A Rede Mundial de Computadores nunca foi tão local. Com a tecnologia necessária para explorar qualquer parte do planeta, os jornais americanos decidiram que o melhor é se ater a sua própria vizinhança. Este foi o consenso na Mid-Year Media Review, conferência que reúne executivos de empresas de comunicação, investidores e analistas para discutir estratégias de crescimento para o setor, realizada na semana passada, em Nova York.
Com o jornalismo impresso em crise, prejudicado pela diminuição do número de leitores e, em conseqüência, a queda da receita publicitária, grande parte dos publishers presentes ao encontro apontou a internet como solução-chave para o crescimento que a indústria tanto procura.
A rede fornece às empresas as ferramentas ideais para atrair novos leitores, o que levaria ao aumento também nos investimentos publicitários, crêem os executivos. Para tanto, a estratégia não tem sido expandir o alcance das páginas dos jornais, e sim conquistar a confiança do público local. Mais do que noticiar os fatos ocorridos nas comunidades, os sítios agora criam um verdadeiro fórum sobre elas, com a participação especial de seus habitantes.
‘Muitos dos nossos sítios se engajam no jornalismo-cidadão, em fóruns comunitários, em chats e outras formas de interatividade’, conta Sue Clark-Johnson, chefe da divisão de jornais do grupo Gannett, que publica 90 jornais americanos, entre eles o gigante de vendas USA Today. A receita publicitária nos sítios de notícias do Gannett subiu 43% desde o início de 2006.
Crescimento total
Ao expandir sua comunidade online em nível local, os jornais esperam convencer investidores e anunciantes de que o consumo de seus produtos está crescendo – ainda que as estatísticas da indústria mostrem que grande parte da circulação paga dos impressos está em queda. Como é justamente nos números de circulação que eles confiam para determinar a saúde de uma publicação e decidir se devem ou não aplicar nela seu dinheiro, as companhias tentam fazer com que eles passem a analisar o número total de leitores, incluindo, além do título impresso principal, as publicações menores e seus sítios de internet.
‘Nós tivemos muito sucesso em migrar nossos principais produtos para a internet, e estamos criando novos produtos o tempo todo – que não são, necessariamente, visíveis aos investidores’, afirma Robert Decheret, executivo-chefe do Belo Corp., cujas publicações incluem o Dallas Morning News e o Providence Journal.
A receita online dos jornais tem crescido cerca de 30% ao ano, mas responde, em média, por apenas 5% da receita total nas empresas de jornais, ressaltaram os executivos na conferência. Representantes da Tribune Co., que publica o Los Angeles Times e o Chicago Tribune, esperam que a receita online chegue a responder por 15% da indústria em 2010. ‘É muito importante que passe dos 10% para que seja um crescimento de receita sustentável’, completa Decheret. Hoje, a receita da internet representa 7% da receita total da Belo. ‘Está ficando melhor a cada ano’, diz ele. Informações de Robert MacMillan [Reuters, 23/6/06].