Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

MST protesta contra o Estadão

A matéria publicada nesta quinta-feira (25/5) em O Estado S. Paulo, intitulada ‘Correios entram na lista de alvos do MST’, demonstra um profundo preconceito e contribui para difundir a incompreensão em relação à luta dos trabalhadores rurais. Na quarta-feira, no Rio Grande do Sul, milhares de famílias sem terra, pequenos agricultores e assentados, participaram de mobilizações em defesa de medidas do governo federal para a agricultura camponesa.

Entre as atividades, os lavradores foram até os Correios em seis municípios do interior gaúcho e em Porto Alegre para enviar ‘cartas sociais’ ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a exigência da desapropriação da Fazenda Guerra, um latifúndio de 7 mil hectares que representa um atraso para a região norte do estado.

O ato cidadão, de caráter simbólico e coletivo, aconteceu de maneira pacífica e, inclusive, depois foi repetido por 23 prefeitos da região, favoráveis à criação de um assentamento na área para produzir alimentos de qualidade para a população local. Dessa forma, iniciamos uma campanha nacional pela desapropriação deste latifúndio.

Respeito à verdade

Os Correios, órgão federal de caráter público e respeitado pela sociedade brasileira, não se constituem ‘alvo do MST’, como sugere a reportagem. Jamais abandonamos os nossos compromissos históricos com a luta pela reforma agrária e justiça no campo. As pessoas que acompanharam os atos de perto – que não foi o caso do repórter nem dos editores do Estadão – viram que na manifestação dos movimentos da Via Campesina não aconteceu nenhum ato violento. Pelo contrário, os sem-terra chegaram à agência dos Correios, conversaram com os trabalhadores do órgão público sobre qual seria a melhor forma de enviar as cartas, entraram no local, enviaram as cartas ao presidente Lula e foram embora, terminando o ato simbólico em repúdio ao latifúndio.

O título da matéria do Estadão é tendencioso e repudiamos esse tipo de manipulação que impede a compreensão dos leitores em relação à questão agrária. Ao contrário, alimenta a criminalização dos movimentos sociais na imprensa, que não entende o significado de um ato simbólico e parece não admitir que os pobres do campo utilizem até serviços públicos, como os Correios.

Mais uma vez, exigimos que o Estadão, que presta um serviço público à sociedade brasileira, respeite a verdade factual e dispense um tratamento menos parcial e, no mínimo, mais neutro em relação às famílias do MST. (Coordenação Nacional do MST)

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A matéria em questão

O Estado de S. Paulo, 25/5/2006

Correios entram na lista de alvos do MST

Militantes protestaram nas agências de 7 cidades gaúchas; em Santana do Livramento, postos bancários também foram alvo

Sílvio Ferreira

Integrantes da Via Campesina, do Movimento dos Sem-Terra (MST) e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) promoveram ontem protestos em frente a agências dos Correios em seis municípios do interior do Rio Grande do Sul e na capital. Na cidade de Santana do Livramento, distante 500 quilôm etros de Porto Alegre, os manifestantes também se concentraram em frente às agências do Banrisul e do Banco do Brasil.

Nas sete agências dos Correios, os sem-terra postaram uma Carta Social endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, os manifestantes reivindicam mais investimentos para os pequenos produtores e assentados, renegociação das dívidas e garantia de preço mínimo e comercialização por parte do governo federal. Exigem também que seja realizada uma reforma agrária na Fazenda Guerra, localizada no município de Coqueiros do Sul, na região norte do Rio Grande do Sul.

De acordo com os integrantes do MST, a fazenda – que tem um registro de 7 mil hectares – ocupa cerca de 30% do município de Coqueiros do Sul sem apresentar índices aceitáveis de produção. Na visão do MST, a área seria suficiente para assentar aproximadamente 450 famílias. Os trabalhadores também entregaram nas agências do Banrisul uma carta endereçada ao governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), pedindo a liberação de recursos para as pequenas propriedades e para os assentamentos.

Desocupação

Em Curitiba, os cerca de 300 integrantes do MST que ocupavam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde terça-feira deixaram ontem, por volta das 15 horas, o estacionamento do prédio.

Segundo o coordenador José Damasceno, a pauta de reivindicações foi entregue e eles retornam para o interior do estado, onde ficam aguardando as negociações que estão sendo feitas em Brasília. Os sem-terra pedem o cumprimento do Plano Nacional de Reforma Agrária. Para o Paraná está previsto o assentamento de 2.292 famílias neste ano, mas até agora nada foi feito. O Incra alega que não pode agir sem aprovação e liberação de verbas orçamentárias. No estado são analisados 68 processos para a compra de áreas e outros 15 de desapropriação. Os sem-terra também pedem recursos para manter infra-estrutura nos assentamentos. (Colaborou Evandro Fadel)

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Assessoria de Imprensa do MST (www.mst.org.br)