Os números de uma pesquisa divulgada recentemente pelo Audit Bureau of Circulation, órgão responsável pela auditoria de jornais e revistas nos EUA, revelaram que a tiragem dos jornais americanos teve a maior queda já registrada em um semestre desde 1991. Diante da atual crise na imprensa, muitos diários vêem-se obrigados a reduzir custos. Neste ano, 1.900 empregos em jornais de médio e grande porte nos EUA foram eliminados. Em setembro, a New York Times Company anunciou que cortaria 500 empregos, 8% de sua força total de trabalho. Nas últimas semanas, pelo menos nove grandes jornais anunciaram cortes em seu quadro de funcionários, incluindo o San Jose Mercury News, do grupo Knight Ridder. Esta semana a crise chegou às redações de cinco jornais do grupo Tribune.
O Los Angeles Times irá eliminar 85 posições nas suas redações, o que representa 8% de sua equipe editorial. Alguns destes cortes foram feitos através de um programa de demissão voluntária, afirmou o editor Dean Baquet em memorando enviado aos funcionários. Em outro comunicado, o publisher Jeff Johnson contou aos empregados que cortes em outros departamentos serão feitos nas próximas três semanas, assim como iniciativas para aumentar a circulação do jornal e a receita publicitária.
Em Chicago, o publisher do Chicago Tribune, David D. Hiller, anunciou em um memorando na quarta-feira (16/11) que pretende realizar cortes de ‘menos de 100’ funcionários ao longo das próximas três semanas em todos os departamentos do jornal – que emprega cerca de três mil pessoas. De acordo com um memorando à equipe, demissões voluntárias não estão planejadas. ‘Indivíduos cujas posições forem eliminadas receberão um seguro-desemprego’, escreveu Hiller. O memorando faz alusão à queda do valor das ações da Tribune Company, afirma que o jornal irá ‘inovar e mudar’ e que a ‘única solução real é encontrar custos a serem reduzidos e usar as economias para ajudar a financiar investimentos’.
A publisher do Orlando Sentinel, Kathy Waltz, informou à equipe que o jornal cortaria ‘um número limitado de posições’, sem informar quantas e em quais departamentos. No Daily Press, na estado da Virgínia, oito funcionários foram demitidos – quatro deles da redação. O Morning Call, da Pensilvânia, anunciou que oferecerá demissões voluntárias aos funcionários do departamento comercial e da redação. A porta-voz do Tribune Co. afirmou que não houve ordem oficial sobre cortes, mas alegou que eles estão sendo anunciados na medida em que os jornais desenvolvem seus planos individualmente.
Menos anúncios e queda na tiragem = corte de empregos
Grande parte dos cortes nos jornais deve-se à grande pressão de investidores para mostrar que eles podem ainda funcionar como um negócio rentável no futuro, analisa Seth Sutel [AP, 17/11/05]. Um dos grandes problemas enfrentados pela indústria dos jornais é o fraco crescimento nas vendas de anúncios. De acordo com analistas, espera-se que o crescimento atinja apenas 3% este ano – 5,2% a menos do que no ano passado.
A queda nas peças publicitárias acontece porque muitas empresas transferiram seus anúncios das páginas impressas para a internet, visto que muitos anunciantes estão preocupados com a constante queda na tiragem dos jornais desde 1998. Hoje, muitos jovens preferem mídias como TV a cabo ou internet como fontes de notícias. Apesar destes fatores negativos, até agora os jornais ainda são um negócio rentável, afirma o analista de mídia John Morton. Os investidores estão preocupados, entretanto, se eles continuarão a sê-lo no futuro. Informações da Editor & Publisher [16/11/05] e de Gary Gentile [AP, 17/11/05].