Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Nelson Jobim defende punição de vazadores

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 18 de setembro de 2008


 


GRAMPOLÂNDIA
Alan Gripp


Jobim agora diz não saber se maleta da Abin faz grampo


‘O ministro da Defesa, Nelson Jobim, recuou ontem da acusação feita por ele há duas semanas de que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) comprou equipamentos capazes de fazer grampos sem depender de operadoras telefônicas. Em depoimento à CPI dos Grampos, Jobim disse só ter recebido informações de que os aparelhos tinham essa capacidade, mas que não tem certeza disso.


Em 1º de setembro, em reunião do conselho político do governo, Jobim afirmou na presença do presidente Lula e de seis ministros que a Abin comprara equipamentos com poder de fazer escutas por meio de comissão do Exército em Washington (EUA). A acusação foi decisiva para o afastamento do diretor da Abin, Paulo Lacerda.


Dois dias depois, após a agência ter contestado, Jobim confirmou a acusação em declaração pública: ‘Na relação dos aparelhos adquiridos pela Abin, há alguns que têm essa característica de interceptação telefônica’, disse.


Ontem, baixou o tom: ‘Eu não tenho certeza sobre isso, porque isso dependia de uma investigação (…) Recebi notícias de que esses instrumentos viabilizariam escuta, não fiz nenhuma afirmação’.


Jobim decepcionou a CPI ao entregar o documento que, segundo ele, foi apresentado a Lula, e que provaria a compra das chamadas maletas de grampo. São cinco folhas extraídas da internet com a descrição dos equipamentos no site do fabricante. Questionado se possui o registro oficial da compra, disse: ‘Não tenho. Posso providenciar, mas não tenho’. Este era o documento aguardado pela comissão.


As suspeitas do ministro e da comissão recaem sobre o Stealth LPX Global Intelligence Surveillance System. A descrição do equipamento no prospecto da internet apresentado à CPI revela a capacidade de grampo, mas Jobim reconheceu que não tem certeza se foi este o modelo adquirido pela Abin: ‘Se esse que está com eles [Abin] pode ou não pode [grampear], eu não sei’.


Oficialmente, a Abin nega ter equipamento que faça grampo. Em conversas reservadas, autoridades da agência dizem ter adquirido um modelo simples do Stealth, que só faz varreduras. Em tese, ele pode ser adaptado para interceptação.


Jobim afirmou que, na reunião de coordenação política, defendeu o afastamento do diretor da Abin, mas negou que tenha feito isso com base nas informações de compra de maletas. ‘A decisão [do afastamento de Lacerda] não se deu por força dessa informação, e sim da notícia de que a Abin tinha participado da interceptação [no telefone do presidente do STF, Gilmar Mendes].’


O ministro negou que o Exército tenha comprado para si próprio maletas de escuta.’


 


 


Folha de S. Paulo


Ministro defende punição a quem vaza interceptações ilegais


‘Nelson Jobim citou como exemplo de responsáveis por vazar gravações veículos de imprensa e congressistas, o que causou bate-boca. ‘Os senhores [deputados] terão que prestar atenção também no vazador de informações’, disse. ‘Qualquer divulgação é bem-vinda, é um direito da opinião pública’, rebateu o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).’


 


 


Painel do leitor


Nunca mais


‘‘O ministro Nelson Jobim quer mudança na Lei de Imprensa para evitar que grampos telefônicos sejam divulgados na mídia (Folha Online de ontem).


Que fique bem claro que qualquer alteração na Lei de Imprensa significa uma afronta à Constituição e um retrocesso no processo democrático, visto que a nossa Carta Magna garante total liberdade de informação como também o segredo das fontes utilizadas pelos profissionais da imprensa na execução de suas reportagens.


Mordaça e tapa-olho nunca mais!’


MARA MONTEZUMA ASSAF (São Paulo, SP)’


 


 


Janio de Freitas


Fora de questão


‘O MELHOR que o ministro Nelson Jobim pôde oferecer à CPI das Escutas Telefônicas, a propósito dos seus motivos para induzir Lula a afastar os diretores da Abin, foi a dupla contradição de palavras, no depoimento, e de conduta no governo. A constante de suas respostas, aliás, foi a contradição, apesar da escassez de indagações mais apropriadas.


Sua indução ao afastamento do delegado Paulo Lacerda e demais dirigentes da PF, já na primeira reunião convocada por Lula sobre a escuta de Gilmar Mendes e Demóstenes Torres, foi explicada como um fato apenas objetivo: ‘A participação da Abin em investigação de que não poderia participar, porque se tratava de um crime comum. Era preciso investigar isso’.


Àquela altura, não havia dados sobre a participação de agentes da Abin em atividades da Operação Satiagraha, apenas a indicação, factual e jornalisticamente vaga, de que as informações sobre aquela gravação foram dadas a ‘Veja’ por ‘um agente da Abin’. A suspeita de participação da agência foi fortalecida, isso sim, pelo afastamento tão imediato, e sem explicação pública simultânea, do dirigente até ali tão prestigiado por seu desempenho na Polícia Federal.


À altura da precipitada reunião na Presidência, no entanto, já estavam sob questionamento várias atitudes do delegado Protógenes Queiroz na condução da Satiagraha e os transbordamentos nada policiais do seu relatório. Precedentes que, por si só, incluíam policiais federais no mesmo nível de suspeição dos agentes da Abin. Ou seja, no mínimo, de ação tão ilegal, embora diferente, quanto a de pessoas da Abin.


