Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O atentado da Rua Santa Clara

O crime contra o blogueiro Ricardo Gama é dos mais graves. Editor de um site crítico ao governo estadual e à prefeitura do Rio de Janeiro, Gama foi alvejado por três tiros na quarta-feira (23), na Rua Santa Clara, em Copacabana, no Rio, onde os índices de criminalidade se assemelham aos dos países nórdicos. Ou seja, raríssimos.


O que importa nesse caso não é o conteúdo do referido blog, e nem se Gama é filiado ou não a este ou àquele partido político. A questão é que temos que defender o direito de expressão, mesmo que não concordemos com seu conteúdo. Como disse Voltaire: ‘Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo’.


O RJTV deu boa matéria na quinta-feira (24/3), enquanto O Globo manteve a cobertura na quinta e na sexta (25). Tímida, porém. No jornal não houve chamada na primeira página e o RJTV não conseguiu emplacar a notícia no Jornal Nacional. Se o atentado fosse contra um repórter da mídia grande, seguramente haveria mais destaque.


Direitos humanos


Para além da velha mídia, cabe aos blogueiros, twitteiros, facebookeiros e tudo o mais manter esse assunto em pauta, até que as circunstâncias sejam esclarecidas. E cabe às autoridades, em todos os níveis, cobrar uma solução breve para o caso.


Até agora, a principal linha de investigação policial considera a atuação política de Ricardo Gama em seu blog. Num momento em que cresce a importância de sites e blogs na vida política brasileira, torna-se fundamental a defesa dos jornalistas que trabalham com esses meios.


O caso Ricardo Gama é exemplar. Se a polícia do Rio não cumprir a sua função e os criminosos não forem identificados, é natural que o medo se espalhe, sobretudo entre os blogueiros progressistas, que no Brasil ainda não contam com uma estrutura que possa lhes dar o mínimo de segurança.


A liberdade de imprensa está em jogo, é preciso afirmar. Assim como a liberdade de expressão, fundamento básico da democracia e dos direitos humanos. É nesse nível que o atentado da Rua Santa Clara precisa ser tratado.