Levantamento realizado pela União Internacional das Telecomunicações (UIT), órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), confirma uma realidade sentida diariamente pelo brasileiro: a internet no País é muito cara. Segundo a UIT, o custo da assinatura mensal de 1GB pela internet no celular no Brasil é de US$ 29,50, e a média entre os países desenvolvidos é de US$ 16,30. E, logicamente, o alto custo da internet no País é um obstáculo a que mais pessoas tenham acesso à rede. Vale lembrar que, no início de 2014, apenas 10% da população brasileira tinha conexão com a internet.
Segundo a UIT, nos últimos 15 anos, o número de usuários de internet passou de 400 milhões para 3,2 bilhões, e 2 bilhões dos atuais usuários estão em países emergentes. Ainda que – como afirma a UIT – esses números mostrem que “as tecnologias da informação e comunicação têm crescido de uma forma sem precedentes, proporcionando grandes oportunidades para o desenvolvimento social e econômico”, eles também indicam uma dura realidade: em pleno ano de 2015, a maior parte da população mundial – atualmente estimada em 7,2 bilhões de habitantes – não tem acesso à internet. No planeta, são 4 bilhões de pessoas que ainda estão offline.
A internet é ainda um bem escasso em muitos países e há um enorme abismo entre os países ricos e pobres em relação ao acesso à rede. Nos países desenvolvidos, 89% da população acessa a internet. Já nos países menos desenvolvidos, esse porcentual não chega a 10%. De uma população de 940 milhões de pessoas nos países mais pobres, apenas 89 milhões possuem algum tipo de conexão com a internet.
De acordo com os dados da UIT, o acesso móvel à internet é o que vem crescendo em maior velocidade. Em 2000, em todo o mundo havia 738 milhões de assinaturas com esse tipo de conexão. Ao fim de 2015 serão 7 bilhões, estima o órgão da ONU. Prevê-se também que, até o fim do ano, os planos 3G atenderão 69% da população mundial. A parcela menos atendida será a que reside em zonas rurais – dos cerca de 3,4 bilhões de pessoas que estão nessa situação, 29% terão acesso à internet móvel.
Para o secretário-geral da UIT, Houlin Zhao, “esses novos dados não apenas mostram o rápido progresso tecnológico feito até agora, mas também nos ajudam a identificar quais processos estão sendo deixados de lado na rápida evolução da economia digital, assim como as áreas em que os investimentos das tecnologias de comunicação e informação são mais necessários”.
O levantamento da UIT aborda também a diferença de velocidade da internet banda larga entre os países. Por exemplo, na Coreia do Sul, onde 40% da população tem acesso à internet, todas as conexões oferecem velocidades maiores que 10 Mbps. Já no Brasil, metade das conexões à internet situa-se entre 256 Kbps e 2 Mbps. Para ter uma ideia, a Federal Communications Commission (FCC, agência reguladora norte-americana de comunicação) defende que o conceito de “internet banda larga” seja aplicado apenas a velocidades superiores a 25 Mbps, em respeito ao consumidor.
Nesse aspecto, os serviços de conexão nacionais precisam ainda melhorar muito para que possam ser considerados minimamente razoáveis. O usuário de internet brasileiro frequentemente se depara com quedas imprevisíveis de velocidade, e até mesmo com a interrupção completa da conexão, sem qualquer aviso prévio. Conectar-se à rede no Brasil é, às vezes, um desafio não isento de riscos. A internet é ainda cara, lenta e instável.
O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia (TeleBrasil) questiona os dados da UIT, já que o órgão internacional não usa como base os valores de fato cobrados pelas operadoras, e sim o preço de tabela das tarifas. Para a UIT, usar essa base de preços, sem descontos, é o modo viável para comparar os valores cobrados nos diferentes países.
Polêmicas à parte, é evidente que o preço da internet no Brasil é muito alto e a qualidade ainda deixa a desejar.