A ser o motivo, de fato, para afastamentos imediatos, a suspeição de atividades ilegais teria atingido as duas partes em mais evidência.


Além disso, na própria área de Nelson Jobim, o Ministério da Defesa, ao menos dois militares da ativa estão citados como mais comprometidos com participação ilegal na Satiagraha, e seus indícios de desdobramentos, do que qualquer outra pessoa de fora da PF. Ambos da FAB, são o major Paulo Ribeiro Branco Junior e o sargento Idalberto Matias de Araujo, cuja suspeição já os submete a sindicância em sua corporação. Nem por isso Nelson Jobim propôs e muito menos se propôs a afastar os superiores dos dois -o que não teria sentido mesmo, como não teve também para Luiz Fernando Corrêa, da PF, mas valeu para Paulo Lacerda, motivo de indignações no Supremo Tribunal Federal presidido por Jobim ao tempo daquelas operações tipo Daslu.


Pergunta inconveniente, resposta fácil: ‘Estou aqui para falar de fatos, não para dar opinião’. E, afastada a pergunta, longas digressões entrelaçando desde opinião e propostas para o relatório da CPI, até sugestões de leis e de novas regras de importação de equipamentos policiais, sem faltar nem sequer a inadequada presença da aviação comercial no Ministério da Defesa.


De tudo, sobrou tudo o que já havia, incluída a divergência entre o que diz Nelson Jobim e o que diz o general Jorge Felix, ministro da Segurança Institucional, a respeito de gravadores e maletas, estes subprodutos que desalojaram a questão principal.’


 


 


CARLITO MAIA
Plínio Fraga


De xiitas a chaatos


‘RIO DE JANEIRO – Eles, que são bancos, que se entendam, diria o publicitário Carlito Maia (1924-2002) se tivesse assistindo agora a Wall Street ruir. Carlito não viu muita coisa, entre elas, Lula lá, como desejava no slogan que criou em 1988. O publicitário petista morreu três meses antes de Lula ser eleito presidente.


Mas Carlito deixou escritas profecias sobre o que viria. ‘A esquerda, quando começa a contar dinheiro, vira direita’, escreveu sem nunca imaginar que o PT encarnaria a própria, entendendo-se muito bem com a banca financeira, alegre com os juros escalafobéticos.


Nem só de política viveu Carlito Maia, apesar de dela ter-se alimentado até o último instante. Ele criou, por exemplo, um mote cultural que parece hoje incompreensível: ‘É uma brasa, mora’, diziam os meninos da Jovem Guarda.


Seu bordão ‘Brasil: fraude explica’ continua válido, assim como aqueles dedicados à cidade que o adotou: ‘Amo São Paulo com todo ódio’ e ‘São Paulo separa os amigos e junta os inimigos’ -este que bem pode ser aplicado atualmente a Serra, Alckmin e Kassab.


Apesar da ausência de Carlito Maia, o PT ainda dá motivos para rir, como no comunicado divulgado nesta semana: ‘Para valorizar a tradição, estimular os autores e socializar a produção entre todo o partido, a Secretaria Nacional de Cultura do PT lançou o 1º Concurso Nacional de Músicas de Campanhas Eleições 2008’.


O partido ainda vive sob a ilusão do tema da campanha de 1989, ‘Sem Medo de Ser Feliz’, com a letra falando de gente sincera e em quem dava para confiar. Mas, com uma direção partidária que escreve ‘socializar a produção (de jingles) entre todo o partido’, fica a certeza de que aquele PT de Carlito, dividido ‘entre xiitas e chaatos’, acabou. Estes últimos venceram.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Desmoronamento e pânico


‘A cobertura já avança pela oratória, nos EUA. Na manchete on-line do ‘New York Times’, à noite, ‘desmoronamento global’ (global slump). No ‘Wall Street Journal’, ‘melancolia se aprofunda’ (gloom deepens). No ‘Financial Times’, o mais chocante, ‘pânico agarra’ (panic grips).


No noticiário, propriamente, o foco se voltou para o banco de investimento Morgan Stanley, ontem nas submanchetes de ‘NYT’ e ‘WSJ’, para o Washington Mutual, também no ‘WSJ’, e até para o Goldman Sachs, no ‘WSJ’ e no ‘FT’.


AS MENTES


Nas páginas iniciais de ‘NYT’ e ‘Washington Post’, os blogs eleitorais de ambos sublinhavam ontem pesquisas mostrando que a economia ‘domina as mentes dos eleitores’ e John McCain já enfrenta ‘deflação’.


USSRA


Do francês ‘Libération’ ao Vi o Mundo, de Luiz Azenha, espalha-se a sigla USSRA, em inglês, para União das Repúblicas Socialistas Soviéticas da América, usada por Nouriel Roubini para ironizar os EUA estatizantes.


PROCESSO ORDENADO


Inusitadamente, surgiu ontem à tarde na rádio Jovem Pan, ao vivo, o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, hoje no Unibanco. E saiu falando:


– A operação de ontem causou surpresa para muitos, mas não é uma estatização, como foi dito. Foi dada uma linha de crédito no valor de US$ 85 bilhões para permitir o processo ordenado de redução de alguns ativos da AIG, que tem US$ 1,06 trilhão. Portanto, ela tem condições de pagar esse empréstimo.


