Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Na guerra do álcool, a imprensa risca o fósforo

Já disse aqui e volto a repetir – podem contar os dias na ‘folhinha’ – a crise do álcool tem data marcada para acabar. No mais tardar em maio próximo, talvez em meados de abril, começa a safra da cana-de-açúcar no Centro-Sul e aí o preço do álcool vai despencar, como ocorreu no ano passado.

É tudo uma questão de mercado, de oferta e demanda. O álcool subiu porque estamos na entressafra da cana-de-açúcar. A colheita do ano passado rendeu bem menos do que se esperava, 14,4 bilhões de litros. Além disso, o Brasil exportou mais álcool do que deveria, cerca de 2,4 bilhões de litros. Resultado: sobraram 13,4 bilhões de litros para o mercado interno, volume insuficiente para atender ao consumo, em plena ascensão devido ao sucesso dos carros flex-fuel.

Manchete e rodapé

Mas há vários mecanismos para se evitarem as altas e baixas desse mercado e, dessa forma, impedir ações intervencionistas do governo. Contratos de longo prazo com distribuidoras de combustíveis, mercado futuro e a formação de estoques estratégicos são medidas que podem garantir o abastecimento e evitar altas bruscas do preço do álcool.

Na cobertura da crise do álcool, a imprensa parece querer atiçar as diferenças entre os usineiros e o governo. Há pouco espaço para a análise, que fica geralmente no pé da página, como o artigo de Mauro Zafalon no caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo da quarta-feira (22 de fevereiro).

A decisão do governo em reduzir a mistura de álcool à gasolina ocupa as manchetes dos jornais e os altos de página, enquanto as conseqüências ambientais desta medida, como a piora da qualidade do ar das grandes cidades, não merecem mais do que 15 linhas.

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Editor do AgroPauta