Nelson Motta é um jornalista de sucesso: escreve com graça, sua pinta de eterno rapazinho encanta os anunciantes, até a voz inconfundível está sendo faturada para vender os serviços de um banco.
Apesar de tantos triunfos pisou na bola no seu artigo na prestigiosa Página Sete de O Globo, na sexta-feira (14/6) [ver “Fora do ar”].. Ao reclamar mais uma vez contra os baixos índices de audiência da TV Brasil – que, segundo ele, desperdiça os recursos do contribuinte –, esqueceu-se de que dois dias antes, nesta mesma rede, fora apresentada uma entrevista de 50 minutos com o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho (ver aqui).
Senso crítico
O jornalista e empresário é uma figura reservada, reflexiva, aparece pouco, prefere manifestar-se através dos veículos do seu grupo. Mas concordou em participar da série de depoimentos que comemoram os 15 anos do Observatório da Imprensa na TV porque seria uma oportunidade única para analisar a situação da imprensa no Brasil e no mundo. O que seria impossível em emissoras pautadas pelo ritmo do Ibope.
O dinheiro do contribuinte está sendo bem empregado quando se procura uma programação alternativa e responsável. Nem tudo no mundo televisivo são pontos e traços. O Observatório da Imprensa está em excelente companhia na TV Brasil: Sem Censura, De lá pra cá, Brasilianas, Estádio, Conexão Roberto Dávila, Samba na Gamboa, Estúdio Móvel, entre tantos outros, são programas a que Nelson Motta deveria assistir mais assiduamente antes de embarcar em simplificações que deslustram o seu senso crítico.