‘TROPAS, NEM PENSAR’


Lula deu entrevista à estatal TV Brasil, para transmissão às 22h, mas já era manchete na Agência Brasil à tarde: ‘Nem pensar em tropas, diz Lula sobre ajuda a Evo’, como ecoou pela manchete do Terra, entre outras. Depois a estatal mudou para ‘Lula confirma ajuda, mas sem envio de tropas’.


No site de ‘O Estado de S. Paulo’ e em outros, chamou mais a atenção que ‘Lula critica ‘interferência’ dos EUA nas Américas’. O ‘Jornal Nacional’ passou ao largo de Lula, das negociações e saiu bradando: ‘Crise política provoca fuga de milhares para o Brasil’.


NA FRONTEIRA


A entrevista repercutiu da home da Agência Boliviana ao topo das buscas do Google Noticias, em espanhol, com a Reuters ressaltando que ‘Brasil reforçará vigilância na fronteira, diz Lula’.


SEM PASSAGEM


Sobre as negociações, o site do oposicionista ‘La Razón’ trazia como manchete, início da noite, que os governadores não viajaram a Cochabamba, ontem, por falta de vôos das capitais estaduais.


GUERRA FRIA?


A agência de notícias RIA Novosti postou ontem uma longa análise de um membro da Academia Russa de Ciências, sob o enunciado ‘Rússia começa a empurrar a Ucrânia para fora do programa espacial do Brasil’


ALSTOM LÁ


Ontem na Folha, a Alstom afirmou que vai processar o ‘WSJ’ por sua série de reportagens sobre o suposto esquema de propina. Na mais recente, edição de sábado, alto da página 7, com foto, o jornal noticiou que os pagamentos prosseguiam até junho último


VIRAL


Foi postado ontem no YouTube e espalhado por e-mail, com rica produção musical, um vídeo de ataques pessoais a Marta, a duas semanas da votação’


 


 


LUTO
Folha de S. Paulo


Aos 75, morre o cronista Lourenço Diaféria


‘Morreu na noite de terça-feira e foi sepultado ontem, em São Paulo, o jornalista, cronista e escritor Lourenço Diaféria. Ele estava com 75 anos e era casado com Geiza Diaféria. Deixou cinco filhos e três netos.


Nascido em 1933, no bairro paulistano do Brás, Diaféria tinha 23 anos quando começou a trabalhar como redator da Folha, em 1956. Devido ao lirismo de seu texto, foi convidado a escrever crônicas, a partir de 1964, tendo como primeiro tema as ‘divagações sobre como comemorar o dia de são João num minúsculo apartamento’ paulistano.


Seus textos foram publicados pelo jornal até setembro de 1977. Sua última e controvertida crônica comparava o heroísmo de um bombeiro que morreu em Brasília ao salvar no zoológico uma criança e o duque de Caxias, patrono do Exército brasileiro, que ele ironicamente criticava, como forma de atingir o regime militar.


A crônica virou pretexto para um dos maiores incidentes na conturbada história da mídia durante o pós-1964.


A coluna saiu em branco na edição de 16 de setembro de 1977, em sinal de protesto pela prisão do cronista. No dia seguinte, o chefe da Casa Militar da Presidência, general Hugo Abreu, ameaçou fechar o jornal caso o espaço da crônica saísse novamente em branco. Diaféria ficou cinco dias detido.


O que estava na época em jogo era a tentativa de recuo no processo de redemocratização, por meio da candidatura presidencial do general Sílvio Frota.


Produção


Diaféria publicou na Folha 1.869 crônicas ou reportagens assinadas. Um de seus antológicos textos descrevia a reação da imprensa em japonês, em São Paulo, após o seqüestro em 1970, por grupos terroristas, do cônsul do Japão, Nobuo Ozuchi. Diaféria então notou que os japoneses escreviam ‘ao contrário’ (no sentido oposto ao dos ocidentais), a exemplo do regime brasileiro.


Diaféria foi a seguir cronista do ‘Jornal da Tarde’, do ‘Diário Popular’, do ‘Diário do Grande ABC’ e também trabalhou na TV Globo e nas rádios Excelsior, Gazeta, Record e Bandeirantes. Aluno de um colégio interno de padres camilianos, cursou a Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero,


Além de ‘Coração Corinthiano’ (1992), livro com a história do clube de futebol pelo qual foi sempre um assumido apaixonado, estão entre suas obras ‘Um Gato na Terra do Tamborim’ (1976), ‘Circo dos Cavalões’ (1978), ‘A Morte Sem Colete’(1983), ‘ Empinador de Estrela’(1984), ‘A Longa Busca da Comodidade’ (1988), ‘O Invisível Cavalo Voador – Falas Contemporâneas’ (1990), ‘Papéis Íntimos de Um Ex-boy Assumido’ (1994), ‘O Imitador de Gato’ (2000) e ‘Brás – Sotaques e Desmemórias’ (2002).


Acometido de câncer e com sua capacidade de trabalho reduzida, Lourenço Diaféria morreu de infarto às 22h de anteontem. Seu corpo foi velado no cemitério Gethsêmani, no Morumbi, onde foi sepultado ontem, às 16h.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Após Band, evangélicos assediam o SBT


‘Depois de arrendarem a madrugada da Band, os evangélicos estão partindo para cima do SBT _única rede que não tem programação religiosa.


A TV de Silvio Santos já recebeu pelo menos uma proposta de igreja. Partiu do missionário R.R. Soares, que paga R$ 4 milhões mensais por 60 minutos no horário nobre da Band. Como seu contrato com a Band vence no final do ano e a rede acaba de locar sua madrugada para o concorrente Silas Malafaia, Soares busca alternativas.


