Em audiência na terça-feira (16/5), o New York Times e a revista Time concordaram em entregar blocos de anotações de seus repórteres, relacionados à apuração do caso Valerie Plame, ao juiz Reggie B. Walton. O objetivo em deixar que o juiz revise as anotações é fazer com que ele decida se o material deve ou não ser entregue aos advogados de Lewis Libby, que se prepara para julgamento marcado para o início de 2007.
O ex-chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney foi indiciado por obstrução à justiça, falso testemunho e perjúrio, em outubro do ano passado, após ser identificado pela jornalista Judith Miller como sua fonte no vazamento da identidade da então agente secreta da CIA Valerie Plame. Judith, na época repórter do New York Times, teria recebido a informação de Libby, mas nunca publicou matéria sobre o assunto. Ela passou três meses na cadeia – por se recusar a revelar sua fonte – antes de apontar o então funcionário governamental.
Cerco à imprensa
O caso contra Libby é centrado principalmente em seus depoimentos ao grande júri e em conversas que ele teve com repórteres em 2003. Os advogados do ex-chefe de gabinete pedem, desde abril, as anotações feitas por jornalistas que possam ter relação com o caso. Eles pretendem chamar também pelo menos seis jornalistas para testemunhar no julgamento – esperam que os profissionais de imprensa digam que, durante suas conversas com Libby sobre o marido de Valerie Plame, o diplomata Joseph Wilson, o nome da agente nunca foi mencionado.
O Times e a Time, assim como a rede de TV NBC, entraram com uma ordem judicial para anular a intimação, argumentando que o pedido dos advogados era ‘muito amplo’ e que partes do material ‘nem mesmo existiam, eram irrelevantes ou protegidas’. O Washington Post e a CNN, por sua vez, entregaram algumas das informações pedidas ‘para satisfazer os advogados de Libby’, mas, segundo os veículos, sem violar os compromissos com as fontes dos jornalistas envolvidos.
Ainda Judith Miller
Grande parte da audiência desta semana foi concentrada nos blocos de anotação de Judith Miller, que conversou por três vezes com Libby, em junho e julho de 2003, sobre o trabalho de Wilson. A jornalista fez referências ao nome de Valerie em suas anotações. Judith afirmou também em depoimento que discutiu o assunto com outros funcionários do governo, mas alegou não lembrar seus nomes. O Times entregou a Libby uma ‘cópia editada dos blocos’, mas seus advogados alegam que precisam ver outros nomes e números de telefone nas anotações de Judith para descobrir quem mais pode ter conversado com ela sobre Valerie Plame.
O promotor Patrick Fitzgerald investiga, desde 2003, o vazamento da identidade de Valerie, publicada inicialmente pelo colunista sindicalizado Robert Novak em julho daquele ano. A revelação é vista por críticos como uma represália a Wilson, ex-embaixador dos EUA, que pouco tempo antes havia assinado um artigo no Times questionando as justificativas do governo Bush para dar início à guerra no Iraque. Informações de R. Jeffrey Smith [The Washington Post, 17/5/06].