A América Latina debate a sua integração, implementando ou revendo acordos comerciais, políticos ou culturais. A Televisão América Latina (TAL) surge com o propósito de trabalhar para a união de povos tão próximos e ainda tão distantes culturalmente. Entrevistado pelo e-Fórum o presidente da TAL, Gabriel Priolli, destacou a importância da integração cultural e informou que no primeiro trimestre deste ano o conteúdo do canal chegará ao público das TVs pagas.
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O que é a Televisão América Latina?
Gabriel Priolli – A TAL é uma organização não governamental (ONG) que vem fazendo acordos de cooperação com canais de televisão, produtores independentes e instituições culturais dos 20 países de origem ibérica e a Espanha. Atualmente existem 21 países associados e 122 parceiros.
Qual é a proposta da TAL e como ela funciona atualmente?
G.P. – A TAL é um canal público internacional em constituição que funcionará em moldes cooperativos. Na verdade, é um grande projeto de compartilhamento de conteúdos audiovisuais, partilhado por canais de televisão, produtores independentes e instituições culturais da América Latina. De acordo com o modelo proposto, estamos montando uma grade de programação coletiva.
Qual a finalidade do projeto?
G.P. – Constituímos uma ONG chamada Televisão América Latina, portanto, o nosso projeto não tem fins lucrativos, tem finalidade de difusão cultural, estímulo a integração regional da AL. A missão político-cultural do empreendimento é essa: fomentar a integração latino-americana através da integração audiovisual. Essa ONG foi reconhecida pelo governo brasileiro como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Esse status facilita o relacionamento com o governo e com o estado de um modo geral para a obtenção de recursos públicos e o próprio gerenciamento desses recursos.
Como funciona relação com os parceiros?
G.P. – Cada parceiro disponibiliza seus conteúdos para a TAL, sendo que o volume fica a critério deles. Um canal de televisão pode disponibilizar 500 horas de produção ou cinco horas, da mesma forma uma produtora independente ou uma instituição cultural. O material fica à disposição da TAL por um período largo, em média de cinco a dez anos. É importante destacar o fato de o material ser cedido, dessa forma não pagamos direitos de exibição; é cedido não apenas para a televisão e sim para toda a rede de associados. À medida que o associado cede, ele ganha o direito de utilizar o material de todos os outros associados, desde que não seja do seu próprio país. Isso garante que não faremos acordos nacionais existentes entre canais de TV, produtoras em andamento nos países.
Em que fase de desenvolvimento está o projeto?
G.P. – Ele está em implantação desde 2003 e nós gastamos estes quatro anos montando a rede de compartilhamento. Agora está sendo feito o processo de cópia dos materiais, com o objetivo de montar um banco audiovisual da AL. O projeto é financiado pelo Ministério da Cultura do Brasil e pretendemos construir um banco com três mil horas de audiovisual, basicamente documentários. Com esse arquivo teremos a programação inicial para a TAL, que durará, aproximadamente, cinco anos. O conteúdo selecionado até o momento circulava muito pouco ou estava arquivado.
Quais são os objetivos de longo prazo?
G.P. – A princípio pretendemos criar mercado para que a nossa produção tenha visibilidade, e a longo prazo objetivamos ocupar mercado nos EUA, Europa, Ásia, reconhecidos mundialmente pelo alto potencial no setor audiovisual. A TAL atende a um canal público internacional com a missão de difundir cultura latino-americana e fomentar a integração latino-americana em todos os níveis, sobretudo a integração cultural. Quer dar visibilidade ao produto latino-americano e também às culturas, facilitando a integração da região. Não há integração efetiva se não houver integração cultural. O público dos demais países latino-americanos é igual ao brasileiro: conhece mais os produtos norte-americanos e europeus do que o audiovisual latino-americano.
Na prática, a TAL é um sistema que gerencia e organiza os conteúdos audiovisuais produzidos nos países da América Latina?
G.P. – A TAL deve ser entendida de duas maneiras. Primeiro: ela é uma rede de compartilhamento de conteúdos, onde parceiros de todo o continente latino-americano se unem para trocar seus conteúdos e ao mesmo tempo para compartilhar esses conteúdos. Segundo: programamos conjuntamente um canal internacional de televisão que será distribuído via satélite, com cobertura em todas as Américas, Europa Ocidental e parte do norte da África. No futuro queremos usar uma rede maior de satélites e ter cobertura mundial com um canal de cultura latino-americana. Queremos difundir cultura latino-americana para o mundo.
Quais são os planos para 2007?
G.P. – A partir do primeiro semestre de 2007 nós teremos um canal que será distribuído. Na maior parte, será transmitido através de televisão fechada; em televisão a cabo ou via satélite, pois a distribuição por TV aberta está sujeita a uma série de contingências, entre elas a disponibilidade de canais.
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Da Redação FNDC