A negociação de Soares com o SBT, no entanto, não deve prosperar. Executivos da rede até aceitam conversar com evangélicos, mas Silvio Santos, por enquanto, resiste.


Já a Band se abriu de vez para o mercado da fé. No mês passado, vendeu 22 horas da grade da Rede 21, emissora do mesmo grupo, para a Igreja Mundial do Poder de Deus. O negócio deverá render à TV R$ 420 milhões nos próximos cinco anos.


Desde o último dia 1º, o Ministério Silas Malafaia (Assembléia de Deus) ocupa a grade da Band da 1h30 às 7h. Pagará cerca de R$ 7 milhões por mês _ou R$ 336 milhões em quatro anos (duração do contrato).


Com o negócio, a Band tem hoje 40 horas e 30 minutos de programação religiosa por semana, apenas três a menos do que a Record, que pertence à Igreja Universal. A campeã de aluguel de horário a igrejas é a Rede TV!. Tem 58 horas semanais de orações e exorcismos.


BONEQUINHA 1


Novo xodó de Silvio Santos, a menina Maísa, 6, acaba de renovar contrato com o SBT. O vínculo dela venceria no ano que vem, mas o dono da emissora, temendo ataque da concorrência, resolveu renová-lo antes. Enquanto isso, nem sinal de acordo com Hebe Camargo e Adriane Galisteu, cujos contratos estão vencendo.


BONEQUINHA 2


Maísa, que apresenta um programa aos sábados, ganhará R$ 20 mil mensais. A duração do contrato é ‘sigilo’.


FLOP


Com o ator Antonio Petrin, o ‘Nada Além da Verdade’, apresentado por Silvio Santos, marcou só 4,5 pontos no Ibope anteontem, seu pior resultado desde a estréia. Perdeu para a Rede TV! durante 20 minutos.


ONDA


Com belas imagens de surfe, ‘Três Irmãs’ estreou com tudo no Rio de Janeiro. Deu 42 pontos na segunda e 41 na terça, com a sintonia de 60% dos televisores ligados. As novelas das sete da Globo vinham marcando 35 pontos no Rio. Em São Paulo, a novela deu 33 pontos nos dois primeiros dias.


AQUECIMENTO 1


A Globo acertou com o autor Benedito Ruy Barbosa que ele só voltará a escrever novela inédita depois de supervisionar um remake de obra sua (provavelmente, ‘Paraíso’).


AQUECIMENTO 2


Há dois anos, Barbosa sofreu uma cirurgia na cabeça. Já está recuperado, mas a Globo acha melhor ele fazer um ‘aquecimento’ antes de mergulhar em uma obra nova.’


 


 


Cristina Fibe


‘Entourage’ encerra 4º ano em Cannes


‘Quando finalmente Vincent Chase acredita em um filme, ele tem tudo para dar errado. O personagem, interpretado por Adrian Grenier (‘O Diabo Veste Prada’), passou a quarta temporada de ‘Entourage’ levando a sério a experiência de protagonizar um filme ‘de autor’, torcendo para que o diretor fizesse as escolhas certas. No meio do caminho, ele e E., seu amigo-produtor, gastaram tudo o que tinham e o que não tinham, à espera dos bons resultados de ‘Meddellin’, longa ‘rodado’ na Colômbia (apesar de a equipe da série ter encenado tudo em estúdio, sem nunca ter pisado no país latino). No último episódio do quarto ano da série, intitulado ‘The Cannes Kids’ (os garotos de Cannes) e que é exibido hoje, o ‘entourage’ de Chase vai ao festival francês tentar vender a produção. Temendo seu fracasso, o tresloucado agente Ari Gold (Jeremy Piven) faz um leilão entre os exibidores antes mesmo da sua pré-estréia. Não é preciso ver o episódio até o final para entender por que Vincent Chase começa a quinta temporada, que foi exibida nos Estados Unidos no início deste mês, escondido no México, agora torcendo para que alguém o contrate.


ENTOURAGE


Quando: hoje, às 21h15; reprise no sábado, às 19h45


Onde: no HBO Plus


Classificação indicativa: não informada’


 


 


INTERNET
Folha de S. Paulo


Festival de videoarte on-line anuncia premiados


‘Sediado no YouTube, o festival HTTPVideo anunciou ontem seus vencedores. ‘Sob-controle’, de Silvia Guadagnini, levou o primeiro lugar (prêmio de R$ 5.000); ‘Disco’, de Lea van Steen, ficou em segundo (R$ 2.000) e ‘Quatro Roteiros para Perrier’, de Pedro de Souza, em terceiro (R$ 1.000). Os vídeos podem ser vistos no site br.youtube.com/premiosergiomotta’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 18 de setembro de 2008


 


ELEIÇÕES NOS EUA
Reuters


Obama arrecada US$ 10 milhões em Hollywood


‘O candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, participou na noite de terça-feira de um jantar com estrelas de Hollywood que arrecadou, segundo estimativas, US$ 10 milhões para sua campanha.


O evento aconteceu em uma luxuosa residência em Beverly Hills, na Califórnia, e contou com a presença dos atores Tobey Maguire, Leonardo DiCaprio, da atriz Jodie Foster e do diretor Steven Spielberg, entre outras celebridades. Cada um dos cerca de 300 convidados pagou US$ 28,5 mil pelo jantar. Em seguida, quem desembolsou outros US$ 2,5 mil pôde participar de uma festa de gala, que teve como ponto alto um show da cantora e atriz Barbra Streisand.’


