Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mais para muitos 

Fim de ano é época parca de grandes assuntos jornalísticos, regra quebrada apenas quando da ocorrência de tragédias ou de convulsões sociais. Pode ter sido decorrência da pauta minguada a manchete de quarta-feira (28/12) da Folha de S.Paulo: ‘Planalto pulveriza sua propaganda em 8.094 veículos’. A matéria a que remete a chamada de capa (na pág. A4) é relativamente curta – texto de 361 palavras apenas – mas correta, e com dados importantes sobre a distribuição física da publicidade oficial nos oito anos de governo do presidente Lula.


A matéria mostra que em janeiro de 2003, quando da posse do presidente ora em fim de mandato, as verbas de publicidade do governo federal eram distribuídas para apenas 499 veículos de comunicação, localizados em 182 municípios brasileiros. Hoje, esses recursos chegam a mais de oito mil veículos de comunicação com sede em 2.733 cidades do país. Um salto e tanto na capilarização das verbas e na disseminação das mensagens publicitárias junto a novas audiências.


Bem-vinda


O texto do jornalista Fernando Rodrigues informa que além de jornais, revistas e emissoras de rádio e TV, a publicidade oficial privilegiou sites e blogs na internet: eram 11 veículos nessa rubrica em 2003 e agora são 2.512 – o que reforça a importância das mídias digitais nas estratégias de comunicação pública. O volume total de investimentos do governo em publicidade nos oito anos de Lula, somados aos custos de produção, publicidade legal e patrocínio, foi, em média, de R$ 2,3 bilhões ao ano – o que não é pouca coisa.


A matéria é correta, sem juízos de valor [ver abaixo]. A ver o que o jornal, que em edição dominical (16/12) publicou editorial de primeira página elogioso ao governo, pensa de tudo disso. A pulverização da publicidade oficial, em um país continental como o Brasil, será sempre bem-vinda. Será que vêm mais elogios por aí?


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Lula coloca publicidade estatal em 8.094 veículos


Fernando Rodrigues # reproduzido da Folha de S.Paulo, 28/12/2010


Quando Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, em janeiro de 2003, apenas 499 veículos de comunicação recebiam verbas de publicidade do governo federal. Agora, o número foi para 8.094.


Esses jornais, revistas, emissoras de rádio, de TV e ‘outros’ estão espalhados por 2.733 cidades. Em 2003, eram só 182 municípios.


Só neste ano eleitoral de 2010, o dinheiro para publicidade de Lula passou a ser distribuído para 1.047 novos veículos de comunicação.


A categoria ‘outros’ inclui portais de internet, blogs, comerciais em cinemas, carros de som, barcos e publicidade estática, como outdoors ou painéis em aeroportos.


Chama a atenção o aumento do número de ‘outros’. Em 2003, eram apenas 11. Agora, são 2.512. A informação do governo é que a maioria é composta por sites e blogs na internet.


Lula e sua equipe de comunicação não escondem a simpatia pelo novo meio digital. O presidente foi o primeiro a conceder uma entrevista exclusiva dentro do Planalto para o que a administração petista chama de ‘blogs progressistas’.


Lula da Silva avançou na transparência em relação ao governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.


Nunca existiu esse tipo de estatística até 2003. Ainda assim, há buracos negros no processo. Não se sabe quais são os veículos que recebem verba de publicidade estatal nem quanto cada um ganha.


O valor total gasto nos dois mandatos de Lula, até outubro deste ano, foi R$ 9,325 bilhões. Dá uma média anual de R$ 1,2 bilhão.


Essa cifra não inclui três itens importantes: custo de produção dos comerciais, publicidade legal (os balanços de empresas estatais) e patrocínio -dinheiro para financiar projetos esportivos e culturais, entre outros.


Produção e publicidade legal consomem cerca de R$ 200 milhões por ano. No caso de patrocínio, o governo gastou uma média anual de R$ 910 milhões de 2007 a 2009.


Tudo somado, Lula gasta R$ 2,310 bilhões por ano com propaganda. Os valores são semelhantes aos do governo FHC, embora inexistam estatísticas precisas à disposição.


A diferença do petista para o tucano foi a dispersão do dinheiro entre os atuais 8.094 jornais, revistas, emissoras de rádio, de TV e sites na web. Um espetáculo de 1.522% de crescimento de veículos atendidos.