Wednesday, 13 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Imprensa ativa, sociedade participativa

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa. Você sabe que toda pergunta tem duas respostas, o sim e o não, mas o referendo das armas contém uma outra pergunta que não vai aparecer nas urnas – a mídia está conseguindo acompanhar o debate com isenção? A imprensa está ajudando a esclarecer? Jornais, rádios, revistas e televisões estão fornecendo elementos para que você forme juízos e saiba acionar a tecla apropriada no dia 23?


Esta segunda pergunta sobre o desempenho da mídia sobrepôs-se à própria pergunta do referendo a partir da publicação da capa da Veja quando a revista engajou-se fortemente na campanha do não. Na semana seguinte, os semanários concorrentes resolveram contestar e de repente temos a sociedade brasileira discutindo o desarmamento e, junto, discutindo o comportamento da mídia.


Neste observatório da imprensa de proporções federais, seria bom não esquecer que, num referendo ou plebiscito, o papel da mídia é fundamental para o esclarecimento do cidadão. Numa eleição regular para o Executivo ou Legislativo votam-se em partidos e números, mas numa consulta, seja ela referendo ou plebiscito, escolhem-se idéias.


Ao escolher um nome ou partido somos influenciados por empatias e antipatias, mas num referendo temos que exercitar a nossa capacidade de discernir idéias sempre mais abstratas do que um rosto, um nome e uma sigla.


É justamente essa diferença que torna o papel da mídia tão importante numa consulta popular. Sem uma imprensa engajada na sua função educativa é impossível levar ao eleitorado as diferentes argumentações. Sem uma imprensa minimamente eqüidistante é impossível desfazer dúvidas do eleitor. Sem uma imprensa ativa não se cria uma sociedade participativa.


Então pergunta-se: nossa imprensa está sabendo desempenhar sua missão mediadora a respeito da compra de armas? A imprensa está sabendo valorizar a idéia dos referendos regulares como instrumentos da soberania popular? A grande verdade é que, além do sim e do não, há muitas questões a serem consideradas.