 


 


EDITORA
O Estado de S. Paulo


Fracassa leilão do prédio da Bloch, no Rio


‘Durou poucos minutos o leilão do prédio da Bloch Editores, no Rio, ontem à tarde. Diante do lance inicial, de R$ 40 milhões, ninguém se apresentou para arrematar o edifício, projetado por Oscar Niemeyer. Em pregão no ano passado, lance de R$ 28 milhões não foi aceito, por estar muito aquém do valor de avaliação do imóvel.’


 


 


INTERNET
Fábio Mazzitelli


Web ajuda estudantes a encontrar desaparecidos


‘A professora de língua portuguesa Sandra Cristina Camargo, de 38 anos, agrupou adolescentes de três turmas dos anos finais do ensino fundamental da Escola Estadual Walter Ferreira, em Ribeirão Preto, interior paulista, em torno de um projeto para localizar pessoas tidas como desaparecidas. A iniciativa, além de aumentar radicalmente o interesse dos estudantes pelas aulas, aproximou a escola da comunidade e três pessoas já foram encontradas.


A proposta de localizar desaparecidos, ou quem tenha perdido contato com a família, veio dos estudantes. Em aula, Sandra comentou que um idoso, aluno da Educação de Jovens e Adultos (EJA), havia perguntado se era possível, pela internet, saber o paradeiro de um filho que deixou Ribeirão Preto e não fez contato. Não precisou dizer mais nada.


‘Uma aluna virou para mim e disse: ?a gente ajuda a achar essas pessoas?’, conta a professora, contratada para cobrir uma licença-maternidade. ‘No início, pensei que eles poderiam escrever uma carta. Começaram a usar a internet, o Orkut e tudo o que conheciam para localizar pessoas.’


Desde junho, quando começou o Solidariedade em Prática, os estudantes já ajudaram a localizar três pessoas: a primeira em Campinas; a segunda em Cuiabá e a terceira em Vila Velha. ‘Tentamos achar essas pessoas porque ficamos tristes. Todo mundo tem o seu ponto fraco’, diz Bruno Dallessandro, de 13 anos, estudante da 7ª série.


O projeto fez os alunos utilizarem a internet para criar blogs, pesquisar em sites de relacionamento e utilizar serviços de telefonia online. Foi também a ponte para a professora ensinar técnicas de redação. ‘Nas cartas, trabalhei a diferença entre narração, descrição e dissertação’, diz Sandra.


Pais e alunos procuraram a professora para falar de experiências pessoais. ‘Uma aluna cuja família perdeu contato com a avó há 34 anos escreveu para uma senhora que procurava o filho para dizer que ela não estava sozinha’, conta Sandra. Essa senhora, a faxineira Josefa da Silva, de 58 anos, recebeu outras 36 cartas.


Na semana passada, por telefone, ela voltou a falar com o filho caçula, de Vila Velha. O último contato havia sido em 2001. ‘Ele mudou de cidade e eu não tinha mais telefone para ligar’, diz a aluna da EJA. Segundo a polícia, essas pessoas localizadas são do grupo de ‘perda de contato’. Para considerar alguém desaparecido, a ocorrência tem de ser registrada como desaparecimento. ‘Eles podem tentar (ajudar a encontrar os desaparecidos), mas não podem assumir responsabilidades’, diz Sandra.’


 


 


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‘Pela foto ficou um homão bonito. Não iria conhecer meu filho jamais’


‘Um recado no site de relacionamentos Orkut, deixado após uma combinação de pesquisas na lista telefônica online e nas páginas da internet, foi a senha para que fosse possível localizar José Alaércio da Silva, caçula de seis filhos da faxineira Josefa Maria da Silva, de 58 anos.


Ele hoje tem 26 anos, segundo a mãe, que não o vê desde ‘os 14 ou 15 anos’, quando deixou o interior do Estado de Pernambuco com destino a São Paulo, em busca da realização de sonhos. ‘Graças a Deus, a ela (professora) e aos alunos, encontrei meu filho. Ele já está casado e com dois filhos’, comenta Josefa, que falou com ele pelo telefone na semana passada.


‘Pela foto, ficou um ?homão? bonitão, forte. Se não falassem, não sabia que era ele. Se passasse por mim na rua, não iria conhecer mais’, brinca a mãe.


Avó de 25 netos, contando os dois recém-descobertos de José Alaércio, Josefa quer agora conhecer a cidade do caçula. ‘Meu sonho é ir lá, mas agora ainda não posso’, diz.


Incentivado pelo contato feito pelos alunos da escola estadual de Ribeirão Preto, José Alaércio entrou no site de relacionamentos Orkut e agora recebe mensagens dos estudantes paulistas com freqüência. A mulher e a filha de José já estavam devidamente cadastradas na rede.


REENCONTRO


O Solidariedade em Prática já contabiliza três pessoas desaparecidas localizadas pelos alunos da Walter Ferreira. Mais do que isso, um reencontro familiar já foi consumado.


Ao saber de uma das histórias, um banco teria promovido a viagem de uma moradora de Ribeirão Preto para visitar os familiares no Estado de Mato Grosso. Maria dos Santos e Silva encontrou-se com a mãe, Matilde Siliria de Oliveira, e com os irmãos em Carlinda, após 36 anos de separação.


