Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Lorde Black indiciado por fraude

O ex-magnata de mídia Conrad Black foi indiciado nesta quinta-feira (17/11) por um tribunal de Chicago, nos EUA, sob acusações de fraude. Black e outros três executivos são acusados de roubar US$ 51,8 milhões da Hollinger International, que já foi um dos maiores impérios de mídia do mundo.


O relatório do indiciamento, lido pelo promotor Patrick Fitzgerald, detalhou o plano dos empresários para desviar a quantia e mascarar o crime com a venda de pequenos jornais canadenses para empresas como a CanWest Communications, em 2000. Black e seus parceiros também teriam usado dinheiro e bens da Hollinger para fins pessoais.


As irregularidades vão desde o uso de um avião da Hollinger para passar férias em Bora Bora até o financiamento de dois apartamentos na valorizada Park Avenue, em Nova York. Em 2000, a festa de aniversário da mulher do então magnata em um restaurante em Nova York custou a bagatela de US$ 62 mil. Black entrou com US$ 20 mil e os US$ 42 mil restantes foram pagos com dinheiro corporativo.


Black foi afastado da diretoria do conselho da Hollinger International em 2003 após uma investigação sobre bônus e pagamentos extras recebidos por ele e outros executivos. Desde então, ele luta contra as acusações de fraude e roubo e tenta obter mais poder através da Hollinger Inc., subsidiária do grupo.


Em agosto deste ano, o ex-publisher da Hollinger International e braço direito de Black, David Radler, e Mark Kipnis, ex-conselheiro jurídico, foram indiciados sob acusação de participarem de um complexo esquema para desviar US$ 32 milhões através de uma série de pagamentos não-autorizados. Kipnis se declarou inocente, mas Radler concordou em cooperar com as autoridades em troca da redução de sua pena.


O depoimento de Radler possibilitou os indiciamentos desta semana. Os outros acusados são John A. Boultbee, ex-diretor financeiro, Peter Atkinson, ex-vice-presidente-executivo, e, novamente, Kipnis. A Ravelston, companhia falida controlada por Black, também é acusada de participação nos crimes, já que aparece como beneficiária de parte da quantia desviada.


O advogado de Black, Edward Greenspan, declarou que seu cliente é inocente de todas as acusações. ‘Será provado que ele sempre agiu dentro da lei’, afirmou. Se condenado, o empresário pode pegar até 40 anos de prisão e ter de pagar US$ 2 milhões de multa. Boultbee enfrenta esta mesma pena. Kipnis pode pegar até 45 anos e US$ 2,25 milhões de multa. Atkinson, pena máxima de 30 anos e multa de US$ 1,5 milhão. A Ravelston pode ter que pagar US$ 3,5 milhões. Um mandado de prisão foi expedido para Black, mas espera-se que ele compareça por livre e espontânea vontade ao tribunal em Chicago.


A Hollinger International, que Black ajudou a construir, controlava, nos bons tempos, títulos como o americano Chicago Sun-Times, o britânico Daily Telegraph e o Jerusalem Post. Com informações de Abdon M. Pallasch [Chicago Sun-Times, 17/11/05], David Teather [The Guardian, 18/11/05], David Bailey [Reuters, 17/11/05] e Geraldine Fabrikant [The New York Times, 18/11/05].