paulo Maluf. Pelo que me parece a TV Globo foi muito tendenciosa e deixou claro que não tem nenhuma simpatia por Maluf, e parece que teme a vitória do candidato do PP sobre Marta Suplicy (a quem a Globo presta muitos favores em seus programas) nas eleições municipais de 2004.
André Victor Sartorelli, estudante, São Paulo
Abuso de poder
Em Imbituba, o prefeito Osny Souza Filho (PMDB), para impedir que os jornais contestem sua administração, promove a política de repressão por meio do Judiciário. O prefeito protocolou contra o jornal O Popular nada menos do que 121 ações criminais e cíveis no mesmo dia. Sua equipe de advogados, pagos com dinheiro público, preparam algumas dezenas de processos, desta vez contra o jornal Nosso Povo. Aqui é assim, ou cedemos aos encantos do prefeito ou somos severamente perseguidos. Pedimos o apoio dos colegas jornalistas do Observatório.
Maria Aparecida Vichiett da Silva , jornalista, Imbituba, SC
Cheiro de censura
Seria interessante que alguém do OI comentasse o corte sem explicação da TV Senado, que transmitia ao vivo audiência na Comissão de Educação. O assunto era o empréstimo do BNDES às empresas de comunicação, que este veículo chama apropriadamente de ‘Mídia de Pires na Mão’. Senti um cheiro de censura no ar. O senador Osmar Dias manifestou seu protesto na tribuna. Um assunto de suma importância para a sociedade (que pagará a conta) foi para o espaço, por ordem sabe-se lá de quem.
Luiz Antonio de Sousa da Silveira, engenheiro, Rio de Janeiro