Como procurar desaparecidos: em caso de desaparecimento de pessoas, os familiares devem fazer um Boletim de Ocorrência (BO) no distrito policial mais próximo ou registrar um BO eletrônico, por intermédio da internet (www.ssp.sp.gov.br).


A polícia ainda mantém página na internet com fotos dos


desaparecidos: www.policiacivil.sp.gov.br/2008/desaparecidos.asp. Mais informações podem ser conseguidas pelos telefones (11) 3311-3544/45/47 ou pelo e-mail: pessoasdesaparecidas@ssp.sp.gov.br’


 


 


O Estado de S. Paulo


Proibido associar ídolo à pornografia


‘A Justiça argentina proibiu os sites de busca, como Google e Yahoo!, de relacionarem Diego Maradona às páginas de pornografia e prostituição na web. O nome do ex-jogador era utilizado como isca para atrair internautas a conteúdos impróprios, muitas vezes por meio de fotos do ídolo argentino.’


 


 


SAMBA
Roberta Pennafort


Legado de Jamelão quer cair na rede


‘Foram mais de 70 anos de carreira, devidamente documentados em discos, fitas, partituras, manuscritos, jornais, revistas, pôsteres e fotografias. Do fim da década de 20 até pouco antes de morrer, em junho deste ano, aos 95 anos, Jamelão guardou tudo que podia sobre sua trajetória na música brasileira – das noites nos dancings cariocas ao reconhecimento como a voz da Mangueira. Sua memorabilia está agora sob a guarda de Jamelão Neto, que segue a carreira do avô e pretende recuperar este acervo para, um dia, divulgá-lo.


O que o rapaz de 28 anos, pinta de modelo (tem 1,90 m) e registro vocal que tende ao do avô quer é que ele permaneça vivo não só como o intérprete da escola de samba (defendeu o verde e o rosa na avenida por quase seis décadas), de gênio forte e fama de mal-humorado. Mas também o vozeirão dos samba-canções de Lupicínio Rodrigues, além de compositor de lindos sambas (Esta Melodia, com Bubu da Portela, em alta recentemente com o filme Mistério do Samba, do qual é destaque; Eu Agora Sou Feliz; Fechei a Porta, Cântico à Natureza), que trabalhou até os 93 anos.


Com esse objetivo, chamou uma empresa especializada em desenvolver projetos culturais, a Museo. Quer recuperar o material do avô, deteriorado com a ação do tempo, organizá-lo e, futuramente, digitalizá-lo e exibi-lo. Antes de tudo, será preciso recuperá-lo. Por isso, ele vai pleitear a inclusão do projeto, ainda a ser formatado, na Lei Rouanet, para, então, inscrevê-lo em diferentes editais de empresas que patrocinam cultura (Petrobrás, BNDES, Eletrobrás, Furnas, Votorantim.) Quem sabe, ainda este ano.


O trabalho não tem sido fácil. Na última Páscoa, com o sambista ainda vivo, um problema hidráulico destruiu parte do acervo, que estava em seu apartamento. ‘Abri a porta e tinha uma cachoeira sobre uma estante. Fiquei desesperado’, Jamelão Neto relembra. Restam oito estantes cheias até a última prateleira e uma dúzia de caixas repletas de recordações, distribuídas em duas salinhas no mesmo prédio de Vila Isabel onde ele morava havia 50 anos (Jamelão nunca viveu na Mangueira).


‘Isso tem que sair de lá urgentemente. A parte em papel é a mais crítica, porque tem muita coisa molhada, em estágio avançado de deterioração’, considera Daniela Camargo, da Museo. Munidos de óculos especiais, luva, avental e máscara, quatro funcionários, três museólogos e um arquivista, manuseiam o material semanalmente, desde o fim de julho. A primeira etapa, de separação, quantificação e catalogação, deve ficar pronta em dois meses.


Já a recuperação propriamente dita levaria cerca de dois anos, ela estima, isso se todos os recursos necessários fossem levantados, naturalmente. ‘As fitas têm que ser transcritas logo, pois estão cheias de fungos. Os papéis molhados precisam ser separados e ventilados. Até agora, não nos preocupamos muito com o conteúdo. O que temos ali é uma belíssima caixa-preta’, diz Daniela.


Jamelão Neto está à frente de tudo. Ele é filho de Joceli, filha única de José Bispo Clementino dos Santos – o apelido Jamelão, a frutinha de cor escura, é do início da carreira. A irmã, Manoela, não se ocupa muito do legado do avô. Recentemente, foi contactado por um escritor que faz uma biografia da Orquestra Tabajara (da qual foi crooner). ‘O cara ficou impressionado com o que viu aqui. Quando meu avô era vivo, ele não deixava ninguém mexer. Só ele sabia o que tinha’, conta, ainda abalado com a perda daquele a quem sempre considerou um pai.


‘Tô sozinho nessa. Antes de meu avô morrer, eu já sabia que tinha que fazer alguma coisa. Mas quando aconteceu, fiquei meio sem foco. Agora estou abdicando do meu lado musical para me dedicar a isso.’ Como cantor, Jamelão Neto se apresenta com a Velha Guarda da Mangueira – em 2006, no Desfile das Campeãs do carnaval, chegou a dividir os microfones com o avô (que morreu como presidente de honra da escola). Ele tem vontade de gravar um CD com algumas criações de Jamelão, entre elas, inéditas (falta uma gravadora). Enquanto isso, prepara-se com aulas de canto e violão.’


