Em outubro de 2002, quando Jorge Cunha Lima dirigia a TV Cultura (na qualidade de presidente da Fundação Padre Anchieta), o programa Observatório da Imprensa foi transferido das 22h30 para a 24h. Sumariamente, sem qualquer aviso ou justificativa, com a mesma arrogância e/ou displicência de uma empresa privada classe B.
Em 2003, por pressão de emissoras da rede Abepec (Associação Brasileiras das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais), o programa retornou ao horário no qual era exibido desde a sua estréia, em maio de 1998.
Em julho de 2005, agora sob a presidência de Marcos Mendonça, a TV Cultura cedeu à nova comichão marqueteira e transferiu o Observatório para as 23h.
Como a audiência não baixou – ao contrário até subiu, por força da temporada de escândalos – a direção da TV Cultura agora aproveita a mudança na grade de programação para ‘chutar’ o Observatório para as 23h30, a partir de terça-feira, 6/6/06.
Desta vez houve justificativas: nada contra o conteúdo, mas sim no tocante ao visual. E como o programa é uma produção da TVE e a Cultura não tem como propor mudanças num programa alheio, resolveu ignorar os telespectadores e o seu compromisso com os paradigmas de uma emissora pública. Esqueceu que o projeto do Observatório da Imprensa é único na América Latina e não tem similares, mesmo na Europa e Estados Unidos.
Esqueceu que a própria Rádio Cultura FM (da mesma Fundação Padre Anchieta) lançou há um ano a versão radiofônica do Observatório da Imprensa baseada nos mesmos paradigmas da edição televisiva e deste site, sem nenhum dos truques formais do rádio comercial.
Este Observador não acredita que a punição imposta pela TV Cultura ao Observatório da Imprensa decorra de uma disputa política entre uma emissora ligada ao governo federal (TVE) e outra financiada pelo governo estadual (Cultura). Como este Observatório não está na esfera de nenhuma delas e, ao contrário, procura estabelecer uma ponte entre emissoras que deveriam ser parceiras, há razões para acreditar que na TV Pública brasileira não há lugar para uma produção verdadeiramente independente, a serviço da sociedade civil e acima dos interesses paroquiais.