O Brasil está mal de banda larga. Um estudo divulgado na semana passada pela fabricante de equipamentos de rede Cisco mostrou que, no ano passado, a velocidade média da conexão brasileira ficou em 8,3 megabits por segundo (Mbps), menos da metade da média mundial, de 20,3 Mbps. A previsão para 2019 é de que essa distância se mantenha, com média de 19 Mbps no Brasil e de 42,5 Mbps no mundo.
Um dos motivos para isso é a presença tímida de conexões de fibra óptica por aqui. No mês passado, havia pouco mais de 1 milhão de acessos em fibra no País, num total de 24,6 milhões de conexões fixas de banda larga. “O custo da fibra já se tornou bem competitivo”, afirma Nelson Saito, presidente da seção latino-americana do FTTH Council Americas, associação que tem por objetivo a promoção dessa tecnologia. A previsão é de que, até 2019, o Brasil tenha perto de 5 milhões de acessos em fibra.
A fibra óptica permite velocidades muito maiores do que as redes convencionais de telefonia fixa e de TV a cabo. Até alguns anos atrás, eram mais caras e mais complexas de se instalar que as alternativas de cobre. O custo, no entanto, vem caindo, conforme a tecnologia vai se tornando mais disseminada ao redor do mundo.
Além disso, é um investimento que compensa num prazo mais longo, já que o limite atual de velocidade está nos equipamentos que vão nas pontas das fibras, e não no cabo óptico em si. Fora do Brasil, as operadoras já testam acessos de 100 gigabits por segundo (Gbps). Ou seja, 100 mil Mbps. Inicialmente, esse tipo de serviço será oferecido para clientes corporativos. O Google tem vendido acesso de 1 Gbps em algumas cidades dos Estados Unidos por US$ 70 mensais.
Além das grandes operadoras, têm surgido no Brasil empresas regionais que investem em fibra, como a Brisanet, em cidades do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte; e Superonda, em municípios do Rio. “Com um investimento de R$ 50 mil, é possível atender a 30, 40 assinantes”, afirma Saito. Na sua visão, a atual concentração do mercado brasileiro de telecomunicações, com a compra da GVT pela Telefônica Vivo, dá espaço para a criação de novas operadoras.
O executivo destaca que, depois da Vivo, são as pequenas operadoras os principais consumidores de fibra óptica no Brasil. Por terem surgido recentemente, essas empresas construíram suas redes direto em fibra. Um fator que muitas vezes atrasa o investimento das operadoras mais antigas é a extensa rede de cobre que elas já têm instalada, e que precisa ser substituída por fibra. Durante a campanha, a presidente Dilma Rousseff prometeu lançar o Banda Larga Para Todos, plano que levaria, até 2018, conexão em fibra para 45% das residências urbanas. Até agora, não foi anunciado.
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Renato Cruz é colunista do Estado de S.Paulo