 


 


LUTO
Ubiratan Brasil


Morre Lourenço Diaféria, o cronista de São Paulo


‘As crônicas de Lourenço Diaféria reuniam a rara combinação de terem um estilo ao mesmo tempo ameno e contundente. Com alta dose de lirismo e emotividade, ele retratava figuras anônimas de São Paulo, compondo um painel humano pouco conhecido da cidade. Autor de crônicas publicadas no Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo, além de outros órgãos de imprensa, Diaféria morreu na madrugada de ontem, em sua casa, aos 75 anos, em decorrência de problemas cardíacos. O sepultamento estava previsto para a tarde de ontem, no cemitério Getsêmani, no Morumbi.


Apesar dos problemas de saúde, Diaféria continuava em atividade. No início do ano, uma seleção de suas crônicas foi lançada pela editora Boitempo, Mesmo a Noite Sem Luar Tem Lua, um retrato do mundo político e do cotidiano paulistano dos anos 1970. Textos em que Diaféria tratou tanto de problemas prosaicos (uma cobradora de ônibus ajudar uma mãe a trocar a roupa de seu bebê) como revelou sua insatisfação com as injustiças (escreveu uma carta a um general avisando que algo cheirava mal nos porões da ditadura militar).


Entre as crônicas do livro, aliás, uma ganhou destaque, intitulada ‘Herói. Morto. Nós.’ Publicado em agosto de 1977 na Folha de S.Paulo, o texto elogiava a bravura de um sargento, Sílvio Hollenbach, que se sacrificou ao salvar uma criança, no zoológico de Brasília – ao perceber que o menino caíra em um poço repleto de ariranhas enfurecidas, o militar conseguiu resgatá-lo mas não sobreviveu às mordidas dos animais.


‘No instante em que o sargento – apesar do grito de perigo e de alerta de sua mulher – salta no fosso das simpáticas ariranhas, para salvar da morte o garoto que não era seu, ele está ensinando a este país, de heróis estáticos e fundidos em metal, que todos somos responsáveis pelos espinhos que machucam o couro de todos’, escreveu Diaféria, provocando, no entanto, a irritação do ministério da Justiça.


O motivo era o trecho ‘heróis estáticos e fundidos em metal’, entendido como uma ofensa a Duque de Caxias, patrono do Exército. Enquadrado na Lei de Segurança Nacional, Diaféria foi processado e condenado a oito meses de prisão. A detenção em sua casa em setembro surpreendeu até seus colegas de redação, a ponto de, no dia seguinte, o espaço onde normalmente era publicada sua coluna na Folha sair em branco. Diaféria só foi inocentado em 1979.


‘Crônicas como essa são testemunhas do nosso tempo, e o leitor sente-se mais próximo do homem, dos outros homens, enriquecido em sua consciência e emoção’, escreveu Roniwalter Jatobá, responsável pela seleção de textos de Mesmo a Noite Sem Luar Tem Lua.


Cronista desde 1964, ele estreou no jornal Folha da Manhã, hoje Folha de S.Paulo. Diaféria encarava sua tarefa diária de cronista com bom humor. ‘Acho que jornal é como um circo’, escreveu ele, no JT. ‘No jornal, a crônica é o intervalo do grande espetáculo. Não resolve nada. Crônica só serve para dar um tempo de o sujeito ir lá fora, comprar amendoim, tomar café, espreguiçar-se. Talvez até seja uma inutilidade. Mas estamos aqui.’ Nesse contexto, ele se comparava aos anões que distraem o público enquanto se monta a jaula dos leões, a próxima atração.


Contra a duração efêmera das crônicas, Diaféria produzia textos carregados de informação, espírito crítico, humanismo e emotividade, tornando-as perenes. Nascido na capital paulista no dia 28 de agosto de 1933, ele escreveu ainda para o Diário Popular (hoje Diário de S.Paulo) e Diário do Grande ABC, além das rádios Excelsior, Gazeta, Record, Bandeirantes e TV Globo.


Sua vasta obra de cronista espalhou-se também por diversos livros, como O Imitador de Gato, Brás – Sotaques e Desmemórias, O Empinador de Estrela, A Morte Sem Colete, entre outros. Para ele, São Paulo era a fonte principal, ‘a cidade e sua gente, pessoas que vivem nesse cimento, enfrentando filas de ônibus, filas para o estádio, aqueles que eventualmente tomam um táxi, além dessa periferia desconhecida’.’


 


 


MORDAÇA
O Estado de S. Paulo


Estadão e JT na ditadura


‘A mostra 1968, Mordaça no Estadão, documentando a censura da ditadura às páginas de O Estado de S.Paulo e Jornal da Tarde, fica aberta ao público até amanhã. Nos painéis, o público confere as versões originais com as anotações dos censores ao lado das que foram publicadas, além de assistir ao documentário sobre o tema. A mostra está na Faculdade de Direito da USP (Largo São Francisco, 95, tel. 3111-4000), das 7 às 23 h.’


 


 


TELEVISÃO
Luiz Carlos Merten


Festa do curta é hoje


‘Muitos espectadores reclamam que o Canal Brasil, cada vez mais, é um canal de programas de entrevistas e não a cinemateca do cinema brasileiro, como era em suas origens. Mas o canal tem se dado bem com a mudança e hoje faz festa em São Paulo (na Sala Cinemateca) para comemorar seu 10º aniversário.


Embora respondam por apenas 30% da grade, os programas de conteúdos, como são chamados, viraram os carros-chefes da emissora – Zumbido, Som do Vinil, Sem Frescura, Espelho, O Estranho Mundo de Zé do Caixão. Entre os filmes, os recordistas de público são Corpo e Alma de Mulher, de Davi Cardoso, e Ó Paí Ó, de Monique Gardenberg. O gerente de Marketing e Projetos, André Saddy, cita números – normalmente, entre 100 canais pesquisados da TV paga, o Canal Brasil fica em 35º lugar. Neste mês de aniversário, com sinal aberto, sem necessidade de ser assinante, o número de telespectadores aumentou muito (e o canal está entre os 20 mais).


Por tudo isso, o Canal Brasil faz festa e atribui, pelo terceiro ano, o Grande Prêmio do curta. Em todos os festivais brasileiros, os críticos escolhem os melhores curtas de cada edição. Hoje à noite, é a cúpula do canal que premia o melhor.’


 


 


O Estado de S. Paulo


MPF condena ‘ao vivo’ de mentira


A exibição de uma reportagem antiga no Brasil Urgente, mas com o selo de ‘ao vivo’ causou problemas à Band. O Ministério Público analisou imagens e pediu informações à emissora sobre a reportagem de um assalto exibida no programa do dia 14 janeiro. Detalhe: o assalto tinha acontecido cerca de 5 meses antes. A Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão abriu procedimento contra a emissora após receber cópia de reportagem do Estado sobre o caso. Procurada, a Assessoria de Imprensa da Band não retornou até o fechamento da coluna.’


 


 


FOTOGRAFIA
Roberta Pennafort


Preciosidades inéditas do século 19


‘De 1864 a 1889, sempre que seu pai, d. Pedro II, se encontrava no exterior, a princesa Isabel exercia a regência do Brasil. Nesses períodos, foram muitas as viagens que ela e seu marido, o conde D?Eu, fizeram pelo País. Quando chegava às localidades, era recepcionada com pompa, naturalmente, e, muitas vezes, fotografada. Durante toda a vida, sua imagem também foi registrada em momentos íntimos, com a família; mais tarde, em solenidades oficiais.


Mil e quinhentas dessas fotos foram guardadas por seus filhos e netos e encontradas, ao acaso, em 2006, pelo casal Bia e Pedro Corrêa do Lago, organizadores de livros dedicados à fotografia oitocentista feita no Brasil. As imagens estavam num baú de ferro na casa de uma descendente direta da princesa, na Europa. A princípio, eles pensaram tratar-se apenas de retratos dos parentes da própria dona da casa. Aos poucos, foram abrindo envelopes que guardavam tesouros cuja existência desconheciam.


Coleção Princesa Isabel – Fotografia do Século XIX, livrão que reúne 1.200 dessas imagens e está chegando às livrarias, é muito mais do que um álbum de família, é anunciado pelos autores como ‘o acervo mais significativo da fotografia brasileira do século 19 encontrado nos últimos 100 anos’.


Há fotos dos mais aclamados profissionais da época, como Marc Ferrez, Augusto Malta, Augusto Stahl e Revert Henry Klumb, e de nomes estranhos aos próprios especialistas, mas que fizeram registros impressionantes ainda hoje – como Ruy Santos, autor da foto da capa, uma congada em Minas Gerais, em 1876, e Luiz Stigaard, representado por seis fotos de pequenos povoados do Sul do País, batizados, então, de D. Isabel e Conde D?Eu.


Somado ao acervo doado por d. Pedro II à Biblioteca Nacional, composto por 2.500 fotos, forma o conjunto documental que melhor representa aqueles movimentados anos. Traz, por exemplo, uma reportagem fotográfica com 13 imagens de Antônio Luiz Ferreira feitas no dia da Abolição da Escravatura – a tribuna do Senado, apinhada de gente, em que foi votada a Lei Áurea; a aglomeração de gente à porta dos jornais abolicionistas O Paiz e Gazeta de Notícias, e do Paço Imperial; o desfile comemorativo para celebrar a assinatura do decreto pela princesa. Apenas quatro delas eram conhecidas.


‘São as primeiras grandes imagens do fotojornalismo brasileiro’, diz Pedro Corrêa do Lago. ‘Essa coleção era ignorada. Se você me perguntasse, anos atrás, se ela existia, eu diria que não, porque se existisse já teria sido descoberta. Não sabíamos que vários desses eventos haviam sido documentados em fotografia.’


A qualidade do que se vê nas mais de 400 páginas da publicação é bem superior à dos registros revelados anteriormente. ‘O Brasil é o pior lugar para se guardar foto. Na Europa, fica tudo melhor. Além do mais, elas ficaram fechadas num baú, não foram expostas à luz nem manuseadas por mais de 100 anos’, explica Bia. O livro é patrocinado pela Light.


O casal teve autorização para digitalizar e divulgar a coleção desde que não revelasse a identidade de sua proprietária. A última neta da princesa Isabel viva é d. Thereza Maria de Orleans e Bragança, de 89 anos, que assina o texto de apresentação. Bia e Pedro já conheciam parte das imagens, mas em cópias de qualidade inferior. Ela lembra do entusiasmo que viveu à época da descoberta. ‘Quando aparece uma única foto do Stahl, é um escândalo entre os pesquisadores. Imagina essa coleção inteira! É um terremoto. A gente abria os envelopes, via e não acreditava.’’


 